Criação de Allan Oliver, da Dagnus Produções, espetáculo Bullying, O Musical revela novos artistas e conquista público jovem
Por MIGUEL ARCANJO PRADO
@miguel.arcanjo
Fotos BRUNO POLETTI
@brunopoletti
Bullying, O Musical mostra que o teatro musical paulistano está repleto de jovens talentos, ávidos para terem oportunidades no palco. Com elenco diverso, belo e aguerrido, o espetáculo escrito e dirigido por Allan Oliver, nome para se prestar atenção com seus 22 anos e já grandes proezas, estreou em 2019 e já passou por palcos como o Teatro West Plaza e o Teatro São Cristóvão, sempre com sucesso de público. Agora, faz temporada dentro da retomada das artes cênicas no Teatro Nair Bello, reabrindo a sala da Escola de Atores Wolf Maya, dentro do Shopping Frei Caneca, em São Paulo, com sessões aos sábados, 20h, e domingos, 18h (retire aqui seu ingresso).
Antes de mais nada, o espetáculo tem como principal motriz a força da juventude, ao ambientar-se no Colégio Epaminondas, repleto de adolescentes e inúmeros conflitos, já que os nascidos no novo milênio atualizaram digitalmente as maldades do bullying. Mas, obviamente, há também espaço para a descoberta do amor, da sexualidade e da identidade de gênero.
Tocando piano no canto esquerdo do palco, Leonardo Córdoba assina a direção musical, trazendo com habilidade os atores para o andamento necessário às canções. Nome com farta experiência nos musicais, Adenis Vieira coreografa com soluções criativas o grande time de atores — são 50 ao todo, que se revezam nas sessões, que contam cada uma com 21 atores em cena. A montagem ainda tem coordenação cênica de Lucas Colombo e versões de Rafael Oliveira. A produção executiva é de Luiz Mancuso, que não deixa os números desandarem.
Com sua Dagnus Produções, Allan Oliveira surge no teatro paulistano como um artista ávido por realizar e deixar sua marca. Como todo jovem que dá os primeiros passos na carreira, deixa transparecer aquela ansiedade típica da idade por concretizar sonhos embalados por muito tempo, o que não deixa de ser uma qualidade a quem está começando.
E é justamente este o disparador de seu trabalho árduo, o levando a mover mundos e fundos para conseguir o que quer. Em um mercado feroz e disputado, Allan Oliver cria suas próprias oportunidades. Seu foco é dialogar com as novas gerações e trazê-las ao teatro. Isso, obviamente, contribui, e muito, para o desenvolvimento de uma cultura teatral jovem, o que confere força ao teatro do futuro.
Este début de Allan Oliver como alguém capaz de conduzir um grande musical sem muitos recursos se dá com um espetáculo alinhado e coeso dentro de suas possibilidades de produção. É percetível a busca esmerada por se fazer o melhor com o que se tem. O roteiro, apesar de em alguns momentos ser reiterativo, captura o coração do público, sobretudo os mais jovens, que se identificam, e muito, com os conflitos colegiais em cima do palco, interpretados por um elenco vívido e entregue.
Por isso, é preciso aqui citar o nominalmente este elenco, até mesmo como incentivo deste crítico para que sigam carreiras de sucesso em nossos palcos: Lorena Tucci, Emmy Oliveira, Carol Roberto, Rafael Cairo, Manuel Marinho, Vinícius Perso, Giovanna Petená, Pietro Borba, Melissa Gomes, Raphaela Barbosa, Sophia Ávila Campos, Pietro Dal Monte, Isabela Thomaz, Letícia Cavalante, João Souto, Jaque Félix, Diego Fecini, Laura Simões, Marina Della Santa, Lidiane Barros, João Vitor Mafra, Yan Xavier, Julia Rodrigues, Beca Guerra, Isabella Castro, Victoria Arantes, Manu Magaldi, Kauê Rocha, Carol Akemi, Guilherme Albuquerque, Monalisa de Oliveira, Fernanda Capo, Celso Till e Luckas Moura.
Outro acerto é o fato de a trilha sonora do espetáculo recuperar pérolas do rock nacional já distantes da geração atual, fazendo com que esta dialogue com letras contundentes de grandes compositores como Cazuza bem antes da ditadura fútil do algoritmo se estabelecer. Afinal, é este mesmo o clima rock’n’roll do espetáculo. E como diz uma das músicas do ex-Barão Vermelho cantadas pelo elenco: “Eu te avisei, vai à luta, marca teu ponto na justa. O resto deixa pra lá”. É justamente isso que Allan Oliver e seu time de jovens atores fazem a cada sessão de Bullying, O Musical. E nisso colocam toda a energia do mundo. E não há nada melhor do que ver novos rostos vívidos no palco, com os olhos brilhando de paixão pelo teatro.
Bullying, O Musical, de Allan Oliver, da Dagnus Produções
Avaliação: Bom ✪✪✪
Crítica por Miguel Arcanjo Prado
Fotos Bruno Poletti
Onde: Teatro Nair Bello – Shopping Frei Caneca, 3º piso – Rua Frei Caneca, 569, Consolação, São Paulo
Quando: Sábados, 20h, e domingos, 18h; 105 min.
Quanto: R$ 35 a R$ 70 (retire aqui seu ingresso)
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Jornalista cultural influente, Miguel Arcanjo Prado dirige o Blog do Arcanjo desde 2012 e o Prêmio Arcanjo desde 2019. É Mestre em Artes pela UNESP, Pós-graduado em Mídia e Cultura pela ECA-USP, Bacharel em Comunicação pela UFMG e Crítico da APCA – Associação Paulista de Críticos de Artes, da qual foi vice-presidente. Eleito três vezes um dos melhores jornalistas culturais do Brasil pelo Prêmio Comunique-se. Passou por TV Globo, Grupo Record, Grupo Folha, Editora Abril, Huffpost Brasil, Grupo Bandeirantes, TV Gazeta, UOL, Rede TV!, Rede Brasil, TV UFMG e O Pasquim 21. Foi coordenador da SP Escola de Teatro. Integra o júri do Prêmio Arcanjo, Prêmio Jabuti, Prêmio Governador do Estado de SP, Sesc Melhores Filmes, Prêmio Bibi Ferreira, Destaque Imprensa Digital, Prêmio Guia da Folha e Prêmio Canal Brasil. Vencedor do Troféu Nelson Rodrigues, Prêmio Destaque em Comunicação ANCEC, Troféu Inspiração do Amanhã, Prêmio África Brasil, Prêmio Leda Maria Martins e Medalha Mário de Andrade Prêmio Governador do Estado, maior honraria na área de Letras de São Paulo.
Foto: Edson Lopes Jr.
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