Laranja Mecânica faz 50 anos: 10 curiosidades sobre o filme de Kubrick
Por MIGUEL ARCANJO PRADO
@miguel.arcanjo
Um dos maiores clássicos do cinema e referência para qualquer cinéfilo, Laranja Mecânica completa 50 anos em 2021. Dirigido por Stanley Kubrick, baseado no livro com o mesmo nome, do autor Anthony Burgess, o filme se passa em uma Grã-Bretanha distópica e retrata a vida de Alex, um sociopata muito carismático que lidera uma gangue que ele denomina como “drugues”, gosta de música clássica, além de realizar atos do que ele chama “ultraviolência”.
Ultraviolência fictícia para falar de questões reais
O filme abusa de cenas violentas, estupro, vandalismo e outras imagens perturbadoras para falar sobre delinquência juvenil, psiquiatria, política, sociedade e economia, tudo isso com uma atmosfera que Kubrick sabe trabalhar muito bem.
Em determinado ponto da história Alex e sua gangue são capturados e o protagonista tem a chance de diminuir sua pena ao fazer um tratamento experimental de condicionamento psicológico. Alex então cria uma rejeição a violência e sexo, enquanto seus amigos se tornarm policiais e continuam a praticar atos violentos, porém sob a proteção da instituição. É um filme complexo e com muitas nuances que vale a pena ser visto e revisto várias vezes.
Em comemoração aos seus 50 anos, o Blog do Arcanjo separou 10 curiosidades sobre esse excelente filme:
1 – Censura
O filme, apesar de ter sido lançado no Reino Unido em 1971, foi censurado em 1973 e retirada a sua distribuição pelo próprio Kubrick, que estava recebendo diversas ameaças de morte devido ao conteúdo do filme. No Brasil também houve censura, mas foi liberado depois de algum tempo, mas com tarjas pretas em cenas com nudez.
2 – Direitos Autorais
O autor Anthony Burgess vendeu os direitos para Mick Jagger por apenas 500 dólares e queria que os Rolling Stones interpretassem os drugues. Acabou revendendo os direitos para a adaptação cinemática por um valor muito maior.
3 – Anestesia
Para a filmagem do tratamento de Alex, os olhos do ator Malcolm McDowell foram anestesiados e o médico que o acompanha é realmente um médico, que estava ali justamente para evitar grandes problemas. Mesmo assim Malcolm teve suas córneas arranhadas pelos grampos utilizados.
4 – A música Cantando na Chuva – Singing in the Rain
A clássica música de Gene Kelly não estava nos planos originais do filme. Depois de experimentar a cena de agressão ao escritor e sua esposa por 4 dias, Kubrick perguntou se Malcolm McDowell sabia dançar. Ele improvisou com a única música que lhe vinha na cabeça, Singing in the Rain, que acabou ficando no filme após o diretor comprar seus direitos por 10 mil dólares.
5 – Gene Kelly não gostou do uso de sua música
Em um evento anos depois, Gene Kelly encontrou Malcolm McDowell porém o ignorou completamente e f acabou indo embora por se sentir enojado. Ele havia odiado como sua música estava relacionada a uma cena tão violenta no filme.
6 – Edição
Kubrick deixou o primeiro corte do filme com 4 horas de duração e só então contratou editores para chegar ao resultado final de 2h16m. Tudo que não foi para a versão final do filme foi destruído pelo diretor.
7 – Mais edição
A cena de sexo acelerado foi filmada em apenas um take com duração de 28 minutos. Já a cena final só ficou do jeito que Kubrick queria após 74 takes.
8 – A língua “Nadsat”
Criada pelo autor do livro, Anthony Burgess, o idioma utilizado na narração e pelos drugues é uma mistura de inglês, russo e várias gírias dessas línguas.
9 – A cena de estupro
Uma das cenas mais difíceis de gravar pois a atriz que foi escolhida originalmente para ser a esposa do escritor não aguentou a pressão. Adrienne Corri acabou fazendo a substituição e antes de gravar a cena falou para Malcolm McDowell: “Bom, Malcolm, hoje você vai descobrir que eu realmente sou ruiva”.
10 – A cobra Basil
Não existente na obra original, Kubrick decidiu colocar a cobra, chamada de Basil, por ter descoberto que Malcolm McDowell tinha fobia de répteis. Dizendo que isso traria um ar mais intimidador para o personagem Alex, no fundo, isso era apenas uma piada do diretor.
Confira o trailer caso você ainda não conheça essa obra-prima!
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Jornalista cultural influente, Miguel Arcanjo Prado dirige o Blog do Arcanjo desde 2012 e o Prêmio Arcanjo desde 2019. É Mestre em Artes pela UNESP, Pós-graduado em Mídia e Cultura pela ECA-USP, Bacharel em Comunicação pela UFMG e Crítico da APCA – Associação Paulista de Críticos de Artes, da qual foi vice-presidente. Eleito três vezes um dos melhores jornalistas culturais do Brasil pelo Prêmio Comunique-se. Passou por TV Globo, Grupo Record, Grupo Folha, Editora Abril, Huffpost Brasil, Grupo Bandeirantes, TV Gazeta, UOL, Rede TV!, Rede Brasil, TV UFMG e O Pasquim 21. Foi coordenador da SP Escola de Teatro. Integra o júri do Prêmio Arcanjo, Prêmio Jabuti, Prêmio Governador do Estado de SP, Sesc Melhores Filmes, Prêmio Bibi Ferreira, Destaque Imprensa Digital, Prêmio Guia da Folha e Prêmio Canal Brasil. Vencedor do Troféu Nelson Rodrigues, Prêmio Destaque em Comunicação ANCEC, Troféu Inspiração do Amanhã, Prêmio África Brasil, Prêmio Leda Maria Martins e Medalha Mário de Andrade Prêmio Governador do Estado, maior honraria na área de Letras de São Paulo.
Foto: Edson Lopes Jr.
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