Atriz trans Márcia Dailyn faz história ao ser indicada a prêmio de teatro
Márcia Dailyn acaba de fazer um feito inédito e histórico. Ela é a primeira atriz transexual travesti a ser indicada a um grande prêmio de teatro em São Paulo. Por sua interpretação arrebatadora da diva trans cubana Phedra D. Córdoba, na peça Entrevista com Phedra, ela foi indicada a Melhor Atriz de 2019 pelo Prêmio Aplauso Brasil, criado pelo crítico Michel Fernandes.
O trabalho de Márcia no espetáculo, no qual atuou ao lado de Raphael Garcia — que deu vida ao jornalista Miguel Arcanjo —, emocionou as pessoas que conheceram a diva cubana de perto. “Ela me colocou, em cena, diante da Phedra. Parabéns, Márcia”, resume o diretor Robson Catalunha, que comandou ao lado de Juan Manuel Tellategui a peça escrita por Miguel Arcanjo Prado.
“Estou tremendo, não consegui ainda absorver tudo isso. O sonho da Phedra D. Córdoba era receber o Prêmio Aplauso Brasil, que ela adorava. Só de ser indicada, eu dedico a ela. Essa indicação é dela”, declarou, muito emocionada, Márcia Dailyn.
“Ela que sonhava com tudo isso e hoje podemos realizar o sonho dela. Fiz com tudo meu amor e dedicação Ela um dia me pediu que o nome dela não fosse esquecido. E Phedra D. Córdoba jamais será esquecida. Essa indicação é a prova disso”, disse Márcia.
Vote em Márcia Dailyn no Prêmio Aplauso Brasil
Entrevista com Phedra estreou em 8 de julho e ficou em cartaz três meses no Espaço dos Satyros Um, na praça Roosevelt, encerrando sua temporada no Theatro Municipal de São Paulo, com mais de 20 apresentações com ingressos esgotados em todas as sessões.
O espetáculo foi aplaudido por nomes como Ivam Cabral, Rodolfo García Vázquez, Aguinaldo Silva, Regina Volpato, Celso Zucatelli, Cléo De Páris, Maria Casadevall, Silvetty Montilla, Grace Gianoukas, Larissa Luz, Sidney Santiago e outras tantas personalidades das artes.
Márcia Dailyn, que já foi pioneira ao ser a primeira bailarina trans do Theatro Municipal de São Paulo, é mais uma atriz trans que consegue romper a barreira do preconceito na classe artística. Isso acontece em meio a um movimento social e cultural que busca legitimação e e representatividade trans para profissionais trans no meio artístico, ainda repleto de preconceito.
Neste ano, além de atuar em Entrevista com Phedra, ela ainda esteve no Festival de Teatro de Curitiba com a Cia. de Teatro Os Satyros, da qual faz parte e é Diva da Praça Roosevelt, com a peça Mississipi. Em São Paulo, a obra foi apresentada no Teatro Anchieta do Sesc Consolação e no Theatro Municipal de São Paulo, dois palcos tradicionais da cidade.
No fim deste ano, Márcia voltou já consagrada ao Municipal para participar como convidada especial do diretor artístico do Municipal, Hugo Possolo, do grande espetáculo “São Paulo, Meu Amor – Noite de Gala do Circo”, no qual interpretou a diva em duas sessões que lotaram o nobre espaço cultural.
Outras trans pioneiras em premiações artísticas
Em 2018, a atriz e cineasta Julia Katharine foi a primeira mulher trans a vencer um prêmio de cinema, sendo laureada na Mostra de Cinema de Tiradentes. No mesmo ano, a atriz trans chilena Daniela Vega foi a primeira mulher trans a apresentar o Oscar, que fez vencedor na categoria Melhor Filme Estrangeiro o filme que ela protagonizou, Uma Mulher Fantástica.
Nesta semana, no Domingão do Faustão, a Globo fez concorrer pela primeira vez pessoas trans em seu Troféu Melhores do Ano, Nany People e Glamour Garcia, sendo que esta última ganhou como Revelação.
Ainda nesta semana, em São Paulo, o Prêmio Arcanjo de Cultura premiou em uma festa repleta de diversidade e representatividade no Theatro Municipal de São Paulo, três mulheres transexuais: Linn da Quebrada, em Cinema, e Nany People e Glamour Garcia, em Streaming e TV, sendo que as atrizes trans Márcia Dailyn e Ingrid Soares ainda estiveram no palco entregando os troféus.
Antigas premiações teatrais em São Paulo, o Prêmio APCA e o Prêmio Shell nunca premiaram atores transexuais.
Vote em Márcia Dailyn no Prêmio Aplauso Brasil de Teatro
Veja, a seguir, mais imagens de Márcia Dailyn em Entrevista com Phedra: