Por MIGUEL ARCANJO PRADO
@miguel.arcanjo
“Yo no sé de dónde soy, mi casa está en la frontera, y las fronteras se mueven como las banderas”, canta o músico uruguaio Jorge Drexler. E quando falamos no Brasil, nossas fronteiras são continentais, com cerca de 17 mil quilômetros que o país ainda insiste em dar as costas. Pois é justamente virar-se para o outro lado de uma divisão inventada pelos homens que se propõe a segunda edição do projeto Música de Fronteira, que o Sesc 24 de Maio realiza gratuitamente em seus canais no Facebook e Youtube entre 29 de julho e 13 de agosto. Estão programados 18 nomes da música latino-americana, sob produção da Mapa Produtora e Invento. Entre os destaques estão o uruguaio Daniel Drexler, irmão do autor do verso que abre esta reportagem, e o gaúcho Renato Borghetti.
Realizado pela primeira vez em 2019, o Música de Fronteira terá sua segunda edição de modo digital, recordando que ser brasileiro é também ser latino-americano. Celebrando os 30 anos do Mercosul, o público poderá ouvir sonoridades fronteiriças como a guarânia, a milonga e os tambores da herança africana. “Com uma infinita combinação de assuntos, a segunda edição da série Música de Fronteira abraça eixos da música de fronteira nos dias de hoje construindo um novo mapa identitário para nós, latino-americanos”, afirmam os organizadores.
Música de Fronteira 2021
Programação da 2ª edição
29 de julho | 19h30 – Por uma geografia da música: identidades, territórios e canção – com Sérgio Molina e Lucas Panitz
A América Latina, formada por 13 países, pode também ser compreendida como um continente de fronteiras invisíveis, onde pulsa uma cultura agregadora, originária da diversidade dos povos. Essas particularidades são muito mais um fator de aproximação do que de distanciamento. Ao estudarmos determinados aspectos de cada gênero musical, por exemplo, aumentando o zoom de nossa análise, podemos encontrar uma matriz única que atravessa a obra tanto na melodia quanto no ritmo e na poética. Em 2021, ano em que se comemora 30 anos do Mercosul, os enlaces entre latinidades e brasilidades interagem de forma contínua nas artes. Neste bate-papo, os professores Sérgio Molina (FASM/SP) e Lucas Panitz (UFRGS), colocam a música como centro para uma discussão sobre produção de identidades.
30 de julho | 19h30 – A percussão nas Américas: o som do tambor – com Vina Lacerda, Mariana Baraj e José Batista
Como continente, compartilhamos de muitas influências culturais, como a forte cultura africana sobre as nossas raízes musicais. Este bate-papo discute a presença dos tambores nas Américas, seu trajeto da música folclórica à música dos dias de hoje e a relação da voz com os instrumentos de percussão. Como convidados, Jorge Batista, especialista em tambor sopapo e Mariana Baraj, artista e pesquisadora do bumbo leguero e ritmos argentinos. Na mediação, o pesquisador e instrumentista Vina Lacerda, idealizador do Festival Internacional de Percussão de Curitiba.
5 de agosto | 19h30 – O livre trânsito para produção de filmes, discos e séries de TV – com Fernanda Stica Thaís Fernandes e Pablo Francischelli
Bate-papo sobre a crescente produção audiovisual latino-americana cuja temática é a música. Documentários, séries de TV, discos e filmes são os pontos centrais para esta discussão sobre mercado, que comenta o trajeto de alguns intercâmbios culturais e projeta para o futuro cinematográfico – especialmente documental – das artes. A jornalista Fernanda Stica recebe Thais Fernandes, diretora do documentário Portuñol, e Pablo Francischelli, diretor do documentário Dois Tempos, estrelado por Lucio Yanel e Yamandu Costa.
6 de agosto | 19h30 – A conversa da canção brasileira com as fronteiras – com Renato Borghetti, Daniel Drexler, Juliana Cortes e Tó Brandileone
Um diálogo sobre a música em trânsito entre Brasil e países da fronteira: fusão de gêneros musicais, cooperações entre artistas, sínteses e processamentos de linguagem, canção e performance. No bate-papo, um pouco sobre a milonga-canção e a milonga-instrumental com seus acentos rítmicos, melódicos e a fusão com a música popular brasileira.
12 de agosto | 19h30 – A história do tango: especial centenário Astor Piazzola – com Arthur de Faria, Ignacio Varchausky e Martín Sued
Em 2021, comemora-se o centenário de um dos nomes mais importantes do tango: Astor Piazzolla. O célebre compositor fez história na música argentina desde a montagem de sua primeira orquestra em 1946 – início do primeiro mandato de Perón – até 1992, ano de sua morte. Este encontro revela uma parte da história do tango: seus acentos rítmicos e melódicos, formações instrumentais e problemáticas sociais através de um olhar sobre seu maior compositor.
13 de agosto | 19h30 – Música sem fronteiras: novas vozes – com Miguel Arcanjo, Ian Ramil e duo Las Añez
Identidade e pluralidade. Somos vizinhos, mas não falamos o mesmo idioma. Apesar disso, temos compartilhado a mesma língua nas trocas culturais. Neste encontro, o jornalista Miguel Arcanjo recebe o gaúcho Ian Ramil e as colombianas Juanita e Valentina Áñez (Duo Las Añez) para um bate-papo sobre circuitos culturais para a música latino-americana, produções de discos e montagens de espetáculos. Um intercâmbio de experiências que aponta os novos eixos para os artistas dos dias de hoje.
Redes
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Música de Fronteira – 2ª edição
Datas: 29/07 a 13/08, quintas e sextas, às 19h30
Local: Ao vivo no canal youtube.com/sesc24demaiovideos
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Classificação: 16 anos
Quanto: Grátis
Produção: Mapa Produtora e Invento
Realização: Sesc SP 24 de Maio
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Jornalista cultural influente, Miguel Arcanjo Prado dirige o Blog do Arcanjo desde 2012 e o Prêmio Arcanjo desde 2019. É Mestre em Artes pela UNESP, Pós-graduado em Mídia e Cultura pela ECA-USP, Bacharel em Comunicação pela UFMG e Crítico da APCA – Associação Paulista de Críticos de Artes, da qual foi vice-presidente. Eleito três vezes um dos melhores jornalistas culturais do Brasil pelo Prêmio Comunique-se. Passou por TV Globo, Grupo Record, Grupo Folha, Editora Abril, Huffpost Brasil, Grupo Bandeirantes, TV Gazeta, UOL, Rede TV!, Rede Brasil, TV UFMG e O Pasquim 21. Foi coordenador da SP Escola de Teatro. Integra o júri do Prêmio Arcanjo, Prêmio Jabuti, Prêmio Governador do Estado de SP, Sesc Melhores Filmes, Prêmio Bibi Ferreira, Destaque Imprensa Digital, Prêmio Guia da Folha e Prêmio Canal Brasil. Vencedor do Troféu Nelson Rodrigues, Prêmio Destaque em Comunicação ANCEC, Troféu Inspiração do Amanhã, Prêmio África Brasil, Prêmio Leda Maria Martins e Medalha Mário de Andrade Prêmio Governador do Estado, maior honraria na área de Letras de São Paulo.
Foto: Edson Lopes Jr.
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