No Limite volta com ex-BBBs na Globo
Por Zirlene Lemos
Em uma época na qual realities estão em alta, haja vista a audiência do BBB21, a Rede Globo vai ‘ressuscitar’ um dos responsáveis por dar início a essa paixão nacional. Depois de 21 anos desde a primeira edição, a Globo confirma que No Limite vai voltar às telas da emissora em 2021.
Ex-apresentador de A Fazenda na Record, Marcos Mion é cotado para apresentar a quinta temporada de No Limite. Repaginado e cheio de novidades, dessa vez os competidores não serão anônimos, como nas versões anteriores, mas rostos já conhecidos do grande público.
A Vênus Platinada vai escolher participantes de edições anteriores do Big Brother Brasil. Eles vão trocar a experiência de ter vivido com todo o luxo e conforto na casa mais vigiada do Brasil por um desafio que promete muitas aventuras, dormir ao relento, conviver com insetos e outros tantos desconfortos que devem estressar os concorrentes e aumentar a audiência da emissora.
Boninho saiu de lá
Adivinha só quem era o diretor geral do programa No Limite? Acertou quem respondeu José Bonifácio de Oliveira, vulgo Boninho, diretor responsável pelos realities na Globo e filho do ex-todo-poderoso da emissora, José Bonifácio de Oliveira Sobrinho, o Boni.
Boninho estava na primeira edição do No Limite, 20 anos atrás. “Eu fazia parte de uma jornada que eu não imaginava o quanto mudaria a minha vida. Produzimos o primeiro reality brasileiro! O No Limite trouxe para a televisão brasileira um formato que veio para ficar e se transformou numa paixão nacional. A volta do No Limite é um desejo antigo – meu e de muita gente”, celebra Boninho em conversa com o Blog do Arcanjo.
Para quem não se lembra, em maio do ano passado, Boninho fez algumas postagens em suas redes sociais, dando a entender a possibilidade de retorno do programa. Ele chegou a postar uma foto da quarta temporada do reality No Limite, de 2009.
História de sucesso
No Limite estreou na Globo em 23 de julho de 2000, e a primeira edição foi exibida até 10 de setembro do mesmo ano.
Criado com base no programa norte-americano Survivor, da CBS, Zeca Camargo, hoje na Band, foi seu primeiro apresentador.
No ano seguinte, outras duas edições foram feitas e a 4ª edição do programa retornou apenas em julho de 2009, porém não teve a mesma audiência.
Sobre a seleção dos candidatos, produtores eram espalhados em quatro cidades (Rio de Janeiro, São Paulo, Porto Alegre e Salvador) e simplesmente abordavam pessoas na rua com a pergunta: “Você passaria uma semana numa ilha deserta?”.
A cada mil pessoas abordadas, cem demonstravam interesse. Depois de contatos e mais etapas, eram 12 classificados, que passavam por exames físicos e psicológicos antes de seguirem para as locações do programa.
O jogo funcionava da seguinte maneira: 12 participantes, com idades entre 20 e 54 anos, na fictícia Praia dos Anjos, a 100 quilômetros de Fortaleza, locação da primeira edição. Eles eram divididos em duas “tribos”, ficavam em partes diferentes da ilha e batalhavam pela sobrevivência em paisagens paradisíacas. Passavam por provas extenuantes, que envolviam habilidades físicas e de resistência.
Consta no site Memória Globo que a cada participante era permitida uma dieta de cerca de 250 calorias por dia. Ou seja, quase passavam fome.
A Globo também permitia a cada participante levar algumas mudas de roupas e um “objeto de estimação” e fornecia protetor solar, capa de chuva, repelente e absorvente.
Isso tudo para concorrer a um prêmio de R$ 300 mil e cada um receberia também um carro 0 Km – exceto se desistisse da competição por vontade própria.
As gravações duravam em média entre 21 e 25 dias, contando com uma equipe com mais de 100 profissionais e 10 operadores de câmeras que se revezavam durante 24 horas, para gravar cada movimento dos integrantes.
As 4 edições do programa foram gravadas em Fortaleza, na Chapada dos Guimarães, em Mato Grosso, na ilha de Marajó, no Pará, e a 4ª edição retornou para o Ceará, em Flecheiras, uma cidadezinha distante a duas horas de Fortaleza.
Curiosidades do No Limite
Todas as etapas do programa contaram com o apoio logístico da Marinha e serviços médicos e hospitalares.
A equipe de produção incluía a psicóloga Deise Werneck, a bióloga Brigitte Bertin, o pesquisador e doutor em lingüística Luiz Carlos Borges e o índio guarani Wera D’jekupe.
Após a primeira edição do reality show, a Globo licenciou uma linha de 25 produtos com a marca do programa – bonés, canivetes, jogos, camisetas, livros e telescópios. Naquela época, foi o maior volume de produtos licenciados para um programa da emissora.
No Limite recebeu o prêmio de melhor programa de televisão de 2000, concedido pela Associação Paulista de Críticos de Arte (APCA), da qual Miguel Arcanjo Prado, diretor do Blog do Arcanjo, é membro e foi vice-presidente.
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Miguel Arcanjo Prado é jornalista, mestre em Artes pela UNESP, pós-graduado em Mídia, Informação e Cultura pela ECA-USP e bacharel em Comunicação Social pela UFMG. Eleito três vezes pelo Prêmio Comunique-se um dos melhores jornalistas de Cultura do Brasil. Nascido em Belo Horizonte, vive em São Paulo desde 2007. É crítico da APCA, da qual foi vice-presidente. Passou por Globo, Record, Folha, Contigo, Editora Abril, Gazeta, Band, Rede TV e UOL, entre outros. Desde 2012, faz o Blog do Arcanjo, referência no jornalismo cultural. Em 2019 criou o Prêmio Arcanjo de Cultura no Theatro Municipal de SP. É coordenador de Extensão Cultural e Projetos Especiais da SP Escola de Teatro, colunista do Notícias da TV e faz o Podcast do Arcanjo em parceria com a OLA Podcasts. Foto: Edson Lopes Jr.