Crítica | O Universo Está Vivo Como Um Animal abraça inventos de Nikola Tesla de forma sofisticada ★★★★
Por MIGUEL ARCANJO PRADO
@miguel.arcanjo
O Universo Está Vivo Como Um Animal ★★★★
Os curitibanos costumam ser sofisticados quando o assunto é teatro. E a peça O Universo Está Vivo Como Um Animal demonstra isso muito bem. É preciso lembrar que o Paraná abriga há 30 anos o maior evento de artes cênicas da América Latina, o Festival de Teatro de Curitiba, o que coloca seu teatro em lugar privilegiado de diálogo com o mundo.
O espetáculo da Rumos de Cultura, produtora da capital paranaense, com produção local da Nosso Cultural, faz temporada gratuita em São Paulo, na Oficina Cultural Oswald de Andrade — onde faz suas últimas sessões; portanto, corra.
Com um elenco inteligente e propositivo, que manipula a luz fria das lâmpadas fluorescentes do grande iluminador Beto Bruel, a peça redescobre um nome da ciência que ainda não tem a fama que merece: o inventor croata Nikola Tesla (1856-1943).
Atores propositivos, Diego Marchioro, Fernando de Proença, Edith de Camargo e Augusto Ribeiro mergulham nas ideias do inventor, transformando muitas vezes seus próprios corpos em elementos de pesquisa e comprovação científica de seus inventos diante do público.
Tesla merece o pódio da ciência e figurar ao lado de nomes como Isaac Newton, Galileu Galilei, Thomas Edson e Albert Einstein. Afinal, Tesla foi precursor de ideias e invenções que possibilitaram formas avançadas de comunicação, como a internet e a realidade virtual que hoje conhecemos.
Ou seja, foi um gênio inigualável que previu, ainda de forma romântica, como observamos na peça, a chegada daquele mundo que hoje aterroriza aos mais sensíveis, apresentado na série inglesa Black Mirror e cada vez mais concreto.
A peça é uma criação de Diego Marchioro, Fernando de Proença e Nadja Naira, com idealização da Rumo de Cultura, Diego Marchioro, Fernando de Proença e Isabel Teixeira — a icônica Maria Bruaca da recente novela Pantanal.
O espetáculo borra fronteiras entre passado, presente e futuro, navegando pelas ideias de Tesla sobre energia, magnetismo, eletricidade e luz.
E é a iluminação quem conduz os atos que passeiam pelas falas de Nikola Tesla, pinçadas em entrevistas, palestras e, claro, sua autobiografia. Na trilha, está o charme para a canção original final, cantada por Ney Matogrosso e Ná Ozetti.
Dirigido com sofisticação por Nadja Naira, O Universo Está Vivo Como Um Animal é uma espetáculo absolutamente filosófico, que provoca cócegas no cérebro do espectador. A direção abraça recursos do teatro épico-dialético com elementos do teatro pós-dramático, criando uma atmosfera futurista e assustadoramente realista diante do presente assombroso que vivemos e do futuro distópico que se aproxima, cada vez mais veloz e impiedoso como uma catástrofe universal.
O Universo Está Vivo Como Um Animal
★★★★ Muito Bom
Crítica por Miguel Arcanjo Prado
O Universo Está Vivo Como Um Animal
Oficina Cultural Oswald de Andrade – Rua Três Rios, 363 – Bom Retiro – Telefone: (11) 3222-2662 – Capacidade da sala – 40 lugares – Temporada de 5 de outubro a 22 de outubro. Quarta a sexta, às 20h, Sábado, às 18h. * Quarta-feira, 12 de outubro, às 18h. Entrada Franca (retire seu ingresso com 1h de antecedência na bilheteria do teatro). Duração: 50 minutos. Classificação: livre.
Blog do Arcanjo apresenta equipe de Universo Está Vivo Como Um Animal
Ficha Técnica
roteiro: Diego Marchioro, Fernando de Proença e Nadja Naira | direção: Nadja Naira | elenco: Diego Marchioro, Fernando de Proença, Edith de Camargo e Augusto Ribeiro | iluminação: Beto Bruel | preparação corporal: Carmen Jorge | trilha sonora: Edith de Camargo | canção original: O UNIVERSO ESTÁ VIVO COMO UM ANIMAL – letra: Fernando de Proença (a partir do livro Minhas Invenções, de Nikola Tesla) – melodia: Ná Ozzetti – arranjo, violoncelo, violão e samplers: Mário Manga – intérpretes: Ney Matogrosso e Ná Ozzetti | cenário: Érica Storer e Angelo Osinski | figurino: Luan Valloto | assistência de figurino: Isabella Mello | consultoria teórica: Ewaldo Mehl | palestras: Beto Bruel e Ewaldo Mehl | coordenação de projeto: Rumo de Cultura | direção de produção: Diego Marchioro | produção executiva: Cindy Napoli | assistência de produção: Augusto Ribeiro e Rebeca Forbeck | agendamentos: Marcos Trindade | técnico de palco: Augusto Ribeiro | técnico de som: Chico Santarosa e Pablo Peters | técnico de luz: Lucas Amado | foto: Elenize Dezgeniski e Lidia Ueta | vídeo e teaser: Alan Raffo | designer gráfica: Adriana Alegria | assessoria de comunicação e imprensa: Fernando de Proença | mídias sociais: Platea Comunicação – Luísa Bonin e Thays Cristine | tradução e interpretação de libras: Taepé Libras – Talita Grunhagen | audiodescrição: Joselba Fonseca e Suzana Portal | produção local (São Paulo): Nosso Cultural – Ricardo Grasson, Heitor Garcia, Zé Geraldo Jr. | site: Julia Brasil | captação de incentivo: Caroline Hoerig | idealização: Rumo de Cultura, Diego Marchioro, Fernando de Proença e Isabel Teixeira | realização: Rumo de Cultura
Esta peça estreou dia 02 de setembro de 2022 no Teatro da Caixa Cultural, em Curitiba.
Fez temporada em outubro de 2022 na Oficina Cultural Oswald de Andrade, em São Paulo.
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Jornalista cultural influente, Miguel Arcanjo Prado dirige o Blog do Arcanjo desde 2012 e o Prêmio Arcanjo desde 2019. É Mestre em Artes pela UNESP, Pós-graduado em Mídia e Cultura pela ECA-USP, Bacharel em Comunicação pela UFMG e Crítico da APCA – Associação Paulista de Críticos de Artes, da qual foi vice-presidente. Eleito três vezes um dos melhores jornalistas culturais do Brasil pelo Prêmio Comunique-se. Passou por TV Globo, Grupo Record, Grupo Folha, Editora Abril, Huffpost Brasil, Grupo Bandeirantes, TV Gazeta, UOL, Rede TV!, Rede Brasil, TV UFMG e O Pasquim 21. Foi coordenador da SP Escola de Teatro. Integra o júri do Prêmio Arcanjo, Prêmio Jabuti, Prêmio Governador do Estado de SP, Sesc Melhores Filmes, Prêmio Bibi Ferreira, Destaque Imprensa Digital, Prêmio Guia da Folha e Prêmio Canal Brasil. Vencedor do Troféu Nelson Rodrigues, Prêmio Destaque em Comunicação ANCEC, Troféu Inspiração do Amanhã, Prêmio África Brasil, Prêmio Leda Maria Martins e Medalha Mário de Andrade Prêmio Governador do Estado, maior honraria na área de Letras de São Paulo.
Foto: Edson Lopes Jr.
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