Casados há 27 anos, Fernanda Couto e Kiko Vianello vivem casal em Aviso Prévio

Por Miguel Arcanjo Prado

Não é tarefa fácil sustentar com amor um casamento por 27 anos. Ainda mais sendo ambos atores e vivendo uma profissão em constante turbulência, como é o teatro. Mas, Fernanda Couto e Kiko Vianello não só conseguiram a façanha de seguirem juntos por quase três décadas, como ainda se tornaram grandes parceiros profissionais. Agora, atuam juntos como casal sozinhos no palco pela primeira vez em Aviso Prévio. A obra estreia presencialmente nesta sexta, 5 de março, e faz temporada presencial no Viga Espaço Cênico, sextas, sábados e domingos, às 18h, e ainda faz temporada digital na Sympla, de terça a quinta, às 20h.

Nesta quarentena, que serviu para que muitos casais revessem a relação, os dois, juntos desde os tempos de estudantes da EAD (Escola de Arte Dramática) na USP, se tornaram ainda mais cúmplices. Tanto que resolveram celebrar no palco este potente e duradouro amor a exemplo de outro mesmo casal do teatro que realizou a peça em 1987, sob direção de Francisco Medeiros: Nicette Bruno e Paulo Goulart.

Tudo começou ainda antes da pandemia, quando aceitaram o convite da diretora e também atriz Clara Carvalho para uma leitura de um texto clássico da dramaturga mineira Consuelo de Castro (1946-2016). “Não estamos só falando da relação de amor, mas de todas as relações que temos ao longo da vida, de autoestima, de acreditar na construção. Acho que chegamos num momento de maturidade artística e pessoal para enfrentar muitos temas delicados que acompanham as nossas vidas e todos os casais”, pontua Fernanda Couto.

Com a recente morte de Nicette, vítima da Covid-19 no fim de 2020, a remontagem de Aviso Prévio torna-se também um tributo ao lendário casal, com parceria sob os holofotes e também nos bastidores, como recorda Kiko Vianello. “Além de parceiro nos palcos e telas, Nicette e Paulo também foram sócios no histórico Teatro Paiol da rua Amaral Gurgel, no centro de São Paulo”.

Destaque da geração de dramaturgas pioneiras que colocaram a mulher em papel de importância no teatro nacional a partir da década de 1970, Consuelo de Castro trata das relações de um casal, muitas vezes próximos à linha tênue da separação. “O diálogo de Consuelo é denso, mas ágil, teatral, construído por recortes”, adianta Clara Carvalho. “Encontramos nas peças de Consuelo as discussões políticas, as contradições sociais, os dilemas da realização profissional feminina, os casamentos e descasamentos, a infidelidade, a liberdade sexual, enfim, questões que continuam a nos assombrar e mobilizar”, complementa a diretora.

Sob batuta da HBenjamim Produções pela Lei Aldir Blanc, a peça Aviso Prévio pode ser vista a partir de 5 de março e segue até 28 de março, com sessões sextas, sábados e domingos, 18h no Teatro Viga Espaço Cênico (r. Capote Valente, 1323, Metrô Sumaré, São Paulo). Os ingressos gratuitos e limitados devem ser retirados com 1 hora de antecedência na bilheteria do próprio teatro, que segue os protocolos de segurança sanitária. Haverá também sessões digitais nos dias 16, 17, 18, 23, 24 e 25 de março, sempre às 20h, com ingresso a R$20 pela Sympla.

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Miguel Arcanjo Prado é jornalista, mestre em Artes pela UNESP, pós-graduado em Mídia, Informação e Cultura pela ECA-USP e bacharel em Comunicação Social pela UFMG. Eleito três vezes pelo Prêmio Comunique-se um dos melhores jornalistas de Cultura do Brasil. Nascido em Belo Horizonte, vive em São Paulo desde 2007. É crítico da APCA, da qual foi vice-presidente. Passou por Globo, Record, Folha, Contigo, Editora Abril, Gazeta, Band, Rede TV e UOL, entre outros. Desde 2012, faz o Blog do Arcanjo, referência no jornalismo cultural. Em 2019 criou o Prêmio Arcanjo de Cultura no Theatro Municipal de SP. É coordenador de Extensão Cultural e Projetos Especiais da SP Escola de Teatro, colunista do Notícias da TV e faz o Podcast do Arcanjo em parceria com a OLA Podcasts. Foto: Edson Lopes Jr.