Vera Holtz leva aclamada Ficções ao Guairão no Festival de Curitiba: ‘Musa-leoa do teatro’
Por MIGUEL ARCANJO PRADO
@miguel.arcanjo
ENVIADO ESPECIAL AO FESTIVAL DE CURITIBA*
Vera Holtz acaba de ganhar o Prêmio Shell de Melhor Atriz por Ficções, peça que apresenta no Teatro Guairão, no 31º Festival de Curitiba, nesta quinta, 30, e sexta, 31. Aos 70 anos de idade, a consagrada atriz está em plena forma e dá show de simpatia pelos bastidores do evento, fazendo questão de atender a cada fã ou profissional da imprensa, comportamento, infelizmente, raro em estrelas da TV.
Mas Vera não é uma celebridade, mas, sim, uma artista. E é deste lugar que conquistou notoriedade não só nos palcos e no audiovisual, como também nas redes sociais, com suas performances repletas de referências das artes visuais. “Sou formada em artes plásticas e vem daí o modo como atuo nas redes sociais”, diz.
“A vida é uma sucessão de acasos. Havia uma cobrança que eu deveria ir para as redes sociais. Aí fizemos uma reunião lá em casa com minha equipe, onde ficou plantada essa ideia. Um dia o Charles, meu assistente, botou uma cestinha em meu coque. Aí eu tive o impulso de tirar a foto de frente e de costas. Então, encontrei uma linguagem de como queria me comunicar nas redes. E deu certo”, conta.
Sobre Ficções, disse que ficou lisonjeada quando recebeu o convite do idealizador do projeto, Felipe Heráclito Lima, o que a fez devorar o livro Sapiens – Uma Breve Hist´roia da Humanidade, de Yuval Harari, que inspira o texto de Rodrigo Portella que traz Vera Holtz ao lado do músico italiano Federico Luppi. “Achei o livro sensacional”, confidencia ao Blog do Arcanjo durante a entrevista na Sala Jô Soares, no Hotel Mabu, QG do Festival de Curitiba.
“Essa peça fala da capacidade da humanidade de acreditar nas histórias coletivamente”, define. Os ensaios começaram em 9 de agosto de 2022, quando conheceu Federico Luppi. “Começamos a improvisar e em 15 dias já havia uma pequena plateia para nos assistir. Desde então, cada dia é único, porque o público é um corpo vivo”, define Vera.
“Curitiba é um cidade que sempre percebe as coisas antes do restante do País”, pontua Vera Holtz sobre a importância de estar com o espetáculo que acabad e fazer consagradora temporada no Teatro Faap, em São Paulo, no maior evento das artes cênicas na América Latina.
“Quero ver como o espetáculo vai sse comportar no templo sagrado que é o Guairão”, diz. E lembra que tem familiares na capital do Paraná, o que a faz ter uma relação próxima com a cidade. “Tenho tia, sobrinhos e sobrinhos netos por aqui. Meu laço com Curitiba é desde bebê e Curitiba sempre foi muito carinhosa comigo”, revela.
‘Musa-leoa’ do teatro
Federico Luppi diz que ele, aos 37 anos, tem menos energia do que Vera Holtz, aos 70. “Apelidamos ela nos bastidores de musa-leoa”, revela. “Aos 70 anos o corpo está pulsando há um bom tempo. Comecei muito cedo, aos seis anos, tocando piano. Antes eu flutuava pelo palco, agora tem o joelho, a bacia, a memória tem suas limitações…O desafio é enfrentar a plateia do tamanhinho que você ficou”, brinca a atriz.
Após o Festival de Curitiba, Ficções vai rodar o Brasil. Já estreia na sequência no Centro Cultural Banco do Brasil de Belo Horizonte, e depois vai para o CCBB Brasília, emendando Vitória e Rio de Janeiro em agosto e setembro no Teatro Oi Casa Grande. A expectativa é uma nova temporada em São Paulo depois, devido ao grande sucesso de público e de crítica da primeira temporada. “Creio que voltamos para São Paulo em 2024”, avisa Vera. “O bom é estar trabalhando nesta idade, com agenda cheia”, celebra a atriz, que lança neste ano os filmes Quatro Irmãos e Tia Virgínia.
E comemora o prazer de estar em cena e ver que o público está novamente conectado à arte. “Precisamos expurgar esse tempo de desencanto que vivemos. Precisamos trabalhar para voltarmos ao encantamento e à fé. As pessoas estão de volta ao teatro, estão em busca do outro novamente. O teatro cura”.
SERVIÇO
O que: Ficções, no 31.º Festival de Curitiba
Quando: 30/03 e 31/03, às 20h30
Onde: Teatro Guaíra
Valores: R$ 80 e R$ 40 / (mais taxas administrativas)
Ingressos: www.festivaldecuritiba.com.br e na bilheteria física exclusiva do Shopping Mueller (piso L3), de segunda-feira a sábado, das 10h às 22h; domingos e feriados, das 14h às 20h.
Verifique a classificação indicativa e orientações de cada espetáculo.
*O jornalista e crítico Miguel Arcanjo Prado viajou a convite do Festival de Curitiba.
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Jornalista cultural influente, Miguel Arcanjo Prado dirige o Blog do Arcanjo desde 2012 e o Prêmio Arcanjo desde 2019. É Mestre em Artes pela UNESP, Pós-graduado em Mídia e Cultura pela ECA-USP, Bacharel em Comunicação pela UFMG e Crítico da APCA – Associação Paulista de Críticos de Artes, da qual foi vice-presidente. Eleito três vezes um dos melhores jornalistas culturais do Brasil pelo Prêmio Comunique-se. Passou por TV Globo, Grupo Record, Grupo Folha, Editora Abril, Huffpost Brasil, Grupo Bandeirantes, TV Gazeta, UOL, Rede TV!, Rede Brasil, TV UFMG e O Pasquim 21. Foi coordenador da SP Escola de Teatro. Integra o júri do Prêmio Arcanjo, Prêmio Jabuti, Prêmio Governador do Estado de SP, Sesc Melhores Filmes, Prêmio Bibi Ferreira, Destaque Imprensa Digital, Prêmio Guia da Folha e Prêmio Canal Brasil. Vencedor do Troféu Nelson Rodrigues, Prêmio Destaque em Comunicação ANCEC, Troféu Inspiração do Amanhã, Prêmio África Brasil, Prêmio Leda Maria Martins e Medalha Mário de Andrade Prêmio Governador do Estado, maior honraria na área de Letras de São Paulo.
Foto: Edson Lopes Jr.
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