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★★★★★ Crítica: Nena Inoue comove Festival de Curitiba com busca por origens ancestrais em Sobrevivente

Nena Inoue emociona 31º Festival de Curitiba com Sobrevivente © Daniel Sorrentino @dansorrel @festivaldecuritiba Blog do Arcanjo 2023

Por ANDRÉ NUNES
Especial para o Blog do Arcanjo
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Conheci Nena Inoue por uma indicação “boca a boca” no Festival de Curitiba de 2019. São quatro anos, mas parece uma década desde aquela edição pré-pandêmica.

Nena estava em cartaz com sua já premiada Para Não Morrer, dentro da programação do Fringe, no Teatro Lala Schneider. Acabei não conseguindo ver durante o Festival, mas fui na sequência, na temporada.

E durante a pandemia, assisti mais uma vez, numa transmissão ao vivo feita por Nena para ajudar seu público a lidar com o isolamento social.

Sobrevivente, sua nova peça, que estreou na Mostra Lucia Camargo deste Festival 2023, fez duas sessões com casa cheia no Teatro Zé Maria, na última quarta (5) e quinta (6).

O espetáculo dá sequência ao anterior, numa trilogia sobre histórias de resistência de mulheres latino-americanas, além de abordar as próprias origens de Nena Inoue.

Filha de pai japonês e mãe brasileira, Nena nasceu em 1960 em Córdoba, no centro da Argentina, em meio à efervescência política que antecedia as ditaduras militares lá e aqui.

Como ela mesmo enfatiza, seu nascimento nesta data e local não devem ter sido ao acaso, predestinando – de certa forma – a artista em sua jornada pessoal, profissional e política.

Pedro Inoue e Nena Inoue em Sobrevivente, peça de destaque no 31º Festival de Curitiba © Daniel Sorrentino @dansorrel @festivaldecuritiba Blog do Arcanjo 2023

Busca por origens

Em meio às origens bem conhecidas do lado paterno nipônico, a atriz nunca teve o mesmo conhecimento (nem registros) de sua ancestralidade materna.

Sua mãe veio de Goiás, mas sua avó, Maria Candida, que morreu aos 30 anos, só conta com a certidão de óbito de 1938. E mais nada. Seria de origem indígena Tupi Guarani? Por que aquela mulher independente para a época teve sua história apagada?

Essas e outras questões são trazidas ao público durante os 75 minutos da peça, que conta com participações do filho de Nena, Pedro Inoue, também ator, em interações divertidas e bem dosadas com a atriz.

Por ser um monólogo familiar, ter seu descendente em cena amplia as camadas genealógicas apresentadas.

Poucas intérpretes conseguem cativar o público como Nena Inoue. Além da duração do espetáculo decorrer sem que se perceba, acabamos imergindo em sua narrativa, que emociona ao mesmo tempo em que levanta reflexões sociais, históricas, de gênero e de luta. Um dom das verdadeiras contadoras de história.

Para Não Morrer, peça que renceu a Nena Inoue o Prêmio Shell de Melhor Atriz, se encerrava embalada por Mercedes Sosa, a grande cantora argentina, com Gracias a la Vida, verdadeiro hino latino-americano.

Sobrevivente segue a toada da inesquecível cantante tucumana, batizada como A Voz da América Latina, agora com Todo Cambia.

Feliz é o público que pode prestigiar uma força da natureza como é Nena Inoue em cena. Gracias por todo e por tanto!

★★★
Sobrevivente
Avaliação: Ótimo

Crítica por André Nunes

*André Nunes é jornalista e mestre em Comunicação pela Universidade Federal do Paraná (UFPR), com intercâmbio na Université Stendhal, em Grenoble, na França. Editor do site Mural do Paraná, possui experiência de 12 anos em jornalismo profissional e comunicação corporativa, atuando em redações de rádios e jornais, e em agências de comunicação atendendo empresas de educação, saúde hospitalar, negócios, smart cities, construção, terceiro setor e entidades de classe. Atua como assessor de imprensa na Talk Comunicação desde 2018, onde atende o Centro Universitário UniOpet, o hub de inovação iCities, o World Trade Center (WTC) Curitiba, Joinville e Porto Alegre, e a Escola Chef Gourmet Santa Felicidade. É ainda colunista de tecnologia do Diário Indústria & Comércio e já integrou a equipe de comunicação e assessoria do Festival de Curitiba. @andre.fnunes

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Jornalista cultural influente, Miguel Arcanjo Prado dirige o Blog do Arcanjo desde 2012 e o Prêmio Arcanjo desde 2019. É Mestre em Artes pela UNESP, Pós-graduado em Mídia e Cultura pela ECA-USP, Bacharel em Comunicação pela UFMG e Crítico da APCA – Associação Paulista de Críticos de Artes, da qual foi vice-presidente. Eleito três vezes um dos melhores jornalistas culturais do Brasil pelo Prêmio Comunique-se. Passou por TV Globo, Grupo Record, Grupo Folha, Editora Abril, Huffpost Brasil, Grupo Bandeirantes, TV Gazeta, UOL, Rede TV!, Rede Brasil, TV UFMG e O Pasquim 21. Foi coordenador da SP Escola de Teatro. Integra o júri do Prêmio Arcanjo, Prêmio Jabuti, Prêmio Governador do Estado de SP, Sesc Melhores Filmes, Prêmio Bibi Ferreira, Destaque Imprensa Digital, Prêmio Guia da Folha e Prêmio Canal Brasil. Vencedor do Troféu Nelson Rodrigues, Prêmio Destaque em Comunicação ANCEC, Troféu Inspiração do Amanhã, Prêmio África Brasil, Prêmio Leda Maria Martins e Medalha Mário de Andrade Prêmio Governador do Estado, maior honraria na área de Letras de São Paulo.
Foto: Edson Lopes Jr.
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