Eliminado do Big Brother Brasil avalia seu comportamento na casa mais vigiada do país
Por MIGUEL ARCANJO PRADO
@miguel.arcanjo
Um velho ditado popular ensina: “o peixe morre pela boca”. O modelo Gabriel Tavares, de 24 anos, foi o segundo eliminado do BBB 23, em grande parte por conta do que disse na casa para a mulher com quem se relacionava afetivamente, sendo duramente condenado nas redes por um comportamento apontado como tóxico.
Gabriel saiu da casa de vidro disposto a um jogo arriscado no Big Brother Brasil. Embora estivesse em dupla com Paula, também vencedora da dinâmica pré-temporada, ao entrar no reality, mostrou-se pronto para votar em qualquer participante em busca do título de campeão.
A dinâmica inicial em duplas e, logo depois, a formação de grandes grupos não era o esperado pelo modelo, que pretendia seguir pela linha individual. Mas, no cenário existente na casa, ele adaptou os planos e foi um dos líderes da estratégia de seu quarto.
Disputando um paredão contra Domitila Barros e Cezar, Gabriel Tavares recebeu 53,3% dos votos do público e foi eliminado na última semana. Agor, fora do game, o modelo destaca, além de amigos que fez no programa, o que tira da experiência: “O meu maior aprendizado foi olhar para dentro de mim mesmo, ver o que eu posso melhorar e levar isso para a vida”.
A seguir, Gabriel fala ao Blog do Arcanjo, em entrevista feita em parceria com a Comunicação Globo. Ele conta detalhes sobre erros e acertos no programa, avalia a condição atual do jogo e diz para quem fica sua torcida. Leia com toda a calma do mundo.
Blog do Arcanjo – Quais foram as suas surpresas na experiência de participar do ‘Big Brother Brasil’?
Gabriel Tavares – A primeira coisa que me surpreendeu foi ter planejado jogar sozinho e já entrar em dupla. Não que isso tenha sido ruim para mim, porque eu adoro a Paula; se eu tivesse que entrar com alguém, seria com ela. Só que, na minha cabeça, eu entraria sozinho, faria um jogo individual no começo e depois entraria numa fase de me aliar com grupo. Acho que, das duplas, foi a melhor possível.
Blog do Arcanjo – Que momentos do BBB 23 ficarão para sempre marcados na sua memória como especiais?
Gabriel Tavares – O que eu mais curti foram as resenhas no quarto com o Bruno, Guimê, Tina, Bruna, Lari e todo mundo do quarto deserto. Os momentos pós-ao vivo e pós-festa de ficar dando risada com a galera eram a parte que eu mais gostava. Eu não ganhei muita prova, nem joguei muitas, porque fui vetado de várias, então esses que citei foram os momentos mais especiais e de que vou sentir mais falta.
Blog do Arcanjo – Qual era a estratégia que você imaginava seguir para chegar ao primeiro lugar? Conseguiu realizá-la ou precisou adaptar os planos?
Gabriel Tavares – Por conta da dinâmica de início, eu tive que me adaptar ao jogo. Das pessoas que estavam ali, a Paula era a única com quem eu gostaria de formar uma dupla, a única que eu já conhecia, então eu me senti muito mais confortável de estar com ela do que com qualquer outra pessoa. Só que essa questão de jogar sozinho sempre esteve na minha cabeça. Querendo ou não, eu sou um cara que não tenho medo de arriscar no jogo. Nas provas, falava na orelha dos adversários para ver se conseguia distraí-los, por exemplo. Quando eu jogo sozinho, tenho reponsabilidades com as quais só eu arco, não preciso me preocupar com mais ninguém. Quando eu entro em dupla e, principalmente, jogo em grupo, tenho que me preocupar com a minha dupla e com outras dez pessoas; começo a tomar decisões que talvez eu não tomaria. Eu pretendia entrar sozinho e, lá na frente, talvez, me aliar a um grupo por questão de dinâmica de jogo, de ter menos pessoas para me colocar no paredão.
Blog do Arcanjo – Na sua opinião, o que pesou mais na sua eliminação?
Gabriel Tavares – O que mais pesou foi um erro individual que eu tive com um relacionamento afetivo dentro do jogo. Em relação à estratégia, eu faria tudo de novo. Sobre os erros pessoais, é aquilo que eu já citei: um arrependimento enorme.
Blog do Arcanjo – Entrar no BBB vindo da casa de vidro fez diferença para a sua performance na competição?
Gabriel Tavares – Fez muita diferença porque, já tinha passado por um “paredão”, sentido o calor do público, que queria ver o jogo e a casa movimentados, eu entrei no 220v. Enquanto os outros participantes entraram para se conhecer, trocar ideia, jantar juntos… Eu não estava nessa pegada. Fora que a gente entrou como se já estivesse no meio do jogo, com outras pessoas. Toda a dinâmica fez com que eu tivesse que me privar de certas coisas para poder jogar conforme a banda toca.
Blog do Arcanjo – Você e o MC Guimê tinham estratégias de jogo parecidas e conversavam bastante sobre voto durante
a temporada. Diria que ele foi seu maior aliado no game?
Gabriel Tavares – Não consigo dizer que ele foi o maior aliado porque eu tenho um vínculo muito forte com a Paula. Desde o começo ela esteve comigo, independentemente dos meus erros, assim como o Guimê. Mas o Guimê era um grande parceiro meu: a gente falava a mesma língua, a gente se sentia ameaçado igual – eu era o primeiro alvo e ele, o segundo. Agora, talvez ele seja o primeiro. Graças a Deus, eu consegui ter um vínculo muito forte com ele, não só de jogo, mas como pessoa também em relação às ideias, à música, a vivências – a gente conseguiu conversar bastante sobre isso. Então, com certeza, ele estaria entre os meus maiores aliados no jogo.
Blog do Arcanjo – Além do Guimê, quais amigos você leva do BBB 23?
Gabriel Tavares – Além do Guimê, a Paula, o Bruno, o Ricardo e o Sapato. O Alface [Ricardo] eu já conhecia, acabamos nos conhecendo no processo seletivo. E com o Bruno eu tive um vínculo muito forte. Ele falou que a gente era como irmão, a gente se cutucava, se zoava… Ele acabou ficando muito chateado com a minha saída, chorou, desabafou com a Aline. Eu levo ele no coração, ele foi o cara que mais me fez dar risada. Quando eu estava mal, a gente ia lá, zoava com o Ricardo, e ficávamos nós três ali brincando um com o outro. O ‘Sapato’ foi um cara que me ajudou bastante também. Não posso deixar de falar dele, me deu muitos conselhos. Essas três pessoas para mim foram essenciais no game, cada um com seu ponto: o Bruno na descontração; o Sapato, quando eu estava com a cabeça quente, me botava no chão de novo; e o Alface com o vínculo muito forte que a gente criou antes e durante o game. A Paula dispensa comentários. A gente se conhece desde a casa de vidro. Ela sempre usou a frase: “Eu vou até onde o meu braço alcança”; isso para mim era suficiente. Ela poderia ter me deixado de lado, mas, muito pelo contrário, cuidou de mim, me ajudou. Nem preciso falar muito porque ela é a minha primeira pessoa em todo tipo de ranking.
Blog do Arcanjo – Na sua visão, o que aconteceu no relacionamento entre você e Bruna Griphao?
Gabriel Tavares – Aconteceu um equívoco da minha parte de falar coisas indevidas, que nem no programa, nem aqui fora, e em lugar nenhum se deve falar, nem de brincadeira, como o Tadeu falou e eu concordo. Quem está de fora não entende que lá as emoções são muito intensas. A gente cria um vínculo muito forte, tanto de amizade, como de relacionamento. E acho que acabou extrapolando. Foi um grande erro da minha parte, uma das maiores vergonhas que eu já passei na minha vida, o arrependimento nem se fala. Mas a Bruna foi a primeira pessoa que podia ter me deixado de lado e ela fez o contrário: queria ver o meu lado bom e conseguiu enxergar isso. Ela foi essencial para eu não cair na pressão e querer, por exemplo, apertar o botão de desistência.
Blog do Arcanjo – Quem são os participantes mais fortes no momento, na sua avaliação?
Gabriel Tavares – A Paula sempre esteve com uma postura mais cativante por ser uma pessoa que não tem medo de falar, bate de frente com qualquer pessoa. Se você falar mal dela, ela vai entender e contra-argumentar. Só que uma pessoa que me surpreendeu [positivamente] foi o Cara de Sapato, que eu acho muito forte no jogo, cabeça fria. Ele já passou por várias coisas na vida, então consegue se adaptar às adversidades que o game propõe. Eu acho que ele vai muito longe, por mais que seja um cara muito coração e talvez isso o atrapalhe as tomadas de decisão mais racionais. Mas, até onde presenciei, ele estava conseguindo lidar com essa questão e identificar manipulações, ver malícia.
Blog do Arcanjo – Com a casa dividida em dois grupos, no momento, qual você imagina que será melhor tática para chegar à final?
Gabriel Tavares – Eu acho que as pessoas que permanecem têm que tomar cuidado porque, cada vez mais, o jogo vai levar esses grupos a subgrupos. Eu acho que eles vão se subdividir porque, a cada tomada de decisão em grupo, dá para ver quem têm ideias parecidas e diferentes. Quem decidir jogar sozinho ou em menos pessoas tem que ficar esperto; querendo ou não, vira um alvo, como eu virei. Desde o primeiro momento eu deixei bem claro que queria ganhar e faria de tudo para isso, independentemente se fosse a Paula, o Guimê ou o Sapato ao meu lado. Eu até dei um toque para o Guimê ter cuidado porque ele já era um alvo. E, por ter uma linha de raciocínio parecida, pode ser que se torne mais ainda, tomando o lugar em que eu estava. Acho que esse é o maior problema.
Blog do Arcanjo – Do que você mais sentiu falta durante o confinamento?
Gabriel Tavares – Eu senti falta principalmente da minha família e de ter um despertador mais baixo (risos).
Blog do Arcanjo – Que aprendizados você leva do BBB?
Gabriel Tavares – O meu maior aprendizado foi perceber que talvez eu não me conhecesse 100% antes de entrar no programa. Nunca tive medo de ser cancelado porque nunca foi uma vontade minha ter fama, mas é bom se conhecer antes de entrar e saber que eu podia ter falado uma besteira dessa sem saber. Na minha cabeça, até o Tadeu falar, eu não havia me tocado. O meu maior aprendizado foi olhar para dentro de mim mesmo, ver o que eu posso melhorar e levar isso para a vida.
Blog do Arcanjo – Quais são seus planos para o pós-BBB? Pretende seguir a carreira de modelo e/ou administrador ou tem
outros objetivos em mente?
Gabriel Tavares – Quero ficar com a minha família. Não penso em festa nem nada, só quero ficar um pouco com a minha mãe, com as minhas irmãs, com o meu pai, com meus gatos. Quero dormir na minha cama, comer da minha comida e, depois, eu vejo o que eu faço. Mas a carreira de modelo nunca saiu da minha cabeça.
Blog do Arcanjo – Quem você quer que ganhe o BBB 23?
Gabriel Tavares – A Paula, é lógico. Ela veio de longe para participar do BBB, então ela merece muito esse prêmio e tem condições de chegar lá. Se não for ela, eu não sei. Ainda está muito cedo para dizer.
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Jornalista cultural influente, Miguel Arcanjo Prado dirige o Blog do Arcanjo desde 2012 e o Prêmio Arcanjo desde 2019. É Mestre em Artes pela UNESP, Pós-graduado em Mídia e Cultura pela ECA-USP, Bacharel em Comunicação pela UFMG e Crítico da APCA – Associação Paulista de Críticos de Artes, da qual foi vice-presidente. Eleito três vezes um dos melhores jornalistas culturais do Brasil pelo Prêmio Comunique-se. Passou por TV Globo, Grupo Record, Grupo Folha, Editora Abril, Huffpost Brasil, Grupo Bandeirantes, TV Gazeta, UOL, Rede TV!, Rede Brasil, TV UFMG e O Pasquim 21. Foi coordenador da SP Escola de Teatro. Integra o júri do Prêmio Arcanjo, Prêmio Jabuti, Prêmio Governador do Estado de SP, Sesc Melhores Filmes, Prêmio Bibi Ferreira, Destaque Imprensa Digital, Prêmio Guia da Folha e Prêmio Canal Brasil. Vencedor do Troféu Nelson Rodrigues, Prêmio Destaque em Comunicação ANCEC, Troféu Inspiração do Amanhã, Prêmio África Brasil, Prêmio Leda Maria Martins e Medalha Mário de Andrade Prêmio Governador do Estado, maior honraria na área de Letras de São Paulo.
Foto: Edson Lopes Jr.
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