Filme A Onça, de Minas Gerais, foi o grande vencedor
Por MIGUEL ARCANJO PRADO
@miguel.arcanjo
ENVIADO ESPECIAL A BELO HORIZONTE*
Foi em clima de confraternização e resistência do setor do audiovisual que a 16ª CineBH – Mostra Internacional de Cinema de Belo Horizonte e o 13º Brasil CineMundi – 12th International Coproduction Meeting realizaram o encerrmento dos eventos da Universo Produção neste domingo, 25 de setembro.
Em cerimônia no cinema UNA Belas Artes, na capital mineira, houve o anúncio dos projetos vencedores do maior programa de coprodução do audiovisual brasileiro. Ao todo, foram 14 anúncios para projetos selecionados, que ganharam prêmios de parceiros da CineBH no fomento à produção.
O projeto na categoria Em Desenvolvimento vencedor do prêmio dado pelo Júri Oficial, formado pelos produtores Dirk Manthey, Sara Silveira e Sophie Erbs, foi “A Onça” (MG), com direção de Emanuel Lavor e produção de Bruno Torres, da empresa produtora Fuskazul Filmes. O projeto levou o Troféu Horizonte e ganhou prêmios dos parceiros da 16a CineBH e do 13o Brasil CineMundi: DOT (R$ 15.000 em serviços de finalização), MISTIKA (R$ 15.000 em serviços de pós-produção), Parati Films (800 euros em tradução de roteiros para longa-metragem – português para francês) e Naymovie (R$ 15.000 em serviços de locação de equipamentos de iluminação, acessórios e maquinaria).
O júri justificou a escolha por “A Onça” pelo “olhar que lança o futuro, que abraça a terra, que coloca a diversidade no centro das atenções, que potencializa as mulheres em gerações esquecidas, que educa com a sua força interior sem depender do homem, que denuncia um bioma em confronto com denúncias de desmatamento, que abre horizontes internacionais com possibilidades de criar pontes e conexões, que traz a potência das histórias de um Brasil profundo”.
A 16ª CineBH apresentou de 20 a 25 de setembro 116 filmes de 20 estados brasileiros e 22 países em 11 espaços de Belo Horizonte, com foco especial na América Latina. Mais de 40 profissionais do setor audiovisual e cultural estiveram presentes no evento como convidados, vindos de 13 diferentes países. Foram 78 sessões gratuitas de cinema, 28 debates e 10 cursos ofertados à população.
Veja imagens que marcam a 16ª CineBH e o 13º Brasil CineMundi
Pontes internacionais
O mineiro “A Onça” ainda levou o Prêmio World Cinema Fund (Alemanha) por suas potenciais “camadas fílmicas e temáticas muito diferentes e que podem ser desenvolvidas em ambas as direções: estilísticas e de estratégia de público”, além do que “os temas contemporâneos do filme e a ressonância que eles podem encontrar em todo o mundo, bem como a abordagem de produção, contribuíram para essa decisão”, conforme justificativa do Fundo.
O projeto “Borda do Mundo” (RJ), com direção de Jô Serfaty e produção de Clarissa Guarilha, ganhou o Prêmio MAAF/Projeto Paradiso (vaga para produtor no Málaga Festival Fund & Co-production Event, na Espanha, em 2023, e R$ 6 mil do Paradiso), justificado por “se aproximar da conscientização global para o desenvolvimento sustentável e um desenho de produção viável”. O mesmo projeto levou ainda o Prêmio Torino Film Lab (vaga para produtor no TFL Meeting Event, na Itália, em 2022), por seu “tema muito contemporâneo, que precisa ser tratado com urgência”.
“Encontrando Norma” (SP), de Lívia Perez, com produção dela e de Alice Riff e Giovani Francischelli, venceu um dos prêmios do Forum RIDM (vaga para produtor de projeto de documentário da categoria Em Desenvolvimento), por “construir pontes entre o sul e o norte, entre o passado e o presente e sobretudo entre duas mulheres que buscam a afirmação de suas expressões artísticas”. O outro prêmio do Forum RIDM (vaga para diretor ou produtor de documentário na categoria WIP Work in Progress) foi para “Assexybilidade”, com direção de Daniel Gonçalves e produção de Roberto Berliner e Leo Ribeiro, por abordar “um tipo de apagamento histórico que ainda hoje permanece às margens das discussões sobre inclusão e diversidade”. Ambos estarão no RIDM – Rough Cut Lab na próxima edição do Festival Internacional de Documentário de Montreal (Canadá).
O Prêmio Nuevas Miradas (Cuba) foi para “Terra no Olho”, da categoria Foco Minas, com direção de Yasmin Guimarães e produção de Daniela Cambraia e Mariana de Melo. A justificativa é de que sua temática é “tão pertinente quanto necessária nos momentos em que vivemos, além da equipe de mulheres poderosas que estão iniciando suas carreiras profissionais”. “Walala” (MT), do diretor Perseu Azul e produção de Daniel Calil, levou o Prêmio Encuentros BioBioCine (Chile) pela “abordagem autoral e narrativa alegórica sobre a destruição contínua e progressiva sofrida pela natureza no Brasil”. O mineiro “A Onça” foi anunciado durante a cerimônia como um segundo projeto a ganhar o prêmio Encuentros BioBioCine.
No Prêmio DocSP (vaga para produtor de documentário da categoria Em Desenvolviment nas rodadas de negócios na próxima edição do DocSP), “O Passe de Gil” (BA), direção de Isaac Donato e produção de Marília Cunha, foi escolhido pela forma como apresenta “a experiência da dança de um mestre do balé clássico e do candomblé em busca de um sucessor”. O mesmo projeto também ganhou o Prêmio Edina Fuji (pela “suspensão que procura encaixar os mistérios do ser humano”.
“Cavalaria Espacial” (DF), direção de Cássio Oliveira e produção de Camila Machado, na categoria DocBrasil Meeting, ficou com dois prêmios: o DocMontevideo (vaga para produtor de projeto de documentário da categoria Em Desenvolvimento nos meetings e workshop na próxima edição do DocMontevideo, no Uruguai), pelo “potencial de ressaltar com drama e humor os absurdos da nossa experiência na planície da terra e agora com o terraplanismo”; e o Conecta (vaga para produtor de documentário da categoria Em Desenvolvimento no Conecta – International Documentary Industry Meeting, no Chile), “por revelar uma história tão inesperada e improvável quanto necessária para tornar o mundo visível”.
No Prêmio CTAv, dado a um projeto na categoria Foco Minas, o escolhido foi “Orquestra Vazia”, direção de Maria Leite e produção de Marcella Jacques, pelo “gesto ambicioso de imaginar um cinema e uma animação ancorados nas suas origens mais artesanais e fantásticas”. E o Prêmio O2 Play (encoding para filme finalizado) escolheu “Quando eu me Encontrar”, direção de Amanda Pontes e Michelline Helena e produção de Caroline Louise, por sua “narrativa regional e universal pautada por relações afetivas familiares”.
Veja imagens que marcam a 16ª CineBH e o 13º Brasil CineMundi
*O jornalista e crítico Miguel Arcanjo Prado viajou a Belo Horizonte, Minas Gerais, a convite da CineBH e Universo Produção.
Vencedores do 13º Brasil CineMundi:
Prêmio O2 Play (Brasil)
QUANDO EU ME ENCONTRAR, dirigido por Amanda Pontes e Michelline Helena e produzido por Caroline Louise.
Prêmio Forum RIDM – Rough Cut Lab (Canadá)
ASSEXYBILIDADE, direção de Daniel Gonçalves, produção de Roberto Berliner e Leo Ribeiro.
Prêmio CTAv (Brasil)
ORQUESTRA VAZIA, direção de Maria Leite, produção de Marcella Jacques
Prêmio Edina Fujii – Naymovie (Brasil)
O PASSE DE GIL, direção de Isaac Donato e produção de Marília Cunha
Prêmio Conecta (Chile)
CAVALARIA ESPACIAL, de Cassio Oliveira y Camila Machado.
Prêmio DocMontevideo (Uruguai) – Luis González
CAVALARIA ESPACIAL, dirigido por Cássio Oliveira e produzido por Camila Machado.
Prêmio DocSP (Brasil)
O PASSE DE GIL, dirigido por Isaac Donato e produzido por Marília Cunha.
Prêmio Encuentros BioBioCine (Chile)
WALALA do diretor Perseu Azul e do produtor Daniel Calil
Prêmio para participação presencial – Prêmio Encuentros BioBioCine (Chile)
A ONÇA do diretor Emanuel Lavor e os produtores Bruno Torres e Daniel Jaber.
Prêmio Nuevas Miradas (Cuba)
TERRA NO OLHO, direção de Yasmin Guimarães e produção de Daniela Cambraia e Mariana de Melo.
Prêmio Fórum RIDM – One-on-one Pitches (Canadá)
ENCONTRANDO NORMA direção de Lívia Perez, produção de Alice Riff, Giovanni Francischelli e Lívia Perez.
Prêmio Torino Film Lab (Itália)
BORDA DO MUNDO, direção de Jô Serfaty, produção de Clarissa Guarilha
Prêmio World Cinema Fund – Audience Design (Alemanha)
A ONÇA, direção de Emanuel Lavor, produção de Bruno Torres e Daniel Jaber.
Prêmio MAFF – Festival de Málaga (Espanha)/Projeto Paradiso
BORDA DO MUNDO, direção de Jô Serfaty, produção de Clarissa Guarilha.
Prêmio Júri Oficial – Troféu Horizonte
A ONÇA, do diretor Emanuel Lavor e os produtores Bruno Torres e Daniel Jaber.
*O jornalista e crítico Miguel Arcanjo Prado viajou a Belo Horizonte, Minas Gerais, a convite da CineBH e Universo Produção.
Confira a programação da CineBH
Veja imagens que marcam a 16ª CineBH e o 13º Brasil CineMundi
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Jornalista cultural influente, Miguel Arcanjo Prado dirige o Blog do Arcanjo desde 2012 e o Prêmio Arcanjo desde 2019. É Mestre em Artes pela UNESP, Pós-graduado em Mídia e Cultura pela ECA-USP, Bacharel em Comunicação pela UFMG e Crítico da APCA – Associação Paulista de Críticos de Artes, da qual foi vice-presidente. Eleito três vezes um dos melhores jornalistas culturais do Brasil pelo Prêmio Comunique-se. Passou por TV Globo, Grupo Record, Grupo Folha, Editora Abril, Huffpost Brasil, Grupo Bandeirantes, TV Gazeta, UOL, Rede TV!, Rede Brasil, TV UFMG e O Pasquim 21. Foi coordenador da SP Escola de Teatro. Integra o júri do Prêmio Arcanjo, Prêmio Jabuti, Prêmio Governador do Estado de SP, Sesc Melhores Filmes, Prêmio Bibi Ferreira, Destaque Imprensa Digital, Prêmio Guia da Folha e Prêmio Canal Brasil. Vencedor do Troféu Nelson Rodrigues, Prêmio Destaque em Comunicação ANCEC, Troféu Inspiração do Amanhã, Prêmio África Brasil, Prêmio Leda Maria Martins e Medalha Mário de Andrade Prêmio Governador do Estado, maior honraria na área de Letras de São Paulo.
Foto: Edson Lopes Jr.
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