Festival Dona Ruth de Teatro Negro ganha 3ª edição para celebrar centenário da grande atriz

Ruth de Souza (1921-2019) teria completado 100 anos em 12 de maio de 2021. Para celebrar a grande atriz brasileira, que morreu em 2019, chega aos teatros e telas paulistanas a terceira edição do Festival Dona Ruth de Teatro Negro de São Paulo. O evento acontece até 31 de outubro, celebrando a primeira atriz negra a protagonizar uma novela da Globo, em 1969 (“A Cabana do Pai Tomás”).
A programação conta com apresentações presenciais e online, incluindo dezesseis Atos Artísticos (espetáculos, experimentos cênicos, performances e show), onze Giras de Conversa e quatro Quilombos Artístico-Pedagógicos. O festival é uma parceria entre a Secretaria Municipal de Cultura de São Paulo, Itaú Cultural, Sesc São Paulo, Oficina Cultural Oswald Andrade e Museu Afro Brasil.

Para os idealizadores do festival, Ellen de Paula e Gabriel Cândido, a terceira edição do Dona Ruth: Festival de Teatro Negro de São Paulo é “uma grande encruzilhada política e afetiva, atenta e comprometida com as urgências do nosso tempo”. Unir a celebração do que seriam os 100 anos da atriz Ruth de Souza com o encontro entre produções negras e indígenas, gerando uma programação gratuita de alcance nacional, é de fato um ato impactante no meio cultural brasileiro. “Esta edição marca a realização de vários de nossos desejos, sobretudo o de fazer com que o festival tenha uma dimensão nacional e com a presença de artistas indígenas”, pontua Cândido.
Nos equipamentos da SMC, os teatros João Caetano e Cacilda Becker são palco para quatro apresentações presenciais gratuitas, que ocorrem nos dias 30 e 31. “Yepário e Saberes”, obra inédita de Sandra Nanayna, foi criada especialmente para o festival e relata o cotidiano de quatro pessoas indígenas residentes em contexto urbano. “Vermelho, Branco e Preto”, com Cibele Mateus, mergulha no imaginário afro-diaspórico para saber mais sobre as fontes do riso. “Xawara – Deus das Doenças ou Troca Injusta”, com concepção de Juão Nyn, reflete sobre as epidemias que marcaram o primeiro contato entre europeus e indígenas. Já “Episódio I: Uenda-Congembo (Morrer)”, concebida e interpretada por Luciano Mendes de Jesus, discute os sentidos da vida e da morte a partir das últimas horas de uma pessoa. Após as peças, acontecem as Giras de Conversa: bate-papos com artistas e pesquisadores para refletir sobre teatro, sociedade e cultura.
Destaques da programação:
TEATRO CACILDA BECKER
Sábado, 30 de outubro
21h – Yepário e Saberes
Classificação: 16 anos
Duração: 60 minutos
A obra está sendo criada especialmente a para o Dona Ruth: Festival de Teatro Negro de São Paulo – 3ª edição. A peça relata o cotidiano de quatro pessoas indígenas, residentes no contexto urbano, mantendo viva a oralidade em passar os saberes , de geração para geração . A peça é falada na língua nativa tukano
22h – Giras de Conversa com Bruno Cavalcanti (SP) e Sandra Nanayna (AM)
Classificação: Livre
Domingo, 31 de outubro
19h – Vermelho, Branco e Preto
Classificação: 16 anos
Duração: 60 minutos
A partir da figura cômica “Mateus”, da brincadeira do Cavalo Marinho pernambucano, Cibele Mateus mergulha no imaginário afro-diaspórico para saber mais sobre as fontes do riso, uma vez que as origens da dor e do pranto são muito bem conhecidas e exploradas.
20h – Gira de Conversa com Bruno Cavalcanti (SP) e Cibele Mateus (SP)
Classificação: Livre

TEATRO JOÃO CAETANO
Sábado, 30 de outubro
21h – Xawara – Deus das Doenças ou Troca Injusta
Classificação: Livre
Duração: 60 minutos
Xawara significa “epidemia” para o povo Yanomami. Na história do Brasil e da América Latina, indígenas morreram ao primeiro contato com o homem branco, por conta das novas bactérias e vírus.
22h – Gira de Conversa com Clodd Dias (SP) e Juão Nyn (RN/ SP)
Classificação: Livre
Domingo, 31 de outubro
19h – Episódio I: Uenda-Congembo (Morrer)
Classificação: Livre
Duração: 60 minutos
Nas suas últimas horas uma pessoa pode ser tudo o que não sabe. Sendo negra, pode experimentar ser branca; se não é jovem nem velha, pode experimentar ser uma raiz. Sendo homem, pode experimentar ser mulher; se não é homem nem mulher, pode experimentar ser a sombra de uma criança.
20h – Gira de Conversa com Clodd Dias (SP) e Luciano Mendes de Jesus (SP)
Classificação: Livre
Conheça a programação completa!
Editado por Miguel Arcanjo Prado
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Jornalista cultural influente, Miguel Arcanjo Prado dirige o Blog do Arcanjo desde 2012 e o Prêmio Arcanjo desde 2019. É Mestre em Artes pela UNESP, Pós-graduado em Mídia e Cultura pela ECA-USP, Bacharel em Comunicação pela UFMG e Crítico da APCA – Associação Paulista de Críticos de Artes, da qual foi vice-presidente. Eleito três vezes um dos melhores jornalistas culturais do Brasil pelo Prêmio Comunique-se. Passou por TV Globo, Grupo Record, Grupo Folha, Editora Abril, Huffpost Brasil, Grupo Bandeirantes, TV Gazeta, UOL, Rede TV!, Rede Brasil, TV UFMG e O Pasquim 21. Foi coordenador da SP Escola de Teatro. Integra o júri do Prêmio Arcanjo, Prêmio Jabuti, Prêmio Governador do Estado de SP, Sesc Melhores Filmes, Prêmio Bibi Ferreira, Destaque Imprensa Digital, Prêmio Guia da Folha e Prêmio Canal Brasil. Vencedor do Troféu Nelson Rodrigues, Prêmio Destaque em Comunicação ANCEC, Troféu Inspiração do Amanhã, Prêmio África Brasil, Prêmio Leda Maria Martins e Medalha Mário de Andrade Prêmio Governador do Estado, maior honraria na área de Letras de São Paulo.
Foto: Edson Lopes Jr.
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