Águas Selvagens: Roteirista Oscar Tabernise se diz orgulhoso do filme policial em coprodução Brasil e Argentina
Filme Águas Selvagens é inspirado em livro de suspense policial na Tríplice Fronteira
Por MIGUEL ARCANJO PRADO
@miguel.arcanjo
O roteirista Oscar Tabernise é importante e premiado autor de cinema, teatro e televisão em seu país, a Argentina. É dele o roteiro do filme Águas Selvagens, que chega aos cinemas brasileiros nesta quinta, 12 de maio, tendo como pano de fundo um investigação policial na região da Tríplice Fronteira.
Co-produção Brasil-Argentina, o longa produzido por Rubens Gennaro e Virginia Moraes, da curitibana Laz Audiovisual em parceria com a argentina Cooperativa Romana Audiovisual tem direção de Roly Santos e conta com elenco multinacional formado por atores como Roberto Birindelli, Mayana Neiva, Juan Manuel Tellategui, Daniel Valenzuela, Allana Lopes, Leona Cavalli e Néstor Núñez.
Direto de Buenos Aires, o dramaturgo e roteirista conversou com o Blog do Arcanjo sobre este trabalho.
Leia com toda a calma do mundo.
Miguel Arcanjo Prado – Você já assistiu a Águas Selvagens? O que achou do resultado da direção de Roly Santos?
Oscar Tabernise – O resultado me surpreendeu para o bem. É muito melhor do que eu esperava, dada as dificuldades que encontrou a produção para levar adianta a rodagem. O melhor que posso dizer é que essas dificuldades não se notaram. Estou muito conforme com o resultado final e com o trabalho tanto de Roly como do restante da equipe e do elenco.
Miguel Arcanjo Prado – Como foi para você estrear um filme no streaming na Argentina durante a quarentena?
Oscar Tabernise – “Es lo que hay”, como dizemos os portenhos para nos conformarmos. Obviamente, teria preferido estreia em uma sala e com a presença de todas e todos que participaram, mas, dado o contexto e a situação de emergência que vivemos não somente a Argentina, como o mundo, eu terminei gostando. Além disso, teremos a revanche agora, quando o filme estreie no Brasil.
Oscar Tabernise – Como foi ter sua história filmada no Brasil com um elenco multinacional?
Miguel Arcanjo Prado – Já estrearam obras minhas no México, Espanha, França, etc, mas, esta experiência eu vou valorizar como uma das mais importantes da minha carreira. Que Ancine tenha escolhido para apoiar um filme com roteiro meu me enche de orgulho, sabendo, além disso, que há excelentes autoras e autores no Brasil.
Miguel Arcanjo Prado – Você tem uma parceria já antiga com a produtora paranaense Laz Audiovisual, de Rubens Gennaro e Virginia Moares, aqui no Brasil. Queria que me falasse dessa parceria.
Oscar Tabernise – A Gennaro o conheci quando estreou Oriundi com Anthony Quinn. Uns produtores me tinha contactado para escrever um roteiro cinematográfico e viajamos a Curitiba para entrevistar o ator que aceitou participar no filme, graças à generosidade de Rubens Gennaro, que nos marcou a reunião. Esse filme nunca o fizemos, por conta do falecimento de Antonio (assim ele se chamava, era mexicano). Mas, ficou uma relação de amizade com Gennaro e Virginia Moraes. Logo, eles viajaram a Buenos Aires com suas filhas e conheceram a Rita, minha mulher. A amizade foi ficando mais forte e sempre quisemos trabalhar juntos, até que depois de um par de tentativas falidas, pudemos concretizar quase simultaneamente uma minissérie chamada Dédalo, onde participou Vinni Gennaro [na direção de fotografia, assim como em Agua dos Porcos/Águas Selvagens] e o filme. Passaram quase 20 anos, mas o mais importante que as criações conjuntas é a relação que temos e que, por minha parte, pretendo continuar com essas maravilhosas pessoas.
Miguel Arcanjo Prado – Quais são suas expectativas com relação à estreia no Brasil?
Oscar Tabernise – Não sei como vai reagir o espectador e a espectadora brasileiros, já que esta é minha primeira experiência neste sentido. Por outro lado, um policial duro, como é Águas Selvagens, não sei se é para um público massivo. Espero que seja bem recebido aos que gostem do gênero.
Miguel Arcanjo Prado – Você gostaria que as pessoas depois de verem o filme Águas Selvagens lessem também o livro El Muertito, no qual se inspira o longa?
Oscar Tabernise – Adoraria, porque aí vão encontrar cem por cento minha visão sobre a obra. Um roteiro de cinema é a base de uma obra audiovisual, mas aí o diretor ou diretora, as atrizes e os atores e técnicos acrescentam suas próprias visões e, às vezes, quase sempre, diria eu, o escritor vê que colocaram os acentos em outros lugares que houvesse escolhido o autor. Não digo que seja melhor nem pior, só que El Muertito, meu romance, é cem por cento Oscar Tabernise.
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Jornalista cultural influente, Miguel Arcanjo Prado dirige o Blog do Arcanjo desde 2012 e o Prêmio Arcanjo desde 2019. É Mestre em Artes pela UNESP, Pós-graduado em Mídia e Cultura pela ECA-USP, Bacharel em Comunicação pela UFMG e Crítico da APCA – Associação Paulista de Críticos de Artes, da qual foi vice-presidente. Eleito três vezes um dos melhores jornalistas culturais do Brasil pelo Prêmio Comunique-se. Passou por TV Globo, Grupo Record, Grupo Folha, Editora Abril, Huffpost Brasil, Grupo Bandeirantes, TV Gazeta, UOL, Rede TV!, Rede Brasil, TV UFMG e O Pasquim 21. Foi coordenador da SP Escola de Teatro. Integra o júri do Prêmio Arcanjo, Prêmio Jabuti, Prêmio Governador do Estado de SP, Sesc Melhores Filmes, Prêmio Bibi Ferreira, Destaque Imprensa Digital, Prêmio Guia da Folha e Prêmio Canal Brasil. Vencedor do Troféu Nelson Rodrigues, Prêmio Destaque em Comunicação ANCEC, Troféu Inspiração do Amanhã, Prêmio África Brasil, Prêmio Leda Maria Martins e Medalha Mário de Andrade Prêmio Governador do Estado, maior honraria na área de Letras de São Paulo.
Foto: Edson Lopes Jr.
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