Festival de Curitiba leva 150 mil pessoas ao teatro e impulsiona retomada do setor
Maior evento das artes cênicas na América Latina, 30º Festival de Curitiba teve metade do público do Lollapalooza, mil artistas e 5 mil empregos empregos gerados
Por MIGUEL ARCANJO PRADO
@miguel.arcanjo
Enviado especial ao Festival de Curitiba*
Aberto no último dia 28 de março, o 30º Festival de Curitiba chega ao fim neste domingo, 10 de abril, com público de 150 mil pessoas. Isso faz dele o maior motor da retomada do setor teatral no pós-quarentena. A quantidade de público nas salas e ruas curitibanas mostra sua força, já que trata-se de metade do público que conquistou o Lollapalooza recentemente em São Paulo, um evento de música de porte internacional e com mídia da Globo. Diante disso, o feito de Curitiba parece ainda maior e evidencia o peso de seu tradicional Festival, além de atestar a demanda de um público sedento por consumir teatro, após quase dois anos de setor paralisado.
O evento gerou 5.000 empregos e levou à capital paranaense cerca de 1.000 artistas dos palcos, entre eles estrelas consagradas como Emicida, Chico César, Gerald Thomas, Satyros, Denise Stoklos, Denise Fraga, Mateus Solano e Vladimir Brichta.
Fechar o 30º Festival de Curitiba com 150 mil pessoas de público é um número que supera todas as nossas espectativas. Foram duas semanas que mostraram a força da economia criativa para Curitiba, o Paraná e o Brasil.
Fabíula Passini
diretora do Festival de Curitiba
Leandro Knopfholz lembra a força do evento para a economia criativa. “Movimentamos a rede hoteleira, de transportes, de alimentação, mas também recuperamos postos de trabalho em quem atua com produção de eventos. Só na nossa festa de abertura no MON, para 3.000 convidados, tivemos cerca de 300 pessoas trabalhando, profissionais muitas vezes invisíveis, os “camisa preta” da produção. Gente que estavam há muito tempo sem perspectivas profissionais”, ressaltou.
São 150 mil pessoas de público e 4.000 empregos gerados pelo 30º Festival de Curitiba. A indústria criativa prova que tem números robustos, de profissionais que pagam impostos e fazem a economia girar.
Leandro Knopfholz
idealizador e diretor do Festival de Curitiba
Se o Festival na Rua foi a grande novidade, com atrações vistas ao ar livre por mais de 27 mil pessoas, o Fringe, a grande mostra democrática do Festival de Curitiba fez falta em 2022.
“O Fringe é produzido com muitos meses de antecedência e não tínhamos condições de fechar nada, por conta da pandemia. Mas em 2023 ele estará de volta”, afirma Leandro Knopfholz, idealizador e diretor do Festival de Curitiba e CEO da Parnaxx, empresa responsável pelo evento.
Com farta experiência à frente do Fringe, Carol Scabora coordenou o Festival na Rua. Ela celebrou o caráter democrático da programação. “Tivemos atrações vistas por mais de 600 pessoas. Foram dois festivais acontecendo ao mesmo tempo, um no teatro e outro nas ruas”, pontuou.
Carol Teixeira, que coordenou a Mostra Lúcia Camargo, celebrou a grande procura do público, que esgotou muitas das atrações, entre elas o superdisputado show AmarElo de Emicida em sessão dupla no Guairão. “Na última semana, quase já não havia mais ingressos disponíveis para venda”, celebrou.
Grande família
A relação afetiva dos artistas e equipe ténica com o Festival de Curitiba é fruto de uma construção de décadas, segundo seu idalizador.
“A gente trata todo mundo igual. Aprendi muito isso com a Lucia Camargo, que foi nossa curadora, ela tratava o pipoqueiro do mesmo modo que o grande diretor. No Festival de Curitiba, os artistas estão desarmados porque sabem que todo mundo aqui é igual. Esse respeito é resultado de nossa história”, diz Leandro Knopholz.
Os artistas que passaram pelo evento saíram emocionados. “O impossível aconteceu e presenciamos todos, artistas e espectadores, um milagre. Um grande milagre. A primavera do teatro brasileiro floresceu em Curitiba. Esta edição do Festival já nasceu histórica. Com algum controle da pandemia, celebramos a volta do público e a emoção tomou conta das muitas dezenas de apresentações, nestes dez dias de festa. Foi impossível não se emocionar – e chorar, muitas vezes – quando pressentíamos o burburinho do público chegando para assistir aos nossos espetáculos. Que as deusas da arte nos abençoe e que possamos continuar a celebrar”, declarou o ator e dramaturgo Ivam Cabral, da Cia. de Teatro Os Satyros.
Durante o papo com o Blog do Arcanjo, Knopfholz deixou no ar que pode deixar o evento cada vez mais sob comando da equipe que treinou nos últimos anos, mas a diretora Fabíula Passini ressaltou: “O Leandro nunca vai sair do Festival”.
Falando em história, Fabíula Passini afirmou que cada vez mais o Festival de Curitiba busca documentar e registrar suas edições, que são parte importante da história recente das artes cênicas no Brasil e na América Latina. “O Festival agrega e muito à cidade de Curitiba e ao teatro brasileiro, é parte importante na trajetória de muita gente”.
Caco, uma plataforma para o teatro
A Parnaxx, empresa que administra o Festival de Curitiba, fez o lançamento da Caco, uma plataforma que pretende ser o ponto de encontro de profissionais das artes cênicas. Artitas e trabalhadores do setor podem criar grátis um perfil na nova rede e ficar por dentro das oportunidades na área.
Novo Café do Teatro
Outra novidade anunciada na reta final foi a reabertura do Café do Teatro, que havia sido fechado durante a pandemia e que reabre em junho, em novo endereço, a poucos metros do Teatro Guaíra, na rua XV de Novembro, 1037. O espaço é um marco como ponto de encontro de artitas na capital do Paraná.
Vamos seguir resistindo e seguindo o legado do Café do Teatro em ser o lugar que acolhe os mais diversos artistas que são de Curitiba ou que estão de passagem pela cidade. Também queremos trazer profissionais que atuam nas artes cênicas para integrar o time de nossos colaboradores e realizar espetáculos e performances no local.
João Marcelo Vieira
sócio do novo Café do Teatro e da Cia. do Café
Fotografia e Assessoria são destaques do Festival de Curitiba
A força do Festival de Curitiba é sentida não só no Paraná como em todo o Brasil, com inúmeros profissionais que passaram pela equipe do evento e que hoje se destacam nacionalmente internacionalmente, caso do coordenador da fotografia do Festival de Curitiba há 15 anos, Daniel Sorrentino, que hoje vive em Porto, Portugal, e viaja para a capital paranaense para coordenar uma das mais produtivas equipes fotográficas de cultura do país. “Este ano tivemos uma média de 30 mil visitas por dia no Flickr Oficial do Festival de Curitiba“, comemora Sorrentino.
O Festival de Curitiba é uma das minhas maiores honras. A vibração da cidade e das pessoas entra por debaixo da pele e nos dá energia para vencer a maratona de espetáculos e pautas fotográficas que nos ocupam antes e durante o Festival. São meses de planejamento. Quando comecei, em 2006, fazia tudo sozinho. Hoje, conto com uma equipe talentosíssima e dedicada. É a minha família durante o Festival. Em cada canto da cidade nossos fotógrafos estão lá. Só consigo graças a eles. Todos os anos não vejo a hora de atravessar um oceano e cruzar de hemisfério só para estar aqui. Chegar à marca de 30 mil visitantes em nosso Flickr Oficial do Festival de Curitiba coroa essse trabalho árduo. Viva!
Daniel Sorrentino
coordenador da Fotografia do Festival de Curitiba
Outro destaque do evento foi sua gigantesca equipe de Comunicação e Assessoria de Imprensa, com uma farta produção de conteúdo durante todos os dias do Festival de Curitiba. Maximilian Santos, coordenador da assessoria do evento, celebrou as conquistas.
“Para a 30ª edição do Festival de Curitiba procuramos renovar a equipe de assessoria de imprensa, buscando profissionais estratégicos na área da assessoria e com ampla experiência no segmento da arte, do entretenimento e da economia criativa, visando os ativos culturais do evento”, pontuou.
“Também elaboramos frentes de ‘buzz’, com os influenciadores digitais da cidade. Uma das grandes novidades foi a readequação da nossa Sala de Imprensa, local que elaboramos diariamente os cafés, momento em que as companhias, artistas e produções conversam e dão entrevistas aos jornalistas. No próximo ano queremos trazer mais novidades neste quesito”, avisou Maximilian Santos.
O planejamento da assessoria de imprensa do 30º Festival de Curitiba foi elaborado por 4 frentes: Informação, prestação de serviço, viralização e relacionamento. O resultado foi recordes de publicações, tanto na imprensa local, como na nacional, levando a arte, o teatro, a retomada cultural para um maior número de pessoas, por meio da notícia, da informação e da imagem do Festival de Curitiba.
Maximilian Santos
coordenador de Imprensa do Festival de Curitiba
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Jornalista cultural influente, Miguel Arcanjo Prado dirige o Blog do Arcanjo desde 2012 e o Prêmio Arcanjo desde 2019. É Mestre em Artes pela UNESP, Pós-graduado em Mídia e Cultura pela ECA-USP, Bacharel em Comunicação pela UFMG e Crítico da APCA – Associação Paulista de Críticos de Artes, da qual foi vice-presidente. Eleito três vezes um dos melhores jornalistas culturais do Brasil pelo Prêmio Comunique-se. Passou por TV Globo, Grupo Record, Grupo Folha, Editora Abril, Huffpost Brasil, Grupo Bandeirantes, TV Gazeta, UOL, Rede TV!, Rede Brasil, TV UFMG e O Pasquim 21. Foi coordenador da SP Escola de Teatro. Integra o júri do Prêmio Arcanjo, Prêmio Jabuti, Prêmio Governador do Estado de SP, Sesc Melhores Filmes, Prêmio Bibi Ferreira, Destaque Imprensa Digital, Prêmio Guia da Folha e Prêmio Canal Brasil. Vencedor do Troféu Nelson Rodrigues, Prêmio Destaque em Comunicação ANCEC, Troféu Inspiração do Amanhã, Prêmio África Brasil, Prêmio Leda Maria Martins e Medalha Mário de Andrade Prêmio Governador do Estado, maior honraria na área de Letras de São Paulo.
Foto: Edson Lopes Jr.
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