O desfile do bloco Então, Brilha! no Carnaval de Belo Horizonte foi bastante politizado na manhã deste sábado (22) e teve como tema “Com o fascismo não se brinca”. Uma das sensações do cortejo purpurinado de rosa e amarelo foi a participação do rapper mineiro Djonga, um dos grandes sucessos do gênero na atualidade.
O músico apoiou o protesto dos blocos de rua de BH que acusam a Polícia Militar de impedir seus desfiles com inúmeras exigências burocráticas, no que seria uma tentativa de criminalizar a festa popular. “Estou sabendo que este ano estão querendo atrapalhar a festa do povo. O povo só trabalha o ano inteiro”.
Djonga ainda gritou um de seus versos mais conhecidos: “Fogo nos racistas!”, sendo fortemente aplaudido pelos foliões, que responderam em coro: “Ei, Bolsonaro, vai tomar no c…”. Ao que o rapper respondeu: “É isso”.
A cantora do bloco Michelle Andreazzi também opinou no alto do trio diante do grito espontâneo dos foliões: “É bom mesmo que o Bolsonaro tome no cu pra ele ver o quanto é bom e pra ver se ele vira uma pessoa mais feliz”.
Outro político criticado ao longo do desfile foi o governador de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo). “Sua burrice nos uniu”, disse um manifesto lido na folia, afirmando que a perseguição da PM e do Governo de Minas Gerais aos blocos só deixa a folia belo-horizontina mais forte.
“Zema, sua burrice nos uniu: sindicato, blocos, gente que você nunca viu. Zema, seu cabeça dura, aqui está a força da cultura. Zema, inimigo do povo, partido velho pagando de novo. Zema dos bancos e da construção, e da desgraça da mineração. Zema, amigos dos empreiteiros, nós estamos com os petroleiros. Zema seu vacilão, paga o piso da educação Zema, amigo do Jair, não demora vocês vão cair. Zema, patrão da polícia, Carnaval é uma delícia. Fora Zema!”, disse o manifesto.
Ainda cantaram no trio do Então, Brilha! os músicos Kdu dos Anjos, Sergio Pererê, Graveola, Gustavito — que retornou ao Então, Brilha!, do qual é um dos fundadores — e o bloco Juventude Bronzeada, que precisou cancelar seu Carnaval por não conseguir a tempo cumprir as exigências da Polícia Militar de Minas Gerais para seu desfile.
Carnaval de BH tem histórico político
A retomada do Carnaval de rua de Belo Horizonte, há cerca de dez anos, foi fortemente motivada pela política. Os primeiros blocos deste reflorescimento da folia na capital mineira, antes deserta nesta época do ano, surgiram após o então prefeito Márcio Lacerda proibir festas nas ruas e praças da cidade. Como enfrentamento à decisão do poder público municipal, os foliões criaram o movimento Praia da Estação, na Praça da Estação, centro de BH. Ao fim, Lacerda precisou voltar atrás em sua decisão de impedir a folia, que acabou crescendo vertiginosamente ano após ano. Em 2020, a expectativa da Belotur, órgão municipal que regula o turismo e o Carnaval na capital mineira, é de que 5 milhões de pessoas participem do Carnaval de Belo Horizonte.
O Blog Miguel Arcanjo mostra mais imagens do desfile do Então, Brilha!, um dos maiores blocos de BH, na manhã deste sábado (22).
Leia também:
Foliões madrugam para desfilar no Então, Brilha!
Dupla se fantasia de “branquelas” no Então, Brilha!
Leia + sobre Carnaval de BH:
Bloco feminista taca fogo no machismo
Apaetucada aposta em inclusão na folia
Tensão com PM marca desfile do Roda
Blocos de BH acusam PM de perseguição
Carnaval de BH espera 5 milhões
Crianças fofas encantam no Fera Neném