Liniker é motogirl trans na série Manhãs de Setembro da Amazon Prime Video

Por MIGUEL ARCANJO PRADO
@miguel.arcanjo

É uma pena que Vanusa não possa ter visto em vida sua música inspirar uma sensível série de televisão. Manhãs de Setembro leva título da canção mais emblemática da cantora que morreu no ano passado aos 73 anos, em um asilo de Santos. A série estreou nesta sexta (25) na Amazon Prime Video e é protagonizada pela atriz e cantora Liniker, que coloca na prática a atuação que aprendeu na Escola Livre de Teatro de Santo André antes da fama na música.

Criada por Miguel de Almeida, a série mostra o cotidiano da mulher trans Cassandra, papel de Liniker, que é fã de Vanusa, a quem escuta em LPs originais, e que trabalha como motogirl no centro de São Paulo, cidade na qual agora pode alugar seu próprio apartamento.

Além disso, a personagem tem um grande amor, Ivaldo, vivido por Thomas Aquino (o Pacote do filme Bacurau). Para movimentar a história, tudo muda em sua vida quando uma velha namorada de Cassandra, Leide, personagem de Karine Teles, surge com Gersinho, interpretado por Gustavo Coelho, menino que teria sido fruto de seu amor heterossexual do passado.

O Blog do Arcanjo mostra o trailer da série a seguir:

Minhocão e Uruguai

São Paulo é uma espécie de personagem secundária da trama, com cenários típicos como o Minhocão servindo de pano de fundo para a história. Apesar disso, a cidade abarcou apenas duas diárias das filmagens, sendo todo o restante da série produzida em Montevidéu, no Uruguai, por conta da pandemia. Foi de lá que Liniker soube da morte de Vanusa, no dia 8 de novembro de 2020, no meio de uma cena e ficou tomada pela emoção.

Atrizes T. no elenco

A série Manhãs de Setembro, dirigida por Luis Pinheiro, além da protagonista Liniker, traz também outras atrizes T. da comunidade LGBTQIA+: a também cantora trans Linn da Quebrada, reconhecida no mundo da música e que faz Pedrita, Clodd Dias, conhecida atriz trans dos palcos de São Paulo de peças como Luz Negra que dá vida a Roberta, Danna Lisboa, cantora e atriz travesti que interpreta Elis, e Divina Nubia, ícone do transformismo no Brasil, que vive a personagem Verônica.

Ainda estão no elenco Gero Camilo (do filme Carandiru), Paulo Miklos (ex-Titãs) e Karine Teles (do filme Bacurau), e a criança Isabela Ordoñez. O roteiro é assinado por Josefina Trotta, Alice Marcone e Marcelo Montenegro. A produção é da O2 Filmes, por Andrea Barata Ribeiro e Bel Berlink.

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Jornalista cultural influente, Miguel Arcanjo Prado dirige o Blog do Arcanjo desde 2012 e o Prêmio Arcanjo desde 2019. É Mestre em Artes pela UNESP, Pós-graduado em Mídia e Cultura pela ECA-USP, Bacharel em Comunicação pela UFMG e Crítico da APCA – Associação Paulista de Críticos de Artes, da qual foi vice-presidente. Eleito três vezes um dos melhores jornalistas culturais do Brasil pelo Prêmio Comunique-se. Passou por TV Globo, Grupo Record, Grupo Folha, Editora Abril, Huffpost Brasil, Grupo Bandeirantes, TV Gazeta, UOL, Rede TV!, Rede Brasil, TV UFMG e O Pasquim 21. Foi coordenador da SP Escola de Teatro. Integra o júri do Prêmio Arcanjo, Prêmio Jabuti, Prêmio Governador do Estado de SP, Sesc Melhores Filmes, Prêmio Bibi Ferreira, Destaque Imprensa Digital, Prêmio Guia da Folha e Prêmio Canal Brasil. Vencedor do Troféu Nelson Rodrigues, Prêmio Destaque em Comunicação ANCEC, Troféu Inspiração do Amanhã, Prêmio África Brasil, Prêmio Leda Maria Martins e Medalha Mário de Andrade Prêmio Governador do Estado, maior honraria na área de Letras de São Paulo.
Foto: Edson Lopes Jr.
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