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SP ganha arte urbana com temas da pandemia

Por Miguel Arcanjo Prado

Os heróis que combatem o novo coronavírus ganharão as ruas de São Paulo sob forma de arte, que tem sido fundamental para conseguirmos enfrentar este difícil período que atravessamos.

A Prefeitura Municipal de São Paulo, por meio da Secretaria Municipal de Cultura (SMC), informou que começa nesta segunda (10) uma programação especial com ações artísticas que refletem sobre a Covid-19, reunindo artistas e coletivos com ativações relacionadas à pandemia que assola o país e o mundo, nos meses de agosto e setembro.

Vários artistas de diversas linguagens produziram trabalhos a partir do tema “Covid-19” e seus desdobramentos, como distanciamento social, confinamento, luto, fé, esperança, segurança, solidariedade e outros que nos permeiam nesses dias insólitos.

São intervenções artísticas, algumas de cunho cenográfico, pensadas para serem apreciadas por pedestres, passageiros de carro e transporte público e moradores de prédios no entorno onde serão realizadas.

Nenhuma das oito ativações do projeto promove aglomeração e nem configura qualquer tipo de evento, reforça a SMC.

O Blog do Arcanjo adianta, a seguir, quais serão as ações culturais:

Diário da Covid-19 no Brasil: iniciativa da Secretaria Municipal de Cultura com o objetivo de unir arte, cultura e saúde, ativando 600 locais com uma grande exposição de fotografias em pontos de ônibus e relógios digitais pela cidade. Foram comissionados seis fotógrafos especializados em cobertura jornalística em importantes centros urbanos do Brasil: São Paulo, Brasília, Recife e Salvador. Os profissionais escolhidos pela equipe possuem trabalhos compartilhados pelo Covid Photo Brazil, perfil do Instagram que agrega imagens dos fotojornalistas que atuam na linha de frente das notícias relacionadas à pandemia no país. Os fotógrafos tinham a missão de fotografar os desdobramentos da pandemia da Covid-19 nas cidades em que atuam, com enfoque principalmente em cenas que exaltem a resiliência da sociedade na luta contra a Covid-19 no Brasil. Os fotógrafos buscaram imagens relacionadas a segurança, isolamento, distanciamento social, fé, esperança e profissionais essenciais em distintas localidades de suas cidades, como centros urbanos, regiões rurais, periferias e centros de tratamento contra a doença. A curadoria é de Filipe Redondo, fundador da Trëma, coletivo fotográfico ganhador dos maiores prêmios de fotografia do país, como a Bolsa de Fotografia ZUM do Instituto Moreira Salles, o XIV Prêmio Funarte Marc Ferrez de Fotografia e o Prêmio de Arte da Fundação Conrado Wessel.

Totens Urbanos – Memorial Pró-Saúde: reúne arte, educação e saúde. Serão dispostos 20 totens, cada unidade oferece um espaço de expressão para as famílias e seus rituais diante da perda, bem como ante a pandemia de desinformação ou a infodemia (assim designada pela OMS) propicia informação segura e atualizada sobre a Covid-19. O totem é um equipamento de higiene disponível aos diferentes usuários nos centros urbanos, como parte das políticas públicas de saúde. O conjunto de suas unidades forma um novo campo expositivo (expográfico e expofônico), estética e socialmente disruptivo no tecido urbano. Ambientalmente sustentáveis, os totens possuirão um sistema de fotocaptação de energia para seu funcionamento, utilizando recursos biodegradáveis e sistema de manutenção aos moldes dos programas de carbono zero. Também abrigam conteúdo personalizado que buscará dialogar com os contextos locais, culturais e sociais. Serão instalados em cinco equipamentos culturais da SMC, além de outros 15 locais.

O arquiteto e urbanista paulistano Leonardo Dias propôs, originalmente, a criação de um equipamento urbano para higienização, memorial das vítimas e informação sobre o coronavírus. Este projeto inicial foi desenvolvido para concorrer na competição internacional promovida pela plataforma Go Architect “Coronavirus Design Competition”, da qual o arquiteto foi o vencedor na categoria People’s Choice (voto do público), além de ter sido eleito um dos cinco finalistas do Grand Prize (voto do júri) dentre 114 candidatos inscritos do mundo inteiro – único brasileiro na cobiçada lista final. A este projeto original juntou-se a proposta de uma intervenção/exposição artística concebida pelos historiadores Danilo Cesar e Elisiana Castro junto à psicóloga/psicanalista e paliativista Bruna Tabak. A ideia é promover a preservação da memória das vítimas da Covid-19 no Brasil num espaço/intervenção artística e de saúde pública e psicossocial que, ao mesmo tempo, estimula a conscientização e prevenção de novos casos do novo coronavírus no Brasil.

Cultura para Heróis: projeto do Coletivo Coletores fará projeções em movimento durante dez noites em espaços diferentes, com conteúdo ligado à prevenção da pandemia da Covid 19, e também em homenagem às pessoas que se encontram na linha de frente do combate ao vírus. Uma Kombi (estação de projeção móvel) percorrerá áreas com grande concentração de moradia, em diferentes comunidades da zona leste, usando muros e fachadas como suporte.

O Possível no Impossível/O Impossível no Possível: trabalho inédito de Regina Parra, é uma instalação em neon em que cada frase é exibida em um respectivo neon em um local emblemático da cidade, o Viaduto Santa Ifigênia. O projeto aborda conceitos relacionados ao impossível do desejo e o desejo do impossível, que se encontram na instalação, que lembra um anúncio publicitário. As frases desafiam o estar parado, acomodado, e nos convoca a compartilhar esse desejo em excesso: o desejo do impossível. Para a artista, porém, a impossibilidade não significa algo irrealizável ou utópico. Nascida em São Paulo na década de 1980, Regina, a partir de uma pesquisa sobre a relação entre opressão e insubordinação, elabora desde 2005 pinturas, vídeos, performances e instalações que examinam e falam sobre resistências. É bacharel em Belas Artes e Mestre em História da Arte. Recentemente, Regina foi selecionada para o Programa de Residência Water Mill Center 2020. E, no ano passado, ela fez parte da Residência Annex_B NY. Regina também participou do Programa Residency Unlimited de 2018, em Nova York. E recebeu o Prêmio SP_Art Fair, o Prêmio de Vídeo da Fundação Joaquim Nabuco e o Prêmio Videobrasil. E também foi indicada ao Emerging Artists Award, Cisneros Fontanals Art Foundation, em Miami.

Tudo Vai Passar/Pulsar, da artista Verena Smit, outro projeto inédito, foi criado pelo meio de seu já conhecido trabalho com palavras – trocadilhos feitos a partir de expressões notórias e que vem sendo amplamente divulgados nas redes sociais majoritariamente. A artista elaborou um pôster do tipo lambe com a frase “TUDO VAI PASSAR/PULSAR”. O intuito é espalhar pela cidade, por meio de uma ação de arte urbana, a mensagem de que tudo voltará a pulsar. O lambe será aplicado em diversos locais de todas as regiões de São Paulo para ampliar o alcance da mensagem e da própria ação. Artista plástica, ilustradora, fotógrafa e poeta, a paulistana de 35 anos começou a explorar sua veia artística aos 14 anos no teatro. Adulta, formou-se em fotografia e comunicação social com ênfase em cinema, que nunca exerceu. Tem dois livros publicados – Lovely, de 2015, e Eu Você, de 2016 – e exposições em galerias de Nova York, Lisboa e Argentina, além do Brasil. Verena também tem uma forte ligação com a moda. Além de criar para marcas como Arezzo, Nike e Pandora, desde 2015, ela é a única brasileira a integrar o seleto time de artistas amigos da Gucci, para quem já criou produtos como envelopes e memes. Agora, ela tem se dedicado ao Studio VS, que leva sua poesia para itens como pratos e também prints colecionáveis e numerados.

Olha Pra Mim, criado pelo artista pernambucano radicado em São Paulo Thi Santos, traz uma reflexão uma linha de igualdade social por meio de fotografias de olhares. “O olhar é a maneira como a gente pode abraçar o outro. Você pode tocar com o gesto do olhar. O ‘Olha Pra Mim’ também fala sobre inclusão social e foi pensado a fim de dar voz e visibilidade para que o espectador crie um laço de afinidade com o outro sem saber credo, religião, classe e posição social, gênero“. Diante dessa pandemia, Santos vem atualmente colhendo imagens de profissionais da área da saúde que estão na linha de frente ao combate da Covid-19. Com o foco nos profissionais da saúde, Santos homenageia esses que estão nessa guerra contra o vírus. O projeto, que também foca nas minorias, procura criar essa unidade dos olhares. Já posaram para as lentes do artista personalidades como Caetano Veloso e Paula Lavigne, Marisa Orth, Johnny Hooker, Elza Soares, Otto, Fátima Bernardes, Jô Soares, entre outros.

Grafite Para Heróis, proposta de Pri Barbosa, é uma pintura para um muro em homenagem aos profissionais da saúde, inspirada em uma imagem que foi feita para o projeto “Flores para Heróis”, nas dimensões de aproximadamente 3X9m, localizada à Avenida Rebouças, 1.636. Pensando nos profissionais da saúde, a ativação acontece nas imediações do Hospital das Clínicas e do Incor, podendo ser vista não só pela população que ali transita, mas por todos os profissionais da saúde que trabalham no entorno da obra.

Luminárias pela Vida, da artista Bruna Lessa, é uma instalação composta por 1.000 velas de leds com baterias recarregáveis à luz solar, a ser realizada em dez hospitais da cidade. Para ela, as velas são símbolos de direção, iluminação e transformação, e o ato de acender velas é uma forma de enviar nossa intenção de vida ao plano superior; a vela acesa simbolizará a anima de vida, estar em vigília pelos profissionais de saúde e por todos que trabalham nos hospitais e também dar esperança para a cura dos pacientes. A artista pensa em criar este ‘estar em oração’, sem que nenhuma crença ou religião prevaleça, mas que represente o olhar para o interior de cada um, a reconexão consigo e com o outro.

SERVIÇO:

Cultura para Heróis: 10/08 a 10/09.
“Cultura para Heróis”, do Coletivo Coletores, acontecerá nos hospitais AMA Hospital r. Arthur Ribeiro Saboya, AMA Hospital Waldomiro de Paula e UPA Pirituba. E também nos bairros Cidade Tiradentes, São Mateus, Itaquera, Guaianases e Arthur Alvim. Das 19h às 21h

Grafite Para Heróis: 10/08 a 10/09.
“Grafite Para Heróis”, de Pri Barbosa faz uma pintura para um muro, homenageando os profissionais da saúde, inspirada em uma imagem que foi feita para o projeto “Flores para Heróis”, nas dimensões de aproximadamente 3X9m, localizada à Avenida Rebouças, 1.636. Durante 24h

Diário da Covid-19 no Brasil: 12/08 a 12/09.
Serão instaladas fotografias em 600 relógios e pontos de ônibus da cidade, contemplando todas as regiões da cidade. horário: 24h

Olha Pra Mim: 14/08 a 17/08.
“Olha pra mim”, de Thi Santos: fotos projetadas em empenas na Rua Augusta, 541 e 554. Cada número corresponde a duas empenas. Das 19h às 23h

Luminárias para Heróis: 15/08 a 15/09.
“Luminárias para Heróis”, de Bruna Lessa, acontece nos hospitais Cidade Tiradentes, Campo Limpo, Jabaquara, Brasilândia, M’Boi Mirim, Parelheiros, Vila Maria, Santa Casa de Misericórdia, Hospital das Clínicas e Hospital Emílio Ribas. Durante 24h

Totens Urbanos – Memorial Pró-Saúde: de 16/08 a 16/11.
12 LOCAIS. Praça da Sé, Viaduto do Chá, São João X Ipiranga, Masp, Largo da Batata, Largo 13 de Maio, Praça do Campo Limpo, Largo da Matriz, Terminal Lapa, Av. dos Metalúrgicos, Av. Dona Belmira Marin e Parque Ibirapuera. E em quatro equipamentos da Secretária Municipal da Cultura: Biblioteca Mário de Andrade, Centro Cultural São Paulo, Centro de Formação Cultural Cidade Tiradentes e Centro Cultural do Grajaú. Durante: 24h.

O Possível no Impossível/O Impossível: 20/08 a 20/09.
A instalação em neon “O Possível no Impossível/O Impossível no Possível”, de Regina Parra, será instalada no Viaduto Santa Ifigênia durante 24 horas.

Tudo Vai Passar/Pulsar: 10/08 a 20/08
“Tudo Vai Passar/Pulsar”, de Verena Smit, acontece nos equipamentos culturais da SMC como Casas de Cultura, Centros Culturais e Teatros, além de 100 outros locais. Durante 24h

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