Arte, Educação e Democracia une pensadores de 16 países em seminário internacional
A democracia está em ameaça pelo mundo e precisa ser defendida. Partindo dessa ideia, a Associação dos Artistas Amigos da Praça (Adaap), a SP Escola de Teatro – Centro de Formação das Artes do Palco e a MT Escola de Teatro promovem, de 3 a 7 de novembro, o Seminário Internacional Arte, Educação e Democracia, em formato de Webinário.
O evento reúne om participação de professores, pesquisadores, artistas, produtores e ativistas culturais de 3 continentes, 16 países e de todas as regiões brasileiras. Processos de formação artística mundo afora, no contexto de ascendência das gestões e políticas conservadoras, estão na temática central.
A arte – e com ela os processos pedagógicos de ensino e de aprendizado dos seus ofícios – é, historicamente, um espaço de autonomia e invenção. Mas, não está imune às consequências dos fenômenos políticos pelos quais o mundo atravessa.
Pelo contrário, insere-se neles às vezes de maneira central, como acontece neste momento no Brasil e em outros países, quando governos têm feito ataques frontais àquele princípio de autonomia, tentando disciplinar a liberdade da aprendizagem e do fazer artístico, no que se convencionou chamar “guerras culturais”.
Em outra frente, nas Universidades e outros centros de difusão da ciência e do conhecimento, as tentativas de intervenção também são notáveis, seja no aspecto das políticas administrativas (por exemplo, na interferência direta do Executivo no momento de indicar reitores), seja na vigilância, reprogramação ou censura de conteúdos – programas de aula e planos pedagógicos.
Este é o plano de fundo que o Seminário irá discutir, a partir de experiências locais relatadas pelos convidados e convidadas. Com desdobramentos em frentes amplas, os encontros vão apresentar, entre outros temas, pontos de vista sobre as formas de intervenção governamental, mas também as estratégias de resistências dentro das universidades, em cursos livres, técnicos e na prática da arte ativista que não está ligada a instituições.
A apresentação de experiências pedagógicas formais e não formais, de viés inclusivo e democrático, será outro ponto forte do debate, a partir da observação, por exemplo, da função dos espaços livres para a vivência das culturas da diversidade, a função das políticas públicas de acesso, as relações entre formação do olhar, empatia e democracia, o teatro no processo de decolonização do pensamento, a emergência das políticas identitárias e seus agentes e a visada histórica a respeito das relações entre arte, formação e Estado.
“O momento exige diálogos construtivos e posições firmes para a defesa da democracia, para a afirmação da importância das artes para a cultura e a economia de um país e para a conscientização que a educação é o pilar fundamental para o desenvolvimento sustentável de qualquer nação. Unir esses três temas em um seminário, com participação de artistas e professores de três continentes, em 14 mesas de discussão, será uma experiência riquíssima”, afirma o diretor executivo da SP Escola de Teatro, Ivam Cabral, idealizador do evento ao lado de Rodolfo García Vázquez, coordenador pedagógico da MT Escola de Teatro. Ao lado da dupla, na curadoria e na organização do Seminário, estão Marcio Aquiles, Miguel Arcanjo Prado (autor deste Blog do Arcanjo), Elen Londero e Kil Abreu.
As mesas virtuais acontecem de terça (3) a sábado (7), sempre em três horários: às 11h (em inglês), às 13h (em português/espanhol) e às 15h (em português), com shows de nomes de destaque da música brasileira contemporânea encerrando a programação do dia, às 17h, de terça a sexta. O acesso será gratuito, através do YouTube da SP Escola de Teatro.
PROGRAMAÇÃO
TERÇA, 3 DE NOVEMBRO
11h – Painel de Abertura: Arte, Educação e Democracia.
Participantes: Brian Michaels (Alemanha), Ildikó Gáspár (Hungria), Klaudia Gardenö (Hungria), Eliot Shrimpton (Reino Unido). Mediação: Marcio Aquiles
13h – Espaços culturais que acolhem a diversidade para a construção democrática
Participantes: Coni Majdalani (Argentina), Léo Kildare Louback (Argentina), Wanira Vampira (Brasil). Mediação: Miguel Arcanjo Prado
15h – Arte, formação e Estado – experiências e impasses
Participantes: Edélcio Mostaço (Brasil), Christopher Kriese (Suíça), Fabiana Moraes (Brasil). Mediação: Kil Abreu
17h – Por Que Não Tem Paquita Preta? Show com a cantora Simone Magalhães
QUARTA, 4 DE NOVEMBRO
11h – Políticas públicas como construção de uma cultura democrática
Participantes: Sérgio Sá Leitão (Brasil), Hugo Possolo (Brasil), Ivam Cabral (Brasil). Mediação: Miguel Arcanjo Prado
13h – Corpos políticos e plurais: a arte como aliada democrática
Participantes: Patricio Ruiz (Argentina), Ricardo Nolasco (Brasil), Lucía Naser (Uruguai). Mediação: Miguel Arcanjo Prado
15h – Fantasiando corpos: Formação artística na Floresta, no Cerrado e além
Participantes: Karine Jansen (Brasil), Agnaldo Rodrigues (Brasil) e Dodi Leal (Brasil). Mediação: Kil Abreu
17h – Topázio – Show com o cantor Bruno César
QUINTA, 5 DE NOVEMBRO
11h – Formação artística, políticas públicas e cidadania
Participantes: Yulia Kleiman (Rússia), Aleksandar Dundjerovic (Inglaterra), Juan Peralta (Uruguai), Saana Lavaste (Finlândia), Thomas Brennan (Suécia). Mediação: Marcio Aquiles
13h – O teatro como resposta a políticas de opressão na América Latina
Participantes: Antonio Peredo (Bolívia), Rossana Hernández (Venezuela), Julieta Grinspan (Argentina) e Mariana Souto Mayor (Brasil). Mediação: Miguel Arcanjo Prado.
15h – Processos artístico-pedagógicos e práticas de resistência
Participantes: Fernando Villar (Brasil), Thiago Arrais (Brasil), Karina Figueiredo (Brasil). Mediação: Kil Abreu
17h – Fundamental – Show com o cantor Raphael Sales
SEXTA, 6 DE NOVEMBRO
11h – Sistemas de ensino na contemporaneidade
Participantes: Luisa Pinto (Portugal), Tony Frampenio (Angola), Rodolfo García Vázquez (Brasil). Mediação: Joaquim Gama
13h – Festivais como fomentadores da cultura democrática na América Latina
Participantes: Raul Sansica (Argentina), Hernan Halak (Brasil/Argentina), Ana Groch (Argentina). Mediação: Miguel Arcanjo Prado
15h – Teatros negros e a cena popular no contexto da polarização brasileira
Participantes: Marcos Alexandre (Brasil), Lucelia Sergio (Brasil) , Flavio Ferreira (Brasil). Mediação: Kil Abreu
17h – Lares, Mares e Manhãs – Show de Mauricio Pazz
SÁBADO, 7 DE NOVEMBRO
11h – Teatro, educação e decolonização
Participantes: Warona Seane (África do Sul), Mpho J Molepo (África do Sul), Refiloe Lepere (África do Sul), Zolani Shangase (África do Sul), Pieter Jacobs (África do Sul). Mediação: Napo Masheane.
13h – Escolas de teatro e vida artística na crise: censura, autonomia, invenção
Participantes: Marcos Fábio de Faria (Espanha), Marcos Malavia (Bolívia), Silvana Garcia (Brasil)
15h – Os entornos do sensível : formações do olhar, empatia e democracia
Participantes: Flavio Desgranges (Brasil), Sanna Ryynänen (Finlândia). Mediação: Kil Abreu
Miguel Arcanjo Prado é jornalista, mestre em Artes pela UNESP, pós-graduado em Mídia, Informação e Cultura pela USP e bacharel em Comunicação Social pela UFMG. Eleito três vezes pelo Prêmio Comunique-se um dos melhores jornalistas de Cultura do Brasil. Nascido em Belo Horizonte, vive em São Paulo desde 2007. É crítico da APCA, da qual foi vice-presidente. Passou por Globo, Record, Folha, Contigo, Editora Abril, Gazeta, Band, Rede TV e UOL, entre outros. Desde 2012, faz o Blog do Arcanjo, referência no jornalismo cultural. Em 2019 criou o Prêmio Arcanjo de Cultura no Theatro Municipal de SP. Em 2020, passou a ser Coordenador de Extensão Cultural e Projetos Especiais da SP Escola de Teatro e começou o Podcast do Arcanjo em parceria com a OLA Podcasts. Foto: Bob Sousa.
1 Resultado
[…] Fonte: Blog do Arcanjo […]