Por Miguel Arcanjo Prado
Morreu aos 90 anos o produtor teatral da Broadway Roger Berlind no último dia 18 de dezembro. Segundo a família, a causa da morte foi parada cardiorrespiratória. Ele foi responsável por mais de 100 espetáculos e ganhou 25 prêmios Tony, o Oscar do teatro norte-americano, entre eles para Amadeus e O Livro dos Mórmons.
Roger Stuart Berlind nasceu em 27 de junho de 1930 no Brooklyn, filho de um administrador de hospital e de uma pintora e professora de artes. Sua marca foi ter levado musicais dinâmicos para o maior centro teatral do mundo.
Após ser pianista na juventude, foi trabalhar no mundo dos negócios em Wall Street, Nova York. Na época em que trabalhava em uma corretora, viveu uma tragédia pessoal: a mulher e três dos quatro filhos do casal morreram numa queda de avião no Aeroporto Internacional Kennedy.
Com o drama familiar, pediu demissão, alegando que “ganhar dinheiro não fazia mais sentido”, como contou ao The New York Times anos depois. Após enfrentar longa depressão, reconstruiu sua vida na Broadway, encontrando conforto no teatro, que literalmente salvou sua vida no que chamou de segundo ato de sua história.
Sua primeira produção foi Rex, em 1976, sem grande sucesso. A glória veio com Amadeus, em 1980. A ele, seguiram êxitos como Sophjected Ladies, de 1981, e Nine, de 1982.
Após os ataques de 2001, comoveu a cidade ao permanecer em cartaz com Kiss Me, Kate até o fim daquele ano, com sessões para a equipe de bombeiros que trabalhou no resgate às vítimas do ataque às Torres Gêmeas, elenco e equipe técnica abriram mão de 25% de seus salários e doaram outros 25% para que isso fosse possível.
Certa vez, questionado pelo NY Times sobre quando perdia dinheiro em peças que não davam certo, ele declarou: “Eu sei que não vale a pena perder financeiramente, mas eu amo o teatro”. Deixou a segunda mulher, Brook, o filho, William, um irmão, Alan, e três netas.
Lembre as mortes em 2020 na Cultura
Miguel Arcanjo Prado é jornalista, mestre em Artes pela UNESP, pós-graduado em Mídia, Informação e Cultura pela ECA-USP e bacharel em Comunicação Social pela UFMG. Eleito três vezes pelo Prêmio Comunique-se um dos melhores jornalistas de Cultura do Brasil. Nascido em Belo Horizonte, vive em São Paulo desde 2007. É crítico da APCA, da qual foi vice-presidente. Passou por Globo, Record, Folha, Contigo, Editora Abril, Gazeta, Band, Rede TV e UOL, entre outros. Desde 2012, faz o Blog do Arcanjo, referência no jornalismo cultural. Em 2019 criou o Prêmio Arcanjo de Cultura no Theatro Municipal de SP. Em 2020, passou a ser Coordenador de Extensão Cultural e Projetos Especiais da SP Escola de Teatro e começou o Podcast do Arcanjo em parceria com a OLA Podcasts. Foto: Bob Sousa.
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