Incentivadora da união latino-americana nas artes e da aproximação artística do Brasil com nossos países vizinhos, a atriz Paula Cohen tomou para si a missão de aproximar o Brasil do Uruguai, terra de seus antepassados. Ela faz isso no Ciclo Narrativas Uruguaias, idealizado por ela ao lado de Jiddu Pinheiro e Yael Steiner.
A programação começa nesta sexta (18) com apresentação de sua peça “Las Orientales”, às 21h, com entrada gratuita e apoio do Consulado Uruguaio em São Paulo no Centro Cultural B_arco (rua Dr. Virgílio de Carvalho Pinto, 426, Pinheiros, SP). A obra ainda tem em cena a argentina Natalia Mallo e iluminação da brasileira Ana Kutner. Além da peça inspirada nas mulheres da poesia uruguaia, o evento ainda tem cinema uruguaio e cursos.
“Acredito que o teatro, assim como o cinema e a literatura, encontram nos nossos vizinhos latino-americanos uma identificação relacionada com as bases de formação, de fundação desses povos, uma estrutura política e econômica similar, instável, ligada a certos tipos de abusos que nós facilmente identificamos”, diz Paula Cohen em conversa exclusiva com a Coluna Miguel Arcanjo.
Ela prossegue seu pensamento: “Somos países que tiveram uma ditadura forte e passamos por elas separados, mas nas mesmas épocas. Assim sendo, temos um código comum de vivências que nos aproxima mais do que olhar para Estados Unidos ou para Europa”.
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Paula conta que, em suas pesquisas, descobriu que foi no exílio de suas respectivas ditaduras que houve o maior encontro e troca entre artistas mulheres latinas.
“Elas escreveram uma revista que se chamava “Nosotras” em Paris, onde se encontraram”, revela. “Parece que foi a primeira revista ‘feminista’ que chegou ao Brasil”.
A atriz enxerga outras semelhanças entre os povos vizinhos que vão além da história em comum. “Somos latinos, passionais, respondemos emocionalmente de maneira intensa, apaixonada, existe algo de juventude nisso também”, avalia. “Temos muito que trocar e observar, por que às vezes o que queremos dizer e a forma que o fazemos é parecida”, complementa.
Precisamos ouvir espanhol
A atriz lembra que é preciso “deixar de criar a barreira do idioma” e “incorporar o espanhol com maior naturalidade”, lembrando que do lado de lá é comum uruguaios consumirem música brasileira e absorverem o português.
Pensando nessa integração idiomática, em “Las Orientales” optou por falar espanhol também: “É lindo, não é tão complexo para entender e precisamos acostumar nosso ouvidos, nos familiarizar”.
Paula termina o papo convidando todos a participarem das ações de seu projeto e a pensarem a maior união em todas as áreas do Brasil com seus vizinhos latino-americanos, muitos deles já trocando com o Brasil nesta cidade cosmopolita chamada São Paulo.
“Temos que fomentar estas trocas artísticas e fortalecer os laços, em todos os âmbitos, criando juntos, facilitando meios de coprodução e também consumindo a arte do outro, tenho certeza que enriqueceremos os nossos repertórios criativos, alçaremos novos voos, enfim temos muito a ganhar com esse intercâmbio, muito mesmo!”
Veja a programação do Ciclo Narrativas Uruguaias