Por Miguel Arcanjo Prado
O ator Velson D’ Souza deixou Los Angeles para retornar a São Paulo e encarar o desafio de interpretar o maior comunicador brasileiro no musical Silvio Santos Vem Aí, O Musical, que teve temporada suspensa por conta da pandemia. Mas, se o teatro deu pausa, o ator formado em cinema pela FAAP e que atuou nas novelas do SBT Cristal, Revelação e Vende-se Um Véu de Noiva se concentrou no audiovisual. Ator com carreira internacional nos EUA, ele pode ser visto no streaming no filme Presos nas Sombras (Finders Keepers) e na série Home Office, disponíveis na Amazon Prime Video.
Aprendizado nos EUA
Velson lembra que após as novelas no SBT, resolveu ir para os Estados Unidos em busca de aperfeiçoamento. Aprovado em quatro universidades estrangeiras, escolheu a nova-iorquina The New School for Drama para seu Mestrado de Interpretação, e logo ambientou-se à cena artística da Big Apple, sendo representado por um agente local.
Sempre tive o sonho de trabalhar como ator em cinema e televisão, mas fazer a faculdade me pareceu perfeito, pois eu teria um ensino superior e ainda ampliaria meus horizontes. O cinema sempre falou mais alto e acredito que ter estudado audiovisual me mudou como ator, além de me dar uma noção muito maior do trabalho que fazemos, para que algo de qualidade seja entregue”, conta.
Filme de terror
Nos EUA, o ator viveu Eric, um dos protagonistas do terror Presos nas Sombras, filmado em 2016 sob a direção de Danny LeGare, e que chegou ao catálogo da Amazon Prime em 2020.
“Foi nele que tive a oportunidade de fazer meu primeiro protagonista no cinema americano. Eric é o líder do grupo e quem decide os locais novos a explorar, ao lado de sua namorada e seus amigos. O objetivo é conquistar novos seguidores no Instagram ao postar fotos de lugares ‘assombrados’”, conta.
No catálogo norte-americano do mesmo serviço de streaming, ele pode ainda ser visto no filme Prince Harming, de Marianne Hettinger, de 2019.
Série original
Outra produção que acaba de entrar na Amazon Prime é a série de humor Home Office. Fruto da quarentena, o projeto original, que estreou sua primeira temporada no YouTube, foi idealizado e realizado de forma 100% remota e digital em todas as suas etapas. Com a assinatura de Velson na produção executiva, ao lado dos sócios Emílio Boechat e Marília Toledo. Interpreta Alfredo, um roteirista de TV que gosta de dizer que é dramaturgo de teatro.
“A série teve uma excelente repercussão na internet. Sempre achei que o lugar perfeito para a nossa série de comédia seria em um canal de streaming. Tudo o que queremos é levar a produção para o maior número de pessoas. Agora, estamos no lugar certo”, afirma.
Em paralelo ao seu desempenho nos palcos e nas telas, Velson é sócio fundador da BraZa Productions, empresa americana que tem como foco principal desenvolver roteiros e produzir filmes que tenham relevância para o atual momento da sociedade.
O último projeto lançado foi uma série de curtas de um minuto, chamada Fear Anthology e feita exclusivamente para Instagram, mas outros trabalhos da produtora, como curtas, podem ser conhecidos através do Vimeo e do YouTube.
Roteiro e atuação
Ele ainda é sócio-criador do concurso de roteiros Blue Draft Screenwriting Contest, onde roteiristas do mundo todo enviam textos de curta metragem na tentativa de serem escolhidos e produzidos como prêmio. Os inscritos também contam com um feedback dado por Velson.
“Sempre senti a necessidade de criar arte e não apenas esperar o telefone tocar. Já era o que eu fazia no Brasil, quando produzia teatro, antes de me mudar. Tudo isso me ajudou a entrar no mercado de trabalho americano, ganhar credibilidade e conhecer outros criativos para colaborarmos em novos projetos. Acabei expandindo não somente minhas possibilidades de trabalho por trás das câmeras, mas também à frente, recebendo propostas como ator por conta dos projetos realizados pela BraZA Productions e do meu desempenho como produtor”, conta.
Atuação sem exageros
Com mais de 40 trabalhos no currículo, ele ainda lança o curso online de Técnicas Americanas de Interpretação, com os mesmos moldes do ensino americano, tendo como base o Método de Lee Strasberg, e de outros grandes mestres da interpretação realista e naturalista Americana como Stella Adler, Sanford Meisner e Uta Hagen.
“O meu grande objetivo é desmistificar esses métodos e tornar o processo do ator mais objetivo e direto. Uma das coisas que mais luto contra é o foco demasiado na ‘emoção’ do ator, que, a meu ver, é bastante comum em diretores e atores brasileiros”, avalia.
“Também criei um grupo de estudos profissional onde trabalho cenas novas toda semana com os atores, além de abordar as técnicas que trabalho. Estou maravilhado com o resultado que venho percebendo, a evolução dos alunos é gratificante. Assim como essas técnicas mudaram minha vida, é lindo ver como tem mudado a deles”, define.
Mesmo com tantas coisas, o artista promete mais: “O próximo passo será oferecer um curso digital abordando as técnicas, assim muitas pessoas poderão ter acesso, de qualquer lugar, e mudar sua perspectiva ao começar um trabalho de atuação”, promete.
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Miguel Arcanjo Prado é jornalista, mestre em Artes pela UNESP, pós-graduado em Mídia, Informação e Cultura pela ECA-USP e bacharel em Comunicação Social pela UFMG. Eleito três vezes pelo Prêmio Comunique-se um dos melhores jornalistas de Cultura do Brasil. Nascido em Belo Horizonte, vive em São Paulo desde 2007. É crítico da APCA, da qual foi vice-presidente. Passou por Globo, Record, Folha, Contigo, Editora Abril, Gazeta, Band, Rede TV e UOL, entre outros. Desde 2012, faz o Blog do Arcanjo, referência no jornalismo cultural. Em 2019 criou o Prêmio Arcanjo de Cultura no Theatro Municipal de SP. Em 2020, passou a ser Coordenador de Extensão Cultural e Projetos Especiais da SP Escola de Teatro e começou o Podcast do Arcanjo em parceria com a OLA Podcasts. Foto: Edson Lopes Jr.