Por Miguel Arcanjo Prado
Hugo Possolo está de volta ao Theatro Municipal de São Paulo como diretor-geral. No ano passado ele havia deixado o posto de diretor artístico do Municipal para tornar-se secretário Municipal de Cultura de São Paulo, sucedendo Alê Youssef. Com a volta de Youssef ao comando da Secretaria de Cultura no governo do prefeito reeleito Bruno Covas, Hugo Possolo foi escolhido para ocupar o cargo de diretor-geral da Fundação Theatro Municipal. Segundo a colunista Mônica Begamo, da Folha, “a nomeação deve ser oficializada nos próximos dias”.
De acordo com a colunista, Possolo vai acompanhar de perto o processo que escolherá a nova entidade gestora do Theatro Municipal. Ele ainda vai coordenar o núcleo responsável pelas comemorações organizadas pela pasta para o centenário da Semana de 1922, dando prosseguimento ao projeto Novos Modernistas, iniciado em sua gestão como diretor artístico do Municipal. Possolo conseguiu aumentar o número de frequentadores do Municipal, fazendo com que milhares de paulistanos frequentassem o nobre templo das artes pela primeira vez.
Não custa lembrar que Possolo modernizou a programação do Municipal, abrindo o luxuoso palco da cidade para artistas circenses, periféricos, negros e LGBTQIA+, que apresentaram espetáculos como AmarELO, de Emicida, que virou documentário na Netflix, Prot{AGÔ]nistas, com artistas circenses e músicos negros, e Divinas Divas, com travestis e trans pioneiras nas artes.
Também sob sua gestão, o Municipal abrigou noite histórica com Fernanda Montenegro, que foi ovacionada ao defender a democracia e protestar contra a censura, além da ópera O Barbeiro de Sevilha, protagonizada pelo barítono David Marcondes, pioneiro negro como protagonista de montagens eruditas. Miguel Falabella também dirigiu a opereta popular A Viúva Alegre, que encheu o Municipal em todas as sessões.
Também sob gestão de Possolo, o Municipal abarcou o Festival Eté, com espetáculos como Entrevista com Phedra, com a história da lendária atriz e diva trans da praça Roosevelt, Phedra D. Córdoba. Foi sob sua gestão como diretor artístico que o Theatro Municipal abrigou a estreia do Prêmio Arcanjo de Cultura, que ocupou o palco do Municipal com diversidade e pluralidade.
Hugo Possolo é ator, palhaço e dramaturgo. Ele é um dos fundadores do Parlapatões, um dos grupos humorísticos mais tradicionais do país, com sede na praça Roosevelt, no centro paulistano. Foi um dos responsáveis, ao lado de Raul Barretto, também do Parlapatões, e de Ivam Cabral e Rodolfo García Vázquez, do Satyros, pela revitalização da praça, antes um lugar perigoso e que com o teatro tornou-se epicentro cultural paulistano. Possolo também é um dos fundadores da SP Escola de Teatro, na qual já coordenou os cursos de Humor e de Atuação.
Hugo Possolo deixou Municipal democrático
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Miguel Arcanjo Prado é jornalista, mestre em Artes pela UNESP, pós-graduado em Mídia, Informação e Cultura pela ECA-USP e bacharel em Comunicação Social pela UFMG. Eleito três vezes pelo Prêmio Comunique-se um dos melhores jornalistas de Cultura do Brasil. Nascido em Belo Horizonte, vive em São Paulo desde 2007. É crítico da APCA, da qual foi vice-presidente. Passou por Globo, Record, Folha, Contigo, Editora Abril, Gazeta, Band, Rede TV e UOL, entre outros. Desde 2012, faz o Blog do Arcanjo, referência no jornalismo cultural. Em 2019 criou o Prêmio Arcanjo de Cultura no Theatro Municipal de SP. Em 2020, passou a ser Coordenador de Extensão Cultural e Projetos Especiais da SP Escola de Teatro e começou o Podcast do Arcanjo em parceria com a OLA Podcasts. Foto: Bob Sousa.