Pai e filha, os atores Antonio Pintaga, 80, e Camila Pitanga, 42, foram os grande homenageados com o Troféu Barroco na 23ª Mostra de Cinema de Tiradentes.
Com 113 filmes em mais de 40 sessões gratuitas, o evento realizado pela Universo Produção e sob direção de Raquel Hallak, abre o ano cinematográfico nacional na charmosa cidade histórica mineira, entre 24 de janeiro e 1º de fevereiro.
Aplaudidos de pé, os artistas agradeceram a homenagem. Camila preferiu discursar de improviso: “Escrevi um texto, mas deixa o coração dizer, esse coração transbordando de alegria”, disse.
E lembrou que os tempos andam turvos para a cultura. “O mundo não está bonito, ele está escuro, mas cada um de nós é a luz e temos a urgência de olhar para a frente, de resistir como vem resistindo a ancestralidade preta há tantos séculos”, afirmou.
Antonio Pitanga também definiu como “tempos difíceis” o Brasil atual e disse estar feliz com a celebração de sua carreira ao lado da filha no tradicional festival mineiro.
“Isso só me faz dizer: me belisque, que eu tô sendo homenageado em Tiradentes!”, pilheriou o veterano ator. Pitanga pai ainda fez questão de lembrar dos diretores com quem trabalhou ao longo de seus 80 anos de vida, gente como Glauber Rocha, Joaquim Pedro de Andrade, Leon Hirszman e Carlos Diegues, nomes fundamentais do Cinema Novo.
“Foram os fundadores da originalidade brasileira no audiovisual”, decretou. O ator baiano elogiou o público presente em Minas Gerais: “A cultura está de pé pela presença de vocês”.
Antonio Pitanga estava acompanhado da mulher, a política Benedita da Silva. Já Camila Pitanga foi acompanhada da namorada, a artesã Beatriz Coelho.
O filme que abriu o festival foi “Os Escravos de Jó”, do diretor cearense Rosemberg Cariry. Filmado na cidade de Ouro Preto, traz Antonio Pitanga como um livreiro sobrevivente de campos de concentração da Alemanha nazista.
O público em Tiradentes ainda confere uma exposição sobre pai e filha homenageados no Cine-Tenda, que apresenta um recorte significativo das respectivas carreiras artísticas. “Homenagear os dois juntos é afirmar não só suas trajetórias, mas também reconhecer suas diferenças criativa, simbólica e política”, afirma um dos textos da mostra.
*Enviado especial a Tiradentes (MG), o jornalista e crítico Miguel Arcanjo Prado viajou a convite da Mostra de Cinema de Tiradentes.