Por MIGUEL ARCANJO PRADO
@miguel.arcanjo
ENVIADO ESPECIAL A OURO PRETO – A 17ª edição da CineOP – Mostra de Cinema de Ouro Preto homenageou com o Troféu Vila Rica os dois cineastas indígenas Kuaray Poty (Ariel Ortega) e Pará Yxapy (Patrícia Ferreira).
Após receber a condecoração na abertura do evento, na última quinta, 23, ambos artistas M’bya Guarani do Rio Grande do Sul participaram de uma mesa de discussão na sexta, 24, na qual falaram sobre suas trajetórias e a importância da criação audiovisual indígena.
Os cineastas foram acompanhados de, Ernesto de Carvalho, cineasta de Pernambuco, e Sophia Pinheiro, cineasta de São Paulo, e de Bruno Huyer, antropólogo da Bahia.
A conversa traçou um panorama da vivência da dupla no audiovisual, com os filmes documentais programados no evento que vai até esta segunda, 27, com 151 filmes de oito países exibidos de graça em Ouro Preto, em realização da Universo Produção.
A dupla começou em 2007, com experimentações cinematográficas e o primeiro documentário, Mokoi Tekoa, Petei Jeguata (Duas aldeias, uma caminhada), dirigido por Kuaray Poty (Ariel Ortega), com os cineastas, Germano Beñites e Jorge Morinico. Ao todo, fizeram sete documentários.
As Bicicletas de Nhanderu, de 2011, com direção de Kuaray Poty (Ariel Ortega) e Pará Yxapy (Patrícia Ferreira); Desterro Guarani, de 2011, com direção de Kuaray Poty (Ariel Ortega), Pará Yxapy (Patricia Ferreira), Vincent Carelli, Ernesto de Carvalho; M’BYA MIRIM – PALERMO E NENECO, de 2012, com direção de Kuaray Poty (Ariel Ortega), Pará Yxapy (Patrícia Ferreira); TAVA, a casa de pedra de 2012, com direção de Pará Yxapy (Patricia Ferreira), Kuaray Poty (Ariel Ortega), Ernesto de Carvlho, Vincent Carelli; No Caminho com Mario, de 2014, direção do Coletivo M’Bya Guarani de Cinema; MBYÁ REMBIAPÓ NHEMOMBE’U – ARTE MBYÁ-GUARANI E SUAS HISTÓRIAS de 2015, com direção de Kuaray Poty (Ariel Ortega); NOSSOS ESPÍRITOS SEGUEM CHEGANDO – NHE’E KUERY JOGUERU TERI, de 2021, com direção: Kuaray Poty (Ariel Ortega); Bruno Huyer, esse último, feito no início da pandemia do Covid e quando, Patrícia estava gravida de seu bebê.
Kuaray Poty (Ariel Ortega) reforçou a necessidade e a importância de desmistificar a imagem do indígena para a população e construir um imaginário do cineasta indígena.
“É preciso falar dos povos indígenas de maneiras diferentes, mostrar que existem povos indígenas no país todo, não só na Floresta Amazônica, que estamos nas cidades, vivendo de modos e maneiras diferentes uns dos outros, que precisamos produzir nossas histórias e um imaginário do cineasta indígena”, pontuou Ariel Ortega.
Já, Pará Yxapy (Patrícia Ferreira) explicou como é difícil para as gerações indígenas anteriores entenderem os novos meios de vivência. “Para eles questão de fronteira não existe, não falamos Argentina ou Paraguai, falamos, fica do outro lado do rio, mas as fronteiras são barreiras, com documentos, difícil falar disso com os mais velhos”, afirmou, antes de complementar. “No Rio Grande do Sul, tudo é de alguém, onde era mata, hoje existe soja”.
Fechando a mesa, a dupla falou sobre os planos futuros e prometeram a ficção A Transformação de Canuto como próximo projeto.
*O Blog do Arcanjo viajou a convite da CineOP. Colaborou David Godoi.
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Jornalista cultural influente, Miguel Arcanjo Prado dirige o Blog do Arcanjo desde 2012 e o Prêmio Arcanjo desde 2019. É Mestre em Artes pela UNESP, Pós-graduado em Mídia e Cultura pela ECA-USP, Bacharel em Comunicação pela UFMG e Crítico da APCA – Associação Paulista de Críticos de Artes, da qual foi vice-presidente. Eleito três vezes um dos melhores jornalistas culturais do Brasil pelo Prêmio Comunique-se. Passou por TV Globo, Grupo Record, Grupo Folha, Editora Abril, Huffpost Brasil, Grupo Bandeirantes, TV Gazeta, UOL, Rede TV!, Rede Brasil, TV UFMG e O Pasquim 21. Foi coordenador da SP Escola de Teatro. Integra o júri do Prêmio Arcanjo, Prêmio Jabuti, Prêmio Governador do Estado de SP, Sesc Melhores Filmes, Prêmio Bibi Ferreira, Destaque Imprensa Digital, Prêmio Guia da Folha e Prêmio Canal Brasil. Vencedor do Troféu Nelson Rodrigues, Prêmio Destaque em Comunicação ANCEC, Troféu Inspiração do Amanhã, Prêmio África Brasil, Prêmio Leda Maria Martins e Medalha Mário de Andrade Prêmio Governador do Estado, maior honraria na área de Letras de São Paulo.
Foto: Edson Lopes Jr.
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