Maria Thereza e Dener estreia em noite histórica com 1ª dama perseguida pela ditadura no Teatro Eva Herz

Por MIGUEL ARCANJO PRADO
@miguel.arcanjo
Fotos EDSON LOPES JR.
@edson_lopes_jr
Maria Thereza Goulart, a primeira dama mais bela que o Brasil já teve e que foi deposta juntamente com seu marido, o presidente João Goulart, o Jango, pela ditadura de 1964, aplaudiu, emocionada, a sua própria história no palco. Em cartaz no Teatro Eva Herz às quartas e quintas, às 20h, a peça Maria Thereza e Dener traz sua história com o amigo e estilista Dener Pamplona de Abreu (1937-1978), ícone da alta costura brasileira e que colocou fez da primeira dama um marco de beleza e elegância na esfera internacional.

Sentada na terceira fila do charmoso Teatro Eva Herz, na Livraria Cultura do Conjunto Nacional da Avenida Paulista, Maria Thereza acompanhou cada detalhe da encenação, que misturou momentos de leveza, como também de tristeza, com o golpe militar que tirou seu marido do poder e o exílio no Uruguai, onde ficou viúva.

Recuperando a história de dois personagens esquecidos por este Brasil sem memória, a obra conta com os ótimos atores Angela Dippe e Thiago Carreira, que interpretam, respectivamente, a primeira dama que conquistou a imprensa e o célebre estilista. O espetáculo é dirigido com delicadeza por Ricardo Grasson, que foca no jogo certeiro entre os dois atores e na boa dramaturgia que possui em mãos. O texto de José Eduardo Vendramini, a partir do livro Uma Mulher Vestida de Silêncio, A Biografia de Maria Thereza Goulart, do jornalista e escritor Wagner William, é preciso e coeso, criando um drama com inteligência e ao mesmo tempo sutileza.


A noite de estreia contou com a presença de personalidades da cultura na plateia, como o vereador Eduardo Suplicy, as escritoras e jornalistas Maria Adelaide Amaral e Barbara Gancia, e as atrizes Carol Hubner e Mayana Nevia, entre outros.
O Blog do Arcanjo acompanhou a noite com exclusividade e mostra como foi nas imagens de Edson Lopes Jr.
A sensação de ver a peça Maria Thereza e Dener é emocionante, nunca imaginei uma coisa dessas! Fiquei contente em poder homenagear o Dener, meu grande amigo. Já li o livro três vezes e sempre me emociono. E agora com esse carinho do pessoal do teatro para comigo. O que mais pegou o coração foi o final, quando eu gravei um trecho do livro, e ouvi minha voz no palco. Aquele final é muito importante para mim. A Angela Dippe está maravilhosa e o Thiago Carreira está idêntico ao Dener. Espetacular!
Maria Thereza Goulart
Ex-primeira dama do Brasil e viúva do presidente João Goulart
Foi muito emocionante fazer a Maria Thereza Goulart com ela na plateia. Li o livro e quis levar essa história aos palcos. Sou gaúcha, meu pai conheceu o Jango e vi a importância de contar essa história de um momento que dialoga com o que estamos passando.
Angela Dippe
atriz
Confesso que não sabia quem era o Dener. Muita gente que conversei não lembrava nem conhecia. Depois, estudando, vendo que foi precursor da alta costura, deu muita responsabilidade. Li muitas coisas, porque não tem muitos vídeos dele. Agarrei as poucas informações que tinha e fiz um Dener meu. O Dener foi um furacão por onde ele passou.
Thiago Carreira
ator
Maria Thereza e Dener é um espetáculo que foi levantado em pouco tempo, mas com muito intensidade. Fizemos com amor, carinho e responsabilidade. Falamos de coisas profundas e que mudaram os rumos da história do nosso país e que mudam até hoje. É um espetáculo que tem leveza e drama, um ótimo texto e atores.
Ricardo Grasson
diretor de Maria Thereza e Dener
A ficha ainda não caiu. A emoção de ver o livro virar uma peça é indescritível. É a emoção de constatar que essa história foi mais longe ainda.
Wagner William
autor de Uma Mulher Vestida de Silêncio, A Biografia de Maria Thereza Goulart
A peça é uma coisa maravilhosa. Quando li o livro do Wagner William, pensei: isso dá um filme ou uma peça. De repente leio a coluna da Mônica Bergamo falando que o livro virou uma peça de teatro e fiz questão de vir assistir. Estou emocionada. João Goulart presente!
Tellé Cardim
jornalista
Para nós brasileiros é muito importante assistir essa peça Maria Thereza e Dener. É reveladora de aspectos íntimos e históricos de Maria Thereza Goulart, do Dener e do João Goulart. Quando tudo isso aconteceu, eu era estudante da escola de Administração da Fundação Getúlio Vargas, e pouco antes do golpe de 1º de abril de 1964, convoquei uma assembleia e discutimos a iminência do golpe. A maioria dos estudantes votou pelo respeito à Constituição e que João Goulart permanecesse como presidente. Mas, poucos dias depois, houve o golpe.
Eduardo Suplicy
vereador e ex-senador
O livro é importantíssimo, fruto de 11 anos de pesquisa. Sou um adaptador que conseguiu tirar um pequeno poema, honesto e amoroso, dentro deste vasto material. Espero que a plateia repense sua própria história vendo a peça Maria Thereza e Dener.
José Eduardo Vendramini
dramaturgo e autor de Maria Thereza e Dener
Ter a presença da história no Teatro Eva Herz é muito emocionante. Esse espetáculo coroa esse momento da retomada dos palcos e nos provoca a pensar e não agir por impulso.
André Acioli
gestor e curador do Teatro Eva Herz
É uma história que vivi. Eu me lembro da Maria Thereza Goulart como a mais bela primeira dama que já tivemos, uma mulher elegante e discreta. Me lembro dela no comício de 13 de março de 1964. Eu me lembro do golpe militar, eu fiquei noiva nesse dia. Me lembro dos tanques na rua e no horror que mergulhamos. Não dá para esquecer. Li o livro do Wagner William e é soberbo. Ela foi uma tremenda companheira do Jango, aguentou todo o ônus que caiu sobre ele e também o lado pessoal de a mulher ter de engolir tudo em silêncio. Nesse momento, é tão importante saber a nossa história para não repetirmos os erros que insistimos em repetir.
Maria Adelaide Amaral
Escritora, jornalista e dramaturga
Angela Dippe e Thiago Carreira abrem o camarim ao Blog do Arcanjo



Blog do Arcanjo mostra quem já aplaudiu Maria Thereza e Dener

















Editado por Miguel Arcanjo Prado
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Jornalista cultural influente, Miguel Arcanjo Prado dirige o Blog do Arcanjo desde 2012 e o Prêmio Arcanjo desde 2019. É Mestre em Artes pela UNESP, Pós-graduado em Mídia e Cultura pela ECA-USP, Bacharel em Comunicação pela UFMG e Crítico da APCA – Associação Paulista de Críticos de Artes, da qual foi vice-presidente. Eleito três vezes um dos melhores jornalistas culturais do Brasil pelo Prêmio Comunique-se. Passou por TV Globo, Grupo Record, Grupo Folha, Editora Abril, Huffpost Brasil, Grupo Bandeirantes, TV Gazeta, UOL, Rede TV!, Rede Brasil, TV UFMG e O Pasquim 21. Foi coordenador da SP Escola de Teatro. Integra o júri do Prêmio Arcanjo, Prêmio Jabuti, Prêmio Governador do Estado de SP, Sesc Melhores Filmes, Prêmio Bibi Ferreira, Destaque Imprensa Digital, Prêmio Guia da Folha e Prêmio Canal Brasil. Vencedor do Troféu Nelson Rodrigues, Prêmio Destaque em Comunicação ANCEC, Troféu Inspiração do Amanhã, Prêmio África Brasil, Prêmio Leda Maria Martins e Medalha Mário de Andrade Prêmio Governador do Estado, maior honraria na área de Letras de São Paulo.
Foto: Edson Lopes Jr.
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