Desaparecido na ditadura uruguaia inspira peça 1975, com Angela Figueiredo
O desaparecimento causa dores profundas. E é justamente entender esses sentimentos a atual missão da atriz Angela Figueiredo. Ela está na reta final dos ensaios do monólogo “1975”, que estreia em São Paulo em 12 de novembro no Instituto Cultural Capobianco. O texto é da uruguaia Sara Massera, que também dirige a peça ao lado de Angela, em uma parceria Brasil-Uruguai.
Na montagem, Angela dá vida a Teresa, irmã de um desaparecido político durante a ditadura militar uruguaia. A dramaturgia ainda faz ponte com a Argentina, ao incorporar a luta das Abuelas de la Plaza de Mayo. A final, a história costuma unir para o bem ou para o mal os países latino-americanos.
Inclusive, foi o projeto Teatro de la Identidad, organizado pelas Abuelas argentinas, quem deu origem ao texto, escrito em uma convocatória que celebrou uma década da ação que busca rememorar, por meio da arte, o horror que se passou na cruel ditadura argentina.
Em conversa com a Coluna Miguel Arcanjo, Angela afirma a pertinência de encenar uma peça com tal temática nos dias de hoje.
“Estamos vivendo um momento de atenção no Brasil e no mundo. Esse texto traz reflexões importantes. Resolvi montá-lo no final do ano passado por algumas razões : a forma que a autora escreve, os temas abordados com as perdas que a vida nos impõe, a passagem do tempo e a questão do desaparecimento”, afirma.
A atriz ainda revela que o titã Branco Mello — com quem é casada — cuida da trilha original da peça.
“Sempre estou feliz com o Branco por perto. Trabalhamos juntos há muitos anos de várias formas diferentes em diversos projetos. No caso de ‘1975’, o Branco está iniciando o trabalho na trilha sonora da peça. Em nossa última passagem por Montevidéu, quando fui ensaiar com a Sandra, ela nos mostrou a trilha sonora criada por ela para a montagem que dirigiu lá. O Branco achou interessante e está trabalhando uma adaptação para a nossa montagem, estou gostando dos caminhos apontados”, adianta.
Antes de aportar em São Paulo, a peça teve versão uruguaia em 2015, quando ganhou o Prêmio Florêncio de Melhor Texto de Autor Nacional em Montevidéu, fez turnê na França em 2017 e versão portenha em 2018.
A versão brasileira, com realização da Casa 5 produções, ainda tem assistência de direção de Fernando Fecchio, produção executiva de Cristiane Zonzini, cenografia e figurinos de Kleber Montanheiro e iluminação de Amarílis Irani, além de programação visual de Vicka Suarez.
1975
Instituto Cultural Capobianco (rua Álvaro de Carvalho, 97, centro, SP, tel. 11 3237-1187). R$ 60 e R$ 30. Terça e quarta, 20h. De 12/11 até 18/12/2019. 60 min. 12 anos.
Siga @miguel.arcanjo