★★★★ Crítica: Square se conecta com pessoas e histórias da Praça Santos Andrade no Festival de Curitiba
★★★★ Square
Avaliação: Muito Bom
Por CAROLINA FAYAD
Uma profunda interação entre arte e urbanidade. Assim pode ser definido, Square, comédia musical que foi trazida ao Brasil pelas holandesas Maartje Rammers e Marleen Scholten junto aos cariocas Monique Vaillé e Pedro Uchoa. A obra tem como cenário o espaço público da Praça Santos Andrade, coração do centro curitibano, na programação do 31º Festival de Curitiba. Os espectadores são convidados a usar um fone de ouvido, onde ouvem as falas dos personagens e uma sonoplastia que leva o público a interagir com a peça de forma adorável.
Curitiba e seus personagens
O elenco foi construído por pessoas que representam a cidade e que possuem conexão com a praça. Durante o espetáculo, algumas das pessoas do elenco se apresentaram e contaram um pouco de suas histórias com o espaço público.
Uma das personagens – se é que podemos chamar assim, já que se trata de pessoas reais e histórias não-ficcionais – conta que uma vez viu que um homem dava comida aos pombos, sempre no mesmo horário, e um tempo depois ele se tornou seu marido.
Dentre as várias histórias que Square conta, as que se destacam são as de amor e de ativismo. Cena dos principais atos políticos de Curitiba, vários dos personagens enxergam a praça como um local de resistência.
“O musical é feito com pessoas reais, tentando misturar a realidade com um tipo de ficção, traçando uma linha bem tênue entre as duas coisas” conta o baterista e idealizador Jens Bouttery. Assim, a peça interage com as pessoas que estão passando pela praça.
A peça tem uma integração única com a praça, pois enquanto o espetáculo acontece, as pessoas ainda passam por lá, vivendo seus cotidianos.
A praça como espaço democrático
Em entrevista exclusiva ao Blog do Arcanjo, a produtora e atriz Monique Vaillé conta o motivo de ter escolhido a Praça Santos Andrade como sede do espetáculo no Festival de Curitiba: “É uma praça que está no meio da cidade, no centro da cidade, entre uma universidade desse tamanho, linda, pública, que á a UFPR, e o Teatro Guaíra. Tem um terminal de ônibus, tem uma série de comerciantes”, enumera.
Depois de uma pandemia, onde o isolamento se tornou normal e a polarização política cada vez mais evidente, a praça é um símbolo de movimento e trânsito de pessoas.
“É o espaço mais democrático de se estar e de se voltar a opacidade, então é o caos da cidade, mas celebrando a possibilidade de estar aqui vivendo isso” conta Vaillé.
A peça tem uma integração única com a praça, pois enquanto o espetáculo acontece, as pessoas ainda passam por lá, vivendo seus cotidianos.
“Eu adoro, eu acho que de um jeito eu ainda prefiro atuar com a realidade, mas as regras são fixas, se eu estou improvisando na vida real, com pessoas reais, muitas coisas engraçadas podem acontecer”, admite Bouttery.
Música e conexão
O baterista belga Jens Boutery conta ao Blog do Arcanjo que foi ele quem programou toda a estrutura sonora do espetáculo.
Durante o musical, ele estava conectado a vários fios que transformavam os movimentos do seu corpo em gatilhos sonoros, assim conectando o espectador ainda mais ao espetáculo e às pessoas.
O grand finale do musical é a música Eu Sou Sua Praça, que faz questão de incluir os espectadores, convidados a fazer parte da Praça Santos Andrade.
Uma experiência única e imperdível, Square tem entrada gratuita até 1º de abril, sempre às 16h, na Praça Santos Andrade, no centro de Curitiba. É importante chegar cedo para poder adquirir seus fones de ouvido, que permitem usufruir da experiência estética proposta pelo espetáculo. Não deixe de ver e aplaudir.
★★★★ Square
Avaliação: Muito Bom
Crítica por Carolina Fayad
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Jornalista cultural influente, Miguel Arcanjo Prado dirige o Blog do Arcanjo desde 2012 e o Prêmio Arcanjo desde 2019. É Mestre em Artes pela UNESP, Pós-graduado em Mídia e Cultura pela ECA-USP, Bacharel em Comunicação pela UFMG e Crítico da APCA – Associação Paulista de Críticos de Artes, da qual foi vice-presidente. Eleito três vezes um dos melhores jornalistas culturais do Brasil pelo Prêmio Comunique-se. Passou por TV Globo, Grupo Record, Grupo Folha, Editora Abril, Huffpost Brasil, Grupo Bandeirantes, TV Gazeta, UOL, Rede TV!, Rede Brasil, TV UFMG e O Pasquim 21. Foi coordenador da SP Escola de Teatro. Integra o júri do Prêmio Arcanjo, Prêmio Jabuti, Prêmio Governador do Estado de SP, Sesc Melhores Filmes, Prêmio Bibi Ferreira, Destaque Imprensa Digital, Prêmio Guia da Folha e Prêmio Canal Brasil. Vencedor do Troféu Nelson Rodrigues, Prêmio Destaque em Comunicação ANCEC, Troféu Inspiração do Amanhã, Prêmio África Brasil, Prêmio Leda Maria Martins e Medalha Mário de Andrade Prêmio Governador do Estado, maior honraria na área de Letras de São Paulo.
Foto: Edson Lopes Jr.
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