Águas Selvagens: Diretor de fotografia Vinni Gennaro fala sobre o filme policial internacional que chega aos cinemas
Por MIGUEL ARCANJO PRADO
@miguel.arcanjo
Coprodução Brasil e Argentina, Águas Selvagens estreia nesta quinta, 12 de maio
Profissional disputado no mercado audiovisual do Mercosul, Vinni Gennaro está na expectativa da estreia no Brasil nesta quinta, 12 de maio, do filme Águas Selvagens, no qual ele assina sua primeira direção de fotografia em um longa.
Após estrear no ano passado na Argentina, onde se chamou Água dos Porcos, o longa chega às salas brasileiras. A coprodução Argentina-Brasil é obra da Laz Audiovisual, dos produtores Rubens Gennaro e Virginia Moraes, sob direção de Roly Santos para o roteiro de Oscar Tabernise.
Em conversa exclusiva com o Blog do Arcanjo, Vinni Gennaro conta detalhes deste trabalho que traz elenco internacional, com nomes como o uruguaio Roberto Birindelli, o argentino Juan Manuel Tellategui e as brasileiras Leona Cavalli e Mayana Neiva.
“Eu trabalhei com Roly Santos em Dedalo, série coproduzida entre as produtoras Laz, no Brasil, e a Romana, em Buenos Aires, assim como Águas Selvagens. Passei um tempo filmando com os portenhos e dividi a fotografia da série com Santiago Guzmán”, revela.
“Por conta dessa nossa aproximação, fui convidado pelo diretor Roly Santos a assinar a fotografia de Águas Selvagens. É meu primeiro longa-metragem”, comemora. O diretor de fotografia afirma que “foi realmente um grande e prazeroso desafio” trabalhar no filme, lembrando que trata-se de um filme de gênero, no caso neo-noir, ou “thriller policial”.
Filme de fronteira
“A história se passa na fronteira [entre Argentina, Brasil e Paraguai] num ambiente ensolarado e de muito calor”, lembra. Quem vê esse clima na tela não imagina que nas gravações era tudo ao contrário.
“Filmamos no inverno, na região de metropolitana de Curitiba, em Tijucas do Sul, além de algumas poucas cenas na fronteira perto de Missiones, mas somente eu, diretor e atores. A maior parte do filme, 95% dele, foi filmado em Tijucas do Sul. Num frio do cão!”, revela Vinni, com bom humor.
Entretanto, o frio é imperceptível no resultado final. “Tivemos essa preocupação de passar esse calor de fronteira, com o suor nos atores, na respiração. Então, o ‘o sol’ quase sempre artificial invade a cena, direta ou indiretamente, nos atores ou no cenário”, explica.
Cores latinas
O diretor de fotografia também pensou de forma cuidadosa a paleta de cores de Aguas dos Porcos. “Escolhemos algumas cores para nortear arte e fotografia. Foram o vermelho, verde e amarelo”, fala. E complementa: “A lua do filme é levemente esverdeada, é aquela lua que reflete na mata, e o verde acaba reverberando nas internas e externas”.
O artista da imagem conta que sua fotografia vai acompanhando o desenrolar da trama policial. “É um filme que à medida que vão acontecendo coisas a fotografia vai ficando cada vez mais contrastada, escura e suja”, pontua.
Parceria com o diretor
Vinni lembra que Roly Santos orientou seu trabalho. “O diretor desde o começo me trouxe umas referências visuais. E para ele estava muito claro como queria esse look. Então, meu papel foi manter essa unidade estilística durante todo o filme. O diretor desde o começo queria movimentos de câmera suaves, não vertiginosos. Usamos muito travelling. O cineastas argentinos gostam dessa pegada clássica”, aclara.
Ele ainda revela aspectos técnicos da fotografia do filme: “Usamos muita tele objetiva para colocar a câmera fora da ação, como se fosse alguém observando sempre o personagem”.
Questionado quais foram suas referências, Vinni Gennaro responde: “É um filme de estilo e percorremos nesse estilo noir, mais contrastado… As referências foram alguns pintores como Caravaggio, nessa pegada mais ‘chiaroscuro’”.
“Trabalhei com luzes de natureza dura… Quando se filma uma história de 2h você precisa ter um cuidado com as sequências e não com as cenas separadas. É uma outra maneira de se filmar. Precisa estabelecer alguns parâmetros que vão nortear essa unidade estilística visual”, ensina.
Onde tem sombra tem drama.
Vinni Gennaro
diretor de fotografia do filme Águas Selvagens
Sobre a fotografia noir, ele diz: “Onde tem sombra tem drama. Roly gosta muito dessa coisas ‘chiaroscuro’”. E celebra: Estou muito feliz com a oportunidade que tive em trabalhar com pessoas mais experientes e com mais tempo de cinema”, conclui Vinni Gennaro.
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Jornalista cultural influente, Miguel Arcanjo Prado dirige o Blog do Arcanjo desde 2012 e o Prêmio Arcanjo desde 2019. É Mestre em Artes pela UNESP, Pós-graduado em Mídia e Cultura pela ECA-USP, Bacharel em Comunicação pela UFMG e Crítico da APCA – Associação Paulista de Críticos de Artes, da qual foi vice-presidente. Eleito três vezes um dos melhores jornalistas culturais do Brasil pelo Prêmio Comunique-se. Passou por TV Globo, Grupo Record, Grupo Folha, Editora Abril, Huffpost Brasil, Grupo Bandeirantes, TV Gazeta, UOL, Rede TV!, Rede Brasil, TV UFMG e O Pasquim 21. Foi coordenador da SP Escola de Teatro. Integra o júri do Prêmio Arcanjo, Prêmio Jabuti, Prêmio Governador do Estado de SP, Sesc Melhores Filmes, Prêmio Bibi Ferreira, Destaque Imprensa Digital, Prêmio Guia da Folha e Prêmio Canal Brasil. Vencedor do Troféu Nelson Rodrigues, Prêmio Destaque em Comunicação ANCEC, Troféu Inspiração do Amanhã, Prêmio África Brasil, Prêmio Leda Maria Martins e Medalha Mário de Andrade Prêmio Governador do Estado, maior honraria na área de Letras de São Paulo.
Foto: Edson Lopes Jr.
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