Por Miguel Arcanjo Prado
É preciso registrar a nossa memória. Por isso, o Blog do Arcanjo aplaude a 1ª Mostra de Cinema dos Quilombos, resultado parcial da pesquisa iniciada em junho deste ano pelo Cinecipó em parceria com as pesquisadoras Alessandra Brito e Maya Quilolo sobre o cinema feito nos quilombos do Brasil. O evento abriu no último dia 22 de agosto e vai até 5 de setembro de forma totalmente online e gratuita. O objetivo é revelar a diversidade dos quilombos brasileiros tanto em zonas rurais quanto próximos a centros urbanos.
As inscrições para novos filmes continuam abertas e podem ser feitas no site oficial. Além do lançamento online do filme Nove Águas, de Gabriel Martins e Quilombo dos Marques, serão exibidos oito filmes sobre temáticas étnico-raciais. A programação também conta com a realização de lives com cineastas quilombolas e realizadores no Canal Cinecipó, onde os filmes estão disponíveis.
Veja os filmes já selecionados:
Sonhos de um negro (Danilo Candombe, 2004)
O filme se passa nos tempos de cativeiro, com a vida sofrida dos negros trabalhando aos olhos do Feitor. Um sonho cheio de alegria e união. Um sonho de liberdade de um negro que acorda com a dor de uma chibatada, mas que ainda assim espera sua libertação.
Olhar caiçara na comunidade quilombola e Olhar quilombola na comunidade indígena (Rafaela Araujo, Marina Albino, Alexandro kuary, Patricia, Bianca Lucio, Eduardo xexeu, Antonio Garcia, Fabio Martins, Rafael Guedes, 2018)
Em 2018, em parceria SESC Cultural Paraty/RJ, foi realizada a ação “Trocando Olhares”, em que integrantes das comunidades caiçaras, indígenas e quilombolas que criaram seis curtas metragens que tratam das questões ligadas ao território. Essa é a oportunidade de conferir esses diálogos cinematográficos.
A Sússia (Lucrécia Dias, 2018)
Ao som de caixas, pandeiros e bumbos, mulheres e homens de todas as idades cantam, tocam, batem palmas, dançam, recriam as tradições e recontam sua própria história na Comunidade Quilombola Lagoa da Pedra.
As Contas do Rosário (Maycol Mundoca, 2020)
Apresentação da trajetória do grupo de Manifestação Afro-Brasileira: “Moçambique Zumbi dos Palmares”, que anualmente se apresenta na Congada, um cortejo popular realizado há séculos por descendentes de africanos em solo brasileiro. O grupo se situa em um quilombo urbano de onde emanam narrativas contra-hegemônicas.
Blackout (Adalmir José da SIlva, Felipe Peres Calheiros, Francisco Mendes, Jocicleide Valdeci de Oliveira, Jocilene Valdeci de Oliveira, Martinho Mendes, Paulo Sano, Sérgio Santos, 2016)
Quilombo de Conceição das Crioulas, Salgueiro, sertão pernambucano, nordeste do Brasil. Um filme sobre o invisível.
Nove águas (Gabriel Martins e Quilombo dos Marques, 2019)
Em 1930, Marcos e seu grupo de descendentes de escravizados saíram do Vale do Jequitinhonha rumo ao Vale do Mucuri. Fugindo da seca, da fome e da violência no campo, os quilombolas buscavam um novo território para construir sua comunidade. Dos tempos do desbravamento aos atuais, a história conta a luta por água e terra protagonizada pelos moradores do Quilombo Marques, no Vale do Mucuri, em Minas Gerais.