Após críticas, Nômade Festival põe cantores negros com Erykah Badu, referência da black music
Por MIGUEL ARCANJO PRADO
@miguel.arcanjo
Depois de escolher artistas brancos para tocarem com a referência da black music norte-americana Erykah Badu e receber duras críticas, o Nômade Festival voltou atrás e mudou o line-up, convocando agora artistas negros para subirem ao palco do Memorial da América Latina, em São Paulo, em 22 de janeiro de 2023.
Antes, estavam escalados os garotos da zona sul carioca Bala Desejo e a paulistana Céu, além dos descendentes de Gilberto Gil, os Gilsons, que permaneceram no evento. Já Céu e Bala Desejo decidiram pular fora, após terem seus nomes criticados nas redes.
Agora, entram no line-up do Nômade Festival ao lado de Erykah Badu os artitas Larissa Luz, Anelis Assumpção, Majur, DJ Tamy e DJ Nyack, todos negros.
“Mais uma vez, agradecemos os comentários e indicações, e permanecemos aqui, escutando e construindo o Mundo Nômade com vocês”, declarou a organização do festival.
Repercussão negativa
“Vacilação e esculacho não ter uma Tássia Reis, uma Luedji Luna, uma Larissa Luz, uma Majur ,uma discopedia na abertura da Erykah Badu”, espetou a carioca MC Taya no Twitter, quando viu Bala Desejo e Céu anunciados.
O rapper gaúcho Zudizilla, marido da baiana Luedji Luna, também criticou o line-up branco. “Cara, não tem como entender. Show da Erikah Badu com abertura de Gilsons e Bala Desejo? É sério isso?”, questionou.
A cantora baiana Xênia França, do hit Pra Que Me Chamas?, se manifestou também. “Totalmente desconectado do momento presente, dado que essa artista é uma instituição da cultura preta mundial e todo mundo sabe que ela dialoga com diversos artistas da música preta brasileira atual”. Ela prosseguiu. “Quando vejo uma coisa dessa tenho vontade rir porque chega ser ridículo (burrice) ignorar o que há de mais interessante e original em termos de linguagem contemporânea preta e tenho certeza que Badu ficaria feliz e orgulhosa de dividir uma noite com os nomes que tenho aqui na manga e vocês sabem quem são”.
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Jornalista cultural influente, Miguel Arcanjo Prado dirige o Blog do Arcanjo desde 2012 e o Prêmio Arcanjo desde 2019. É Mestre em Artes pela UNESP, Pós-graduado em Mídia e Cultura pela ECA-USP, Bacharel em Comunicação pela UFMG e Crítico da APCA – Associação Paulista de Críticos de Artes, da qual foi vice-presidente. Eleito três vezes um dos melhores jornalistas culturais do Brasil pelo Prêmio Comunique-se. Passou por TV Globo, Grupo Record, Grupo Folha, Editora Abril, Huffpost Brasil, Grupo Bandeirantes, TV Gazeta, UOL, Rede TV!, Rede Brasil, TV UFMG e O Pasquim 21. Foi coordenador da SP Escola de Teatro. Integra o júri do Prêmio Arcanjo, Prêmio Jabuti, Prêmio Governador do Estado de SP, Sesc Melhores Filmes, Prêmio Bibi Ferreira, Destaque Imprensa Digital, Prêmio Guia da Folha e Prêmio Canal Brasil. Vencedor do Troféu Nelson Rodrigues, Prêmio Destaque em Comunicação ANCEC, Troféu Inspiração do Amanhã, Prêmio África Brasil, Prêmio Leda Maria Martins e Medalha Mário de Andrade Prêmio Governador do Estado, maior honraria na área de Letras de São Paulo.
Foto: Edson Lopes Jr.
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