Morre Vânia Mattos, a Bonequinha do Medieval, drag pioneira da noite em SP
Morreu Vânia Mattos, a eterna Bonequinha do Medieval, aos 75 anos, em São Paulo, vítima da covid-19, na última terça (2), apurou o Blog do Arcanjo.
Assim como Miss Biá, que também morreu aos 80 anos nesta quarta (3), vítima do novo coronavírus, Vânia Mattos, cujo nome de batismo era Rubens Borro, foi drag pioneira na noite paulistana, na época em que ainda eram chamadas de “transformistas”. A artista, nascida em 9 de fevereiro de 1945, brilhou por décadas nos palcos paulistanos.
Vânia e Biá dividiam o mesmo apartamento na av. Vieira de Carvalho, na região da República, centro paulistano.
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Bonequinha do Medieval
Foi Elisa Mascaro, considerada a rainha da noite gay paulistana, quem a apelidou de Bonequinha do Medieval, lendária casa noturna da década de 1970 que funcionou na esquina de rua Augusta com Av. Paulista.
A alcunha veio por conta de sua beleza estonteante, que fazia o trânsito parar quando estava ‘montada’ e desfilava pelas ruas do centro paulistano, como lembra o amigo Gleuton Paganine.
“Foi uma pessoa sempre irreverente e gostava de estar nos palcos, era uma pessoas sempre alegre e de voz rouca e estridente, sem papas na língua, mas de coração enorme. Fazia todos à sua volta rirem com as histórias hilárias que contava”, define Paganine.
Foi da equipe de maquiagem do salão Colonial, frequentado por nomes como Hebe Camargo, e também integrou o time de maquiagem na televisão do programa de entrevistas de Jô Soares.
Referência na cena artística LGBTQIA+ com sua voz rouca e estridente, Vânia Mattos gostava de chamar as pessoas de ‘bem’ e fazia shows de salsa e mambo.
Uma de suas marcas era gostar de colocar apelido em todo mundo e de se maquiar com rolha queimada.
Márcia Dailyn lamenta morte de Vânia Mattos
“Onde a Vânia chegava a alegria era grande, ela falava alto, dava gargalhada. Tinha um coração enorme! Descia a rua Augusta em direção à Vieira de Carvalho deslumbrante, e os cachorros latiam em festa, a polícia vinha atrás”, lembra Márcia Dailyn, atriz e diva do Satyros e da praça Roosevelt e musa da boate The Week e do bloco Acadêmicos do Baixo Augusta.
“Vai ficando um buraco, a lacuna que vai aumentando, Phedra, Rogéria, Biá, Vânia… As minhas velhas pioneiras que eu amava e respeitava tanto, que abriram os caminhos, estão todas indo. Eu te pergunto: quando vai parar?”, questiona a artista, emocionada.
Divina Núbia lamenta morte de Vânia Mattos
Divina Núbia, importante drag da cena paulistana, se emocionou profundamente com a partida da amiga Vânia Mattos. “Cheguei na Banda do Redondo, e Vânia Mattos já estava linda, bem maquiada, cheia de pedras de strass coladas no rosto. Ficamos juntas na banda até o final. Nos despedimos ali”, recordou ela da memória que guarda do último Carnaval.
“Vânia sempre tinha uma palavra de carinho e afeto com o nosso trabalho, sabia reconhecer os artistas que se empenhavam nessa dura carreira. Tinha personalizada forte. Foi a Bonequinha do Medieval, trabalhou com as mais mais!”, definiu.
“Ela nos deixa num momento muito difícil e não teremos mais essa alegria a nossa volta! Descanse em paz com sua amiga Biá de 50 anos de palcos e amizade”, finalizou.
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