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Saiba quem venceu 1º Prêmio Solano Trindade de dramaturgia negra

Solano Trindade dá nome ao prêmio de dramaturgia para autores negros; realizado pela SP Escola de Teatro, o 1º Prêmio Solano Trindade divulgou os três textos vencedores nesta quinta (20) – Foto: Divulgação – Blog @miguel.arcanjo

Os nomes dos três vencedores do Prêmio Solano Trindade, focado na dramaturgia de autores negros, acabam de ser divulgados. As três peças vencedoras são: “Guerras Urbanas”, de Camila de Oliveira Farias, do Rio de Janeiro, “Como Criar para um Corpo Negro sem Órgãos?”, de Lucas Moura, de São Paulo, e “Medeia Homem”, de Robinson Oliveira, do Rio Grande do Sul.

Já como suplentes, por ordem de classificação, ficaram os respectivos textos: “3×4”, de Amora Tito, de Minas Gerais, “Quando Anoitece”, de Le Ticia Conde, de São Paulo; e “João, O Cândido”, de Suelen Casticini, do Rio de Janeiro.

Concedido pela SP Escola de Teatro, instituição da Secretaria de Cultura e Economia Criativa do Governo do Estado de São Paulo gerida pela Associação dos Artistas Amigos da Praça (Adaap), o Prêmio Solano Trindade é voltado ao reconhecimento do trabalho de jovens dramaturgos negros.

O nome da premiação homenageia o ator, diretor, cineasta, escritor e militante pernambucano Francisco Solano Trindade (1908-1974), em cuja obra fez marcantes denúncias contra o racismo e o preconceito no Brasil.

Comissão e júri da primeira edição do Prêmio Solano Trindade: Marici Salomão, Rosane Borges, Ueliton Alves, Miguel Arcanjo Prado, Elen Londero e Luh Mazza – Foto: Bruno Galvinicio/SP Escola de Teatro/Divulgação Blog @miguel.arcanjo UOL

“Essa premiação é muito especial pois homenageia a figura importante para o teatro nacional e paulistano, um homem negro, que é Solano Trindade”, frisa o bibliotecário da SP Escola de Teatro, Ueliton Alves, responsável pela comissão de heteroidentificação do concurso “E também é importante pelo fato de se publicar um livro como premiação, em um cenário como o do Brasil, em que publicação é algo tão difícil. E autores negros publicarem suas narrativas em livro é extremamente simbólico, uma vez que temos aí para pessoas que tiveram durante muito tempo o reconhecimento de suas histórias negadas”, ressalta.

Marici Salomão, coordenadora do curso de Dramaturgia da SP Escola de Teatro e presidente do júri, a primeira edição trata-se de um marco, “pela valorização de autoras e autores negros, algo que não conhecemos em forma de concursos, e também por ser uma plataforma de ampliação do que seja dramaturgia, do conhecimento de novos autores e de novos textos”.

Alem de Salomão, compuseram a comissão avaliadora a dramaturga e diretora Luh Maza, a jornalista e professora universitária Rosane Borges e o jornalista, colunista do UOL e crítico de arte da APCA Miguel Arcanjo Prado.

Vozes negras no teatro

Borges diz que o prêmio responde a uma demanda política atual de representatividade e reescrita das narrativas. Além de ser também ferramenta de “incremento de outras gramáticas estéticas, para que a gente possa ter olhares outros, corporalidade outras, subjetividade outras”.

Luh Maza comemora a ação: “Saúdo a chegada desse prêmio como uma plataforma de representatividade negra não somente pelos personagens e situações dramáticas, mas também por seus escritores-narradores que compartilham os saberes (e dúvidas) da vivência negra na contemporaneidade. Que ampliemos mais e mais essa noção sobre a arte produzida por esses autores e através deles inspiremos muitos outros jovens negros a tomar posse de todos os espaços como a dramaturgia”.

E isso aconteceu na primeira edição do Prêmio Solano Trindade, já que o concurso recebeu inscrições de jovens estudantes de teatro de diversas regiões do Brasil. “Mais do que nunca, é preciso dar voz e visibilidade a todos os matizes possíveis no teatro brasileiro. Nesse caso, o foco está em uma dramaturgia negra. O prêmio traz novas vozes aos palcos brasileiros, mostrando que todas as histórias têm múltiplos lados. A dramaturgia só é boa se for assim”, finaliza Arcanjo.

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