Um dos nomes mais respeitados da música erudita no Brasil, o maestro João Carlos Martins assina a composição de oito canções originais e inéditas para o drama musical “O Canto de Ninguém”, do qual também é diretor musical — ele teve como parceiro José Antônio Almeida. Já as letras são do ator Luccas Papp, também autor da dramaturgia que estreia em 6 de março, no Teatro Itália, e na qual atua ao lado da estrela dos musicais Fabi Bang, protagonista de superproduções como “Wicked” e “A Pequena Sereia”.
Kleber Montanheiro é responsável pela direção do espetáculo. Este aborda a temática da música clássica a partir da história de um pianista genial e perturbado, papel de Papp. Ele dá vida a Geoffrey Smithson, espécie de “Mozart contemporâneo” de 27 anos. A partir do encontro com uma jovem cantora, Samantha, papel de Bang, ele a propõe estrelar sua ópera. Durante os ensaios, acontecem reviravoltas que alteram os dois personagens. A peça ainda traz o pianista Wesley Barreto executando a trilha ao vivo.
“À medida em que fui entrando na história, o texto foi fazendo cada vez mais sentido para mim e percebi o quanto a minha carreira se cruza com a da personagem. Eu já havia atuado em muitos musicais, mas foi aos 30 anos que tive uma grande oportunidade de visibilidade em ‘Wicked’. É como uma quebra-cabeça pessoal que vai se encaixando e é um texto muito apropriado para nossa história pessoal”, afirma Fabi Bang.
Para a estrela dos musicais, fazer pela primeira vez um espetáculo fora desse grande circuito ao qual estava mais habituada é um desafio profissional. “É uma forma para ampliar ainda mais minha carreira artística, um privilégio cantar a composição do maestro João Carlos Martins e a ária ‘A Rainha da Noite’, de Mozart, uma composição, que muitas artistas se prepararam uma vida inteira”, lembra a atriz.
“A história questiona o fato de artistas excelentes em seu trabalho não terem a mesma voz que certos expoentes. É algo que sempre quis dizer, de como lidamos com a arte, que é uma questão mais de status do que de apreciação. O consumo da arte hoje, principalmente com o advento das redes sociais, coloca as pessoas em um evento artístico mais para serem vistas do que para apreciar uma obra de arte”, diz Luccas Papp.
O diretor Kleber Montanheiro também assina os figurinos, adereços, visagismo e a cenografia, repleta de pedestais e abajures. Para ele, isso dá à obra um tom de imponente fantasia que se encaixa ao mundo criado pelo perturbado músico protagonista da obra. “Os elementos visuais procuraram revelar o que se passa na cabeça dos personagens, trazer em alguns momentos a atmosfera da ópera”, revela.
Para o diretor, “o projeto é uma oportunidade de levar a música clássica para o teatro e discutir as relações humanas, fator que traz identificação com o público”. E conclui dizendo que a peça “questiona os limites do trabalho artístico e as hierarquias sociais”.
O drama “O Canto de Ninguém” estreia dia 6 de março no Teatro Itália, onde fica em cartaz até 5 de abril, com sessões às sextas, 21h, sábado, 20h, e domingo, 19h. Os ingressos custam R$ 30 a meia e R$ 60 a inteira e já estão à venda.
O Canto de Ninguém
Quando: 6 de março a 5 de abril de 2020; sexta 21h, sábado 20h, domingos 19h. 90 min.
Onde: Teatro Itália – av. Ipiranga, 344, metrô República, São Paulo. Tel. 11 3120-6945
Gênero: Drama
Quanto: R$ 60,00 (inteira). R$ 30,00 (meia)
Classificação etária: 10 anos