Por MIGUEL ARCANJO PRADO
@miguel.arcanjo
ENVIADO ESPECIAL AO FESTIVAL DE CURITIBA*
O Festival de Curitiba abriu sua 31a edição em pleno Dia Mundial do Teatro, nesta segunda, 27 de março. A data não poderia ser mais propícia, bem como a peça escolhida para emocionar o Guairão, maior templo das artes cênicas no Paraná: o clássico Hamlet, de William Shakespeare, em versão inclusiva e contemporânea, sob direção e dramaturgia de Chele de Ferrari e interpretada por oito atores com síndrome de Down do Teatro La Plaza, tradicional grupo cênico criado há 20 anos em Miraflores, no Perú.
Ao traçar um paralelo sensível entre a icônica pergunta “ser ou não ser” e a vida e os desafios dos próprios atores com Down, e com isso questionar os padrões impostos, o espetáculo emocionou e fez refletir o público que lotou o Teatro Guaíra, no centro curitibano, no primeiro dia do maior festival de artes cênicas da América Latina.
Afinal, são mais de 350 atrações com participação de cerca de 2.000 artistas em 14 dias de evento, entre 27 de março e 9 de abril de 2023. O Blog do Arcanjo acompanha a programação do Festival de Curitiba de perto há 15 anos, desde 2008, com a presença do jornalista e crítico Miguel Arcanjo Prado no evento.
Programação diversa
Não só de teatro, foco da Mostra Lucia Camargo, com espetáculos convidados escolhidos pela curadoria, vive o Festival de Curitiba. Mas também tem o Gastronomix, a mostra gastronômica do festival, o Risorama, a mostra com astros e estrelas do stand-up e que lançou nomes com Danilo Gentili e Fabio Porchat, o MishMash, com espetáculos de palhaçaria, circo e puro entretenimento para toda a família, o Guritiba, focado na programação infantil, e o gigante Fringe, a mostra independente, democrática e livre.
Festival para todos
O lema do Festival de Curitiba não poderia ser outro: “o festival para todos”. “Estamos muito ansiosos para acontecer essa programação incrível com mais de 350 atrações em todas as regiões de Curitiba”, confidenciou Fabíula Passini, diretora do Festival de Curitiba, ao Blog do Arcanjo, pouco antes da largada.
“O Teatro é um grande espelho para o funcionamento humano. Os atores de Hamlet são enormes inspirações para nós. Eles provam que superar não é apenas possível, é fundamental. Com coragem, determinação, esperança, otimismo e com a parceria de todos, seguimos superando a duras penas os desafios pessoais e profissionais. Continuamos em frente, comemorando, nos encontrando, nos divertindo, vivendo e superando. Aproveitem as duas semanas dessa incrível edição do Festival de Curitiba”, discursou o idealizador e diretor geral do Festival de Curitiba Leandro Knopfholz em seu aplaudido discurso de abertura no Guairão.
Transição à vista
Momentos antes da abertura, durante conversa com a imprensa na Sala Jô Soares montada na suíte presidencial do Mabu Business, hotel no centro curitibano e de frente ao Teatro Guaíra, onde funciona o QG do Festival de Curitiba, Knopholz contou que nesta edição Fabíula Passini passa a comandar definitivamente o Festival, idealizado por ele com um grupo de amigos na década de 1990, inspirados no Festival de Edimburgo e seu famoso Fringe, na Escócia. “O que há de especial nesta edição é a transição para a Fabíula Passini, que começa a assumir o Festival”, avisou. Knopfholz pretende deixar a linha de frente do evento, que será assumida integralmente por Passini, com quem ainda divide a direção geral neste ano.
Celebrando encontros
Sobre as mudanças na curadoria, Knopfholz e Passini explicaram que faz parte da “renovação periódica” que o evento precisa ter, para que sempre esteja em busca de inovação e de inclusão. “A cidade cresce e nós queremos ir junto”, afirmou Knopfholz. “O Festival de Curitiba é um polo de difusão de cultura e arte e também um espaço de conexão e trocas. Celebramos as pessoas, celebramos os encontros, celebramos as trocas”, pontuou.
Todos os teatros
Giovana Soar, atriz e integrante da nova curadoria do Festival de Curitiba ao lado de Patrick Pessoa e Daniele Sampaio, diz que o evento quer mostrar que existem “experiências de teatro diferentes”, sem deixar de “pensar a cena, entre a cidad e entre as pessoas”, para “incluir não só quem faz, mas quem assistem também”.
Festival ocupa a cidade
“O Festival de Curitiba é para todos, fala como todo mundo e ocupa a cidade”, definiu Fabíula Passini. Ela ainda lembrou a importância da volta do Fringe, a mostra livre que atrai gente de todo o país desejosa por seu lugar ao sol no teatro brasileiro. Para isso, ela afirma que Conexão Sebrae, que contribuiu para a presença de cerca de 30 programadores teatrais no evento, é fundamental. “O objetivo é fazer com que as pessoas vejam o que acontecem no Fringe e levem isso para fora, façam as peças circular pelo Brasil”, explicou.
Indústria criativa
Knopfholz e Passini também reforçaram a dimensão de indústria criativa do evento, como grande gerador de postos de trabalho e renda, movimentando a cadeia econômica não só de Curitiba e do Paraná, como de todo o Brasil. “O Festival de Curitiba tem como objetivo dar sentido econômico para a cidade, além de criar um repertório inigualável para os curitibanos e os participantes do evento, que chegam de diversas partes do Brasil e do mundo”, disse Knopfholz, que encerrou o papo citando Belchior, ao reiterar as mudanças que o Festival de Curitiba passou nestes últimos 31 anos: “o novo sempre vem”.
Colaborou Carol Fayad.
*O jornalista e crítico Miguel Arcanjo Prado viajou a convite do Festival de Curitiba.
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Jornalista cultural influente, Miguel Arcanjo Prado dirige o Blog do Arcanjo desde 2012 e o Prêmio Arcanjo desde 2019. É Mestre em Artes pela UNESP, Pós-graduado em Mídia e Cultura pela ECA-USP, Bacharel em Comunicação pela UFMG e Crítico da APCA – Associação Paulista de Críticos de Artes, da qual foi vice-presidente. Eleito três vezes um dos melhores jornalistas culturais do Brasil pelo Prêmio Comunique-se. Passou por TV Globo, Grupo Record, Grupo Folha, Editora Abril, Huffpost Brasil, Grupo Bandeirantes, TV Gazeta, UOL, Rede TV!, Rede Brasil, TV UFMG e O Pasquim 21. Foi coordenador da SP Escola de Teatro. Integra o júri do Prêmio Arcanjo, Prêmio Jabuti, Prêmio Governador do Estado de SP, Sesc Melhores Filmes, Prêmio Bibi Ferreira, Destaque Imprensa Digital, Prêmio Guia da Folha e Prêmio Canal Brasil. Vencedor do Troféu Nelson Rodrigues, Prêmio Destaque em Comunicação ANCEC, Troféu Inspiração do Amanhã, Prêmio África Brasil, Prêmio Leda Maria Martins e Medalha Mário de Andrade Prêmio Governador do Estado, maior honraria na área de Letras de São Paulo.
Foto: Edson Lopes Jr.
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