Morte e Vida Severina volta ao Tuca após 56 anos com músicas de Chico Buarque
Por MIGUEL ARCANJO PRADO
@miguel.arcanjo
Uma das mais importantes montagens da dramaturgia brasileira será revisitada: Morte e Vida Severina, do aclamado escritor João Cabral de Melo Neto. Após 56 anos de sua estreia, no mesmo tablado do histórico palco do Teatro TUCA, um elenco primoroso promete (re) contar o emblemático auto de natal pernambucano sob a direção de Elias Andreato.
Nomes como Evandro Pimentel, Inês Porto, Sandra Di Grazia, Ana Lucia Rodrigues, entre outros, compunham o elenco original da obra que estreou em 11 de setembro de 1965.
Desta vez, a partir de sábado, 16 de abril, serão 13 jovens talentos de várias cidades brasileiras, principalmente do Nordeste, e cinco músicos, que darão tom às composições de Chico Buarque, com direção musical de Marco França.
Imagine um restaurador diante da Monalisa. Me sinto assim mexendo com essa obra de João Cabral e Chico Buarque. Pôr as mãos no sagrado requer muito cuidado, respeito e escuta. Preciso deixar os poetas ecoarem livremente sem que eu os atrapalhe. Deságuo a cada dia e agradeço por esse privilégio. MÁRCIO FRANÇA
Resistência: a saga sofrida do povo nordestino
A peça faz um relato sobre a vida e trajetória árida do povo do sertão nordestino, ainda desconhecidas pela maioria. O sofrimento enfrentado por Severino, na montagem representada por Dudu Galvão, ator natural do Rio Grande do Norte, é um retrato – ainda atual – dos migrantes nordestinos que buscam uma existência mais digna nas grandes cidades.
Em sua viagem rumo a uma vida melhor, Severino se depara com situações de morte, desespero, de miséria e fome. Ao chegar à capital pernambucana se desilude, pois a realidade que encontra ali não é muito diferente da do sertão. Pensa em suicídio, mas o nascimento de uma criança faz renascer sua esperança, apesar das dificuldades. Assim, a saga nordestina se desenha, revelando a alma de um povo que caminha forte em sua fé.
150 profissionais envolvidos
A produção do espetáculo é da Morente Forte Produções Teatrais e envolve uma equipe renomada de criativos. O cenário tem a assinatura do artista que nos deixou recentemente, Elifas Andreato; os figurinos de Fábio Namatame; desenhos de luz de Elias Andreato e Júnior Docini; desenho de som de Marcelo Claret; e direção de movimento, Roberto Alencar.
Nesta retomada cultural, onde a indústria do Entretenimento sofreu com a paralisação do setor por conta da pandemia da Covid-19, vale ressaltar que a nova montagem de Morte e Vida Severina emprega, direta e indiretamente, cerca de 150 profissionais.
Aproveite e vá prestigiar uma das principais obras do nosso País!
Morte e Vida Severina
Quando: 16 de abril até 26 de junho de 2022. Sexta e sábado, às 21h. Domingo, às 19h.
Onde: Teatro TUCA – Rua Monte Alegre 1024, Perdizes, São Paulo.
Quanto: R$ 80, 00 a R$ 100, 00 – Retire seu ingresso!
Colaborou Michele Marreira
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Jornalista cultural influente, Miguel Arcanjo Prado dirige o Blog do Arcanjo desde 2012 e o Prêmio Arcanjo desde 2019. É Mestre em Artes pela UNESP, Pós-graduado em Mídia e Cultura pela ECA-USP, Bacharel em Comunicação pela UFMG e Crítico da APCA – Associação Paulista de Críticos de Artes, da qual foi vice-presidente. Eleito três vezes um dos melhores jornalistas culturais do Brasil pelo Prêmio Comunique-se. Passou por TV Globo, Grupo Record, Grupo Folha, Editora Abril, Huffpost Brasil, Grupo Bandeirantes, TV Gazeta, UOL, Rede TV!, Rede Brasil, TV UFMG e O Pasquim 21. Foi coordenador da SP Escola de Teatro. Integra o júri do Prêmio Arcanjo, Prêmio Jabuti, Prêmio Governador do Estado de SP, Sesc Melhores Filmes, Prêmio Bibi Ferreira, Destaque Imprensa Digital, Prêmio Guia da Folha e Prêmio Canal Brasil. Vencedor do Troféu Nelson Rodrigues, Prêmio Destaque em Comunicação ANCEC, Troféu Inspiração do Amanhã, Prêmio África Brasil, Prêmio Leda Maria Martins e Medalha Mário de Andrade Prêmio Governador do Estado, maior honraria na área de Letras de São Paulo.
Foto: Edson Lopes Jr.
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