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Oscar na Globo derrapa com falas sobre ator negro e diretor coreano

Globo reproduziu racismo estrutural contra negros e orientais na transmissão do 93º Oscar - Fotos: Divulgação - Blog do Arcanjo 2021
Transmissão do 93º Oscar na Globo questionou talento de ator negro e confundiu diretor coreano com ditador – Fotos: Divulgação – Blog do Arcanjo 2021

Por MIGUEL ARCANJO PRADO
@miguel.arcanjo

A Globo foi infeliz em sua cobertura da 93ª edição do Oscar e reproduziu, mesmo que involuntariamente, pensamentos racistas estruturais contra negros e orientais em sua transmissão. Justamente em um ano que a festa mais importante do cinema buscou se abrir à diversidade entre indicados e vencedores.

A Globo já entrou no ar atrasada, praticamente com o Oscar em seus minutos finais, seguindo para um “melhores momentos”, que na verdade poderia ter se chamado “piores momentos”.

Talento negro minimizado

O comentarista Artur Xexéo foi no mínimo infeliz ao dizer que o único ator negro vencedor na noite, Daniel Kaluuya, melhor ator coadjuvante pelo filme Judas e o Messias Negro, não serviria para fazer “papéis suaves”. Segundo Xexéo, o britânico de 32 anos tem os “olhos arregalados” e que só serviria para fazer papéis “fortes”.

Só faltou o jornalista da Globo dizer que o ator negro só servia para papéis violentos e raivosos; foi o que deixou subtendido. Mais racismo estrutural, impossível.

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Durante a transmissão, Xexéo também chamou Dira Paes, sua colega na cobertura, de “Dilma”, confundindo a atriz com a ex-presidente.

Leia artigo sobre o caso.

Maria Beltrão e Artur Xexéo na Globo: cineasta coreano virou ditador; já talento de ator negro foi minimizado – Foto: Divulgação – Blog do Arcanjo 2021

Diretor coreano vira ditador

Outra falha involuntária que acabou explicitando o racismo estrutural que os orientais enfrentam no Ocidente foi quando a apresentadora Maria Beltrão chamou erroneamente de Kim Jong-un, nome do ditador da Coreia do Norte, o diretor de Parasita, o sul-coreano vencedor do Oscar Bong Joon-ho.

O ato falho ocorreu justamente no ano em que uma coreana venceu como melhor atriz coadjuvante: Yuh-Jung Youn, do filme Minari. Em seu discurso, a artista asiática lembrou que no Ocidente as pessoas não sabem pronunciar seu nome e que sua vitória se devia a uma “hospitalidade americana para uma atriz coreana”. Pelo jeito, a hospitalidade na Globo para a diversidade não foi a mesma.

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Jornalista cultural influente, Miguel Arcanjo Prado dirige o Blog do Arcanjo desde 2012 e o Prêmio Arcanjo desde 2019. É Mestre em Artes pela UNESP, Pós-graduado em Mídia e Cultura pela ECA-USP, Bacharel em Comunicação pela UFMG e Crítico da APCA – Associação Paulista de Críticos de Artes, da qual foi vice-presidente. Eleito três vezes um dos melhores jornalistas culturais do Brasil pelo Prêmio Comunique-se. Passou por TV Globo, Grupo Record, Grupo Folha, Editora Abril, Huffpost Brasil, Grupo Bandeirantes, TV Gazeta, UOL, Rede TV!, Rede Brasil, TV UFMG e O Pasquim 21. Foi coordenador da SP Escola de Teatro. Integra o júri do Prêmio Arcanjo, Prêmio Jabuti, Prêmio Governador do Estado de SP, Sesc Melhores Filmes, Prêmio Bibi Ferreira, Destaque Imprensa Digital, Prêmio Guia da Folha e Prêmio Canal Brasil. Vencedor do Troféu Nelson Rodrigues, Prêmio Destaque em Comunicação ANCEC, Troféu Inspiração do Amanhã, Prêmio África Brasil, Prêmio Leda Maria Martins e Medalha Mário de Andrade Prêmio Governador do Estado, maior honraria na área de Letras de São Paulo.
Foto: Edson Lopes Jr.
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