Por Miguel Arcanjo Prado
Os 70 anos da TV foram comemorados pela Globo de forma estranha. Justo em um dos anos mais difíceis para todo o mundo e que marca a efeméride de sete décadas de televisão no Brasil, a emissora carioca resolveu demitir alguns de seus mais importantes colaboradores ao longo de sua história.
Às vésperas da data celebrativa, a Globo demitiu o casal mais emblemático da TV brasileira: os atores Tarcísio Meira e Glória Menezes, após 53 anos como estrelas do primeiro time da emissora, além daquele que é considerado um dos mais talentosos atores do veículo, Antonio Fagundes, este após 44 anos de contrato fixo na casa.
Não custa lembrar que a Globo já havia encerrado neste ano contrato de astros e estrelas não só do vídeo como dos bastidores, caso de Aguinaldo Silva, que escreveu algumas das mais importantes e lucrativas histórias globais, a exemplo de Tieta, Senhora do Destino, Roque Santeiro e Vale Tudo.
Outro nome de texto saboroso, além do talento como ator e diretor, Miguel Falabella também foi dispensado após quase 40 anos de contrato. Outros que estavam na Globo também havia mais de quatro décadas foram demitidos, como Vera Fischer e Stenio Garcia.
Tony Ramos, grande nome que permanece contratado, mas tudo indica que pode estar na lista dos futuros demitidos, se posicionou contra a dispensa de Tarcísio e Gloria, dizendo que a Globo não deveria ter feito isso. Assustadas, as estrelas da emissora temeram a demissão de Laura Cardoso como presente de grego em seus 93 anos.
Outro bastião da história global, José Bonifácio de Oliveira Sobrinho, o Boni, também foi contra a onda atual de dispensas, lembrando que os medalhões deveriam ser tratados como “investidores”, afinal foram para a Globo apostando em um sonho que deu certo pela soma de talentos, no começo conduzidos por ele e Walter Clark, executivos em quem Roberto Marinho fez grande e vitoriosa aposta.
Mas, a atual direção da Globo não parece preocupada com seus antigos talentos nem com a própria história do canal. Basta ver boa parte do time de jovens atores contratados pela emissora, gente que mais se preocupa em posar para o Instagram do que em criar uma personagem verossímil.
Nos 70 anos da TV, a Globo é ingrata ao desvalorizar seus mais importantes nomes com a carta de demissão. Assim, a emissora copia o terrível comportamento de gente que insiste em desprezar quem lhe abriu caminhos. Com isso, a Globo perde respeito da crítica especializada, da classe artística e do público que passou a vida vendo o plim plim.