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Aguinaldo Silva chama Jane Di Castro no masculino

Por Miguel Arcanjo Prado

O novelista, escritor e jornalista Aguinaldo Silva utilizou o gênero masculino para homenagear Jane Di Castro. A artista travesti foi pioneira na cultura e morreu na última sexta (23), aos 73 anos, vítima do câncer. As palavras do autor foram acusadas de transfobia nas redes, onde segue debate acalorado sobre o assunto, mas Aguinaldo não alterou o que disse até o momento da publicação desta reportagem.

Aguinaldo publicou seu adeus a Jane Di Castro com as seguintes palavras em seu Twitter: “Um grande artista, um batalhador, um sobrevivente de muitas lutas e muitos sofrimentos, alguém que nunca se curvou ao vitimismo e sempre foi uma pessoa otimista, hoje se foi. Meu querido de nossa quase infância e juventude: não digo adeus, apenas até logo”. Veja o print:

A forma de tratar a amiga no masculino causou revolta nas redes, sobretudo na comunidade de travestis e transexuais.

Muitos internautas escreveram para Aguinaldo, dizendo que Jane fazia questão de ser tratada no feminino e que o novelista, ao utilizar o gênero masculino para escrever uma despedida à atriz e cantora, em vez de homenageá-la, só reforça o preconceito que travestis e trans são vítimas no Brasil.

Divina Diva e uma das estrelas do filme de mesmo nome dirigido por Leandra Leal, Jane foi precursora na representatividade travesti e trans na cultura brasileira, ao lado de outros ícones como Eloína dos Leopardos, Rogéria, Divina Valéria e Phedra D. Córdoba.

Quando foi uma das estrelas da novela A Força do Querer, que está sendo reprisada atualmente na Globo, Jane Di Castro declarou ao site Notícias da TV: “Minha geração abriu caminho, apanhou nas ruas. Vamos falar do preconceito que os trans sofrem em A Força do Querer. Isso é um evento para as transexuais e um debate importantíssimo”.

Jane Di Castro e Silvero Pereira em A Força do Querer, de Gloria Perez: “um evento para as transexuais e um debate importantíssimo”, falou a diva – Foto: Divulgação/Globo

Nas redes, há forte condenação ao fato de o novelista pernambucano se referir a uma artista travesti no gênero masculino.

“Absurdo você se sentir confortável para tratar, no masculino, uma mulher que lutou 73 anos para ser reconhecida enquanto Jane Di Castro. Terrível lembrar como homens gays cis parecem sentir prazer sendo transfóbicos. É preciso ter respeito, Aguinaldo. Em vida e morte”, pontuou Ana Flor.

“Querido, adorei sua homenagem, mas está na hora de aprender a respeitar e conhecer um gênero: uma grande artista, uma sobrevivente de muitas lutas. Minha querida. Como pode um novelista, jornalista e escritor ter tamanha falta de respeito. Ainda dá tempo de mudar. Vergonha”, disse Marcio Aurelio Lima.

Até esta publicação, Aguinaldo Silva não havia se manifestado sobre a reação nas redes às suas palavras sobre Jane Di Castro e mantinha no ar a publicação original, com Jane sendo tratada no masculino.

Saiba mais sobre Jane Di Castro

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