Perseguida pelo racismo, atriz negra que foi doméstica é homenageada no Festival de Curitiba

Mesmo perseguida pelo racismo, a atriz Odelair Rodrigues cravou seu nome na história do teatro, da rádio e da TV no Paraná – Foto: Divulgação © Blog do Arcanjo 2023

Por MIGUEL ARCANJO PRADO
@miguel.arcanjo

A grande atriz Odelair Rodrigues (1935-2003) foi pioneira na representatividade negra no teatro, nas radionovelas e na televisão do Paraná, mas precisou trabalhar de doméstica para sobreviver, mesmo sendo formada em contabilidade, fruto do forte racismo que vigorava no Brasil do século 20. Agora, ela ganha merecida homenagem durante o Festival de Curitiba com Odelair – Uma Peça Teatral, pela Cia Kà de Teatro sob direção de Kelvin Millarch com assistência de Amanda Soares. Além do espetáculo, a trajetória da artista é ainda tema da exposição É Ser Odelair, no novo Café do Teatro, em Curitiba, e que poderá ser vista durante todo o festival. Odelair foi recentemente tema do curta Um Prólogo para Odelair Rodrigues, lançado em 2021. A peça terá duas exibições, ambas no dia 08/04, no Espaço Excêntrico Mauro Zanatta, às 16h e 20h.

É um projeto que busca preservar a memória da atriz paranaense de forma a valorizar sua trajetória no teatro, rádio e TV. Com ele, pretendemos trazer à cena uma narrativa completa, forte e presente da vida e obra de uma atriz que será representada por também atrizes negras e paranaenses.

Kelvin Millarch
diretor

Quem foi Odelair Rodrigues?

A história da atriz paranaense Odelair Rodrigues começou em 1952, quando passou a integrar o grupo de Teatro Experimental do Colégio Estadual do Paraná. Odelair entrou em cena no espetáculo O Filho Pródigo. Formou-se em contabilidade e por não conseguir se posicionar profissionalmente na área, fruto do racismo, foi trabalhar como doméstica. Ajudou a fundar o Teatro de Bolso, localizado na Praça Rui Barbosa, e foi integrante do Teatro de Comédia do Paraná. Ganhou diversas premiações ao longo de sua vida profissional. Casou-se, mudou para o Rio de Janeiro, e retornou a Curitiba. Viveu preconceitos, devido à cor de sua pele, desde adolescente. Um de seus personagens mais conhecidos é Bidê, com o qual contracenava com o ator Ary Fontoura, na TV Paraná, na década de 1960.

Com reportagem de Guilherme Bittar, da Agência de Notícias Festival de Curitiba

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Jornalista cultural influente, Miguel Arcanjo Prado dirige o Blog do Arcanjo desde 2012 e o Prêmio Arcanjo desde 2019. É Mestre em Artes pela UNESP, Pós-graduado em Mídia e Cultura pela ECA-USP, Bacharel em Comunicação pela UFMG e Crítico da APCA – Associação Paulista de Críticos de Artes, da qual foi vice-presidente. Eleito três vezes um dos melhores jornalistas culturais do Brasil pelo Prêmio Comunique-se. Passou por TV Globo, Grupo Record, Grupo Folha, Editora Abril, Huffpost Brasil, Grupo Bandeirantes, TV Gazeta, UOL, Rede TV!, Rede Brasil, TV UFMG e O Pasquim 21. Foi coordenador da SP Escola de Teatro. Integra o júri do Prêmio Arcanjo, Prêmio Jabuti, Prêmio Governador do Estado de SP, Sesc Melhores Filmes, Prêmio Bibi Ferreira, Destaque Imprensa Digital, Prêmio Guia da Folha e Prêmio Canal Brasil. Vencedor do Troféu Nelson Rodrigues, Prêmio Destaque em Comunicação ANCEC, Troféu Inspiração do Amanhã, Prêmio África Brasil, Prêmio Leda Maria Martins e Medalha Mário de Andrade Prêmio Governador do Estado, maior honraria na área de Letras de São Paulo.
Foto: Edson Lopes Jr.
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