FIT-BH resgata importância das culturas indígenas e negras em cortejo de abertura
Evento de artes cênicas vai de 5 a 11 de novembro na capital mineira
Por ÁTILA MORENO*
Enviado especial a Belo Horizonte
Com o tema Raízes – Arte, Existência e Nossa Latinidade, o Festival Internacional de Teatro, Palco e Rua de Belo Horizonte (FIT-BH) destacou a importância dos povos indígenas e da comunidade negra para sociedade, durante a abertura do evento, no último sábado, dia 5 de novembro.
Data, aliás, que cai como uma luva, pois se celebra tanto o Dia da Ciência e da Cultura, quanto o Dia Nacional da Língua Portuguesa.
E, durante a pandemia do Covid-19, que matou mais de 700 mil pessoas no país, torna-se necessário reforçar na memória coletiva diante de um cenário que trouxe impactos desafiadores, principalmente para as artes, ciência e para as minorias políticas.
“Vamos ter muito trabalho para reconstruir essa escuridão que passou aí, de pandemia, de desgoverno. E é a partir da arte, das raízes, da nossa ancestralidade, que esse caminho pode ser refeito, destaca a indígena Avelin Kambiwá, umas das personalidades a introduzir a cerimônia de abertura.
O evento presencial, realizado no Teatro Francisco Nunes, contou com convidados para promover um diálogo com o público: a escritora Conceição Evaristo e o ambientalista Ailton Krenak.
Em um dos momentos, Conceição citou a frase de Nilma Lino Gomes, pedagoga que se tornou a primeira mulher negra a comandar uma universidade pública federal no Brasil e foi ministra da Mulher, Família e Direitos Humanos, no segundo mandato do governo Dilma Rousseff: “o movimento negro é educador”.
“E, hoje, vendo a presença de vocês negros aqui, ver a presença de Ailton Krenak, eu sendo homenageada, acompanhando também a luta de atrizes e atores de temática negra, é pensar políticas públicas em que nós como artistas, estejamos incluídos; isso significa uma caminhada em que os efeitos e os resultados são merecidos. Não estamos ganhando prêmio. Estamos conquistando aquilo que a sociedade brasileira já nos deve há tempo. Não é privilégio.”
Ailton Krenak reforça que “quanto mais nos tornamos plurais, desafiador é manter a capacidade ver o outro, de distingui-lo, respeita-lo e ver muitas das suas faces. Que não é só uma, mas que é essa pluralidade de seres que estão habitando o mundo como gente, e nos imprimindo o tempo inteiro novas perspectivas…nós somos o que o outro produz em nós.”
Conceição ainda enfatiza que “a identidade brasileira é marcada pela nossa cara preta, indígena, do pobre, de mulheres…é marcada pela cara do povo.”
Após o debate, no período da tarde, as ruas do Centro de Beagá abriram espaço para o tradicional cortejo conduzido por Maurício Tizumba e Marcelo Veronez, reunindo Reinados de Nossa Senhora do Rosário e Folia de Reis, blocos de Carnaval e grupos de povos indígenas. Vale lembrar que a capital mineira reúne 13 ruas que homenageiam várias tribos e etnias.
O Festival Internacional de Teatro, Palco e Rua de Belo Horizonte (FIT-BH) vai até o dia 11/11. Nesta 15ª edição, a curadoria é formada por Andreia Duarte, Marcos Alexandre e Yara de Novaes e reúne mais de 30 espetáculos nacionais e internacionais, encontros, oficinas, ocupações e debates.
*Átila Moreno é jornalista e apaixonado por cultura, sobretudo filmes, séries e peças de teatro. É diretor e editor-chefe do site atilaouno.com.br e cofundador do canal Mooveola. Bacharel em Comunicação Social – Jornalismo pelo UNI-BH, é pós-graduado em Produção e Crítica Cultural pela PUC-Minas. Colabora com o Blog do Arcanjo desde 2012.
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Jornalista cultural influente, Miguel Arcanjo Prado dirige o Blog do Arcanjo desde 2012 e o Prêmio Arcanjo desde 2019. É Mestre em Artes pela UNESP, Pós-graduado em Mídia e Cultura pela ECA-USP, Bacharel em Comunicação pela UFMG e Crítico da APCA – Associação Paulista de Críticos de Artes, da qual foi vice-presidente. Eleito três vezes um dos melhores jornalistas culturais do Brasil pelo Prêmio Comunique-se. Passou por TV Globo, Grupo Record, Grupo Folha, Editora Abril, Huffpost Brasil, Grupo Bandeirantes, TV Gazeta, UOL, Rede TV!, Rede Brasil, TV UFMG e O Pasquim 21. Foi coordenador da SP Escola de Teatro. Integra o júri do Prêmio Arcanjo, Prêmio Jabuti, Prêmio Governador do Estado de SP, Sesc Melhores Filmes, Prêmio Bibi Ferreira, Destaque Imprensa Digital, Prêmio Guia da Folha e Prêmio Canal Brasil. Vencedor do Troféu Nelson Rodrigues, Prêmio Destaque em Comunicação ANCEC, Troféu Inspiração do Amanhã, Prêmio África Brasil, Prêmio Leda Maria Martins e Medalha Mário de Andrade Prêmio Governador do Estado, maior honraria na área de Letras de São Paulo.
Foto: Edson Lopes Jr.
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