Festival de Curitiba tem 200 mil pessoas em 14 dias do maior evento das Artes Cênicas na América Latina e mostra força do teatro
Por MIGUEL ARCANJO PRADO
@miguel.arcanjo
ENVIADO ESPECIAL AO FESTIVAL DE CURITIBA*
Festa para todos. Marcado pela inclusão e forte diversidade, o Festival de Curitiba encerrou neste domingo (9) sua 31ª edição com mais de 200 mil pessoas de público durante os 14 dias de evento, aberto no último 27 de março, com 350 atrações, 1.500 artistas participantes e 2.600 postos de trabalho gerados. Com o custo de R$ 8 milhões e com mais de 60 patrocinadores, o evento tem idealização de Leandro Knophfolz, também diretor do mesmo ao lado de Fabíula Bona Passini. A realização une quatro produtoras: Apice, Parnaxx, Planeta Brasil e Tanta Produções.
Esta edição foi marcada pelo sucesso das bilheterias do evento, com ingressos esgotados em 41 sessões da Mostra Lucia Camargo, a principal da programação. Também foi destaque a retomada do Fringe, sob coordenação de Priscila de Morais e Yasmin Franco, a mostra democrática e independente de curadoria, inspirada no Fringe do Festival de Edimburgo, na Escócia. Já o Guritiba, sob coordenação de Carol Scabora, focou nas crianças, enquanto que o Gastronomix, sob curadoria de Celso Freire e Gabriela Nikei Freire, aguçou o paladar na mostra gastronômica com mais de dez restaurantes estrelados.
Ainda teve espaço para o riso com o Risorama, com mais de 15 mil ingressos vendidos e as maiores estrelas do humor nacional, sob curadoria de Diogo Portugal. E o MishMash alegrou as famílias com sua deliciosa mistura de circo, teatro e música, sob curadoria de Rafael Barreiros. No campo das ideias, o Interlocuções promoveu oficinas, encontros e bate-papos com produção de Luana Mello.
Força do teatro
Realizado entre os dias 27 de março e 9 de abril, o Festival de Curitiba provou novamente sua grande força promotora de encontros e impulsionadora da cadeia produtiva da indústria cultural nacional, movimentando cena cultural e a economia da capital paranaense e do Brasil como um todo, o que demonstra a força do teatro na economia criativa.
A 31ª edição do Festival de Curitiba fez a capital paranaense respirar arte, ao reunir mais de 200 mil espectadores, e foi além: investiu na diversidade, na inclusão, na inovação e na preocupação social, presentes nas diferentes mostras do evento.
Em duas semanas, o festival contou com programação diversa e opções gratuitas. Com um total de 350 atrações em 65 espaços da cidade, o “festival para todos” movimentou a cena cultural e a economia de Curitiba, gerando mais de 2.600 empregos, entre diretos e indiretos, e envolveu 1.500 artistas.
Nos palcos, na plateia e em sua equipe, o Festival de Curitiba desenvolveu ações inclusivas e que buscaram a representatividade. Uma parceria inédita com o Instituto Reviver Down acolheu cerca de 30 pessoas com Síndrome de Down no quadro de colaboradores do evento, que teve na abertura peça formada justamente por atores portadores do “T21” (Trissomia do cromossomo 21). Hamlet, da companhia peruana Teatro La Plaza, combateu o preconceito e comoveu a plateia que lotou o Guairão, dando a arrancada para uma edição histórica. A peça foi destaque em reportagem sobre o Festival de Curitiba que encerrou o Jornal Nacional nesta sexta, 7 de abril.
As ações inclusivas visando a acessibilidade estiveram presentes em outras peças do Festival de Curitiba. Foram mais de 25 espetáculos com libras ou audiodescrição.
Indústria cultural como negócio
Enquanto a inclusão e acessibilidade marcaram a programação, nos bastidores o clima de inovação movimentou o setor cultural. Pela primeira vez, o Festival de Curitiba realizou a Rodada de Conexões, espécie de ‘rodada de negócios’ com foco exclusivo na troca de experiências na área cultural. O evento, em parceria com o Sebrae, promoveu reuniões entre grupos de teatro, programadores culturais e curadores de diversos festivais do Brasil e de outros países, sendo uma oportunidade para as companhias locais e de outros estados apresentarem seu trabalho, produtos e serviços em busca de novos mercados.
Edição histórica
Com resultados expressivos nos teatros, ações inovadoras e diferentes públicos abrangidos, a diretora do Festival de Curitiba, Fabíula Passini, classificou a 31ª edição do evento como histórica. “Vivemos um momento de reconstrução e de fortalecimento da arte, após o período crítico da pandemia. Vimos essas vibrações e emoções nos palcos e nas plateias, nas ruas e nos espaços artísticos da cidade, por meio desse importante encontro olho no olho entre artistas e público. É importante ressaltar também o trabalho da curadoria, de toda a equipe de produção e comunicação para o sucesso da 31ª edição”, afirmou.
O diretor do Festival de Curitiba, Leandro Knopfholz, destacou a contribuição do Festival de Curitiba para fomentar a economia criativa da cidade e movimentar a cena cultural. “Entramos na nova década do Festival de Curitiba, após as comemorações dos 30 anos, com o pé direito e recordes de público. Foram centenas de empregos gerados, uma alta movimentação econômica na cidade, com bares, restaurantes, hotéis, ambulantes, transportes e várias áreas do comércio com vendas expressivas. Além dos palcos e junto da arte, o festival fomenta a economia criativa de Curitiba”, disse.
Mostra Lucia Camargo
Mostra Lucia Camargo – Com uma nova curadoria, composta pela produtora e pesquisadora Daniele Sampaio, pela atriz e diretora Giovana Soar e pelo dramaturgo e crítico teatral Patrick Pessoa, a mostra Lucia Camargo teve como marca a diversidade contemporânea do teatro nacional e internacional e a representatividade de diferentes grupos.
A programação contou com 32 espetáculos e público de 40 mil pessoas que lotou os teatros da cidade. No total, foram 70 apresentações, 41 sessões com ingressos esgotados e 3 sessões extras.
A mostra teve 7 estreias nacionais e uma internacional dentro de uma programação que se preocupou com a diversidade e a representatividade. Paralelo a isso, a organização do evento elaborou ações para inserir públicos diversos no teatro, com distribuição de 7 mil ingressos para coletivos e instituições sociais, tornando o acesso à arte democrático.
Fringe
O acesso à cultura marcou o Fringe, que retornou após 3 anos e contou mais de 40 espetáculos gratuitos, de um total de 280 atrações que movimentaram ruas, praças, parques, teatros e espaços independentes de Curitiba e da Região Metropolitana, proporcionando arte para mais de 50 mil espectadores.
Em um novo formato, o Fringe foi organizado em 15 mostras, além do Circuito Independente, que teve programação diversa em 23 teatros, aquecendo a cena teatral e fomentando companhias e espaços locais.
Risorama
O Risorama proporcionou uma explosão de gargalhadas e fez ‘tremer’ o Viasoft Experience durante os seis dias de apresentação da 19ª temporada, reunindo mais de 17 mil espectadores. O sucesso foi tamanho que tiveram de ser abertas três sessões extras para que mais pessoas pudessem ir ao tradicional show de stand up comedy do País, para conferir a performance dos maiores humoristas da atualidade.O evento tem curadoria de um dos ícones e precursores desse tipo de espetáculo de humor no País, Diogo Portugal.
Guritiba
A mostra do Festival de Curitiba voltada para crianças uniu arte, educação e diversão,com público de mais de 3 mil pessoas. Além da programação aberta no Teatro Bom Jesus que fez barulho entre a criançada, o Guritiba teve ações sociais em 12 instituições infantis da capital paranaense que acolhem crianças em situação de vulnerabilidade. Trata-se de um público com mobilidade reduzida, por diferentes questões sociais, para ir até os teatros. Por isso, o Guritiba compartilhou a arte dentro das instituições.
MishMash
Com programação pensada para agradar toda a família, com muita música, malabarismo e mágicos, o MishMash deste ano aconteceu no Viasoft Experience, e teve público estimado de 3 mil pessoas. O evento teve como mestre de cerimônia o cantor e ator Evandro Mesquita, famoso por ser vocalista da banda Blitz e pelos trabalhos em cinema e televisão, como o do mecânico Paulão na série A Grande Família, será o mestre de cerimônias do evento.
Gastronomix
A gastronomia de alta qualidade aliada à música instrumental e artes cênicas em um espaço deslumbrante marcaram o Gastronomix, evento que reuniu 7 mil pessoas. O evento teve curadoria do premiado Chef Celso Freire e contou com a participação de restaurantes nacionais e internacionais, utilizando gastronomia sustentável e fornecedores locais para diminuir os impactos ambientais.
Interlocuções
O Interlocuções trouxe programação cultural gratuita dentro do festival com debates, encontros, palestras, mesas redondas, sessões de autógrafos, oficinas, filmes e lançamentos de livros e reuniu mais de 3 mil pessoas durante as duas semanas de evento.
31º Festival de Curitiba em números – 2023
Público de mais de 200 mil pessoas
600 empregos diretos
2000 empregos indiretos
Mais de 1.500 artistas
20 toneladas de cenários
Mais de 20 toneladas de luz
15 toneladas de som
32 espetáculos na Mostra Lucia Camargo
70 apresentações na Mostra Lucia Camargo
3 sessões extras na Mostra Lucia Camargo
41 sessões com ingressos esgotados na Mostra Lucia Camargo
12 instituições sociais atendidas pelo Guritiba
3.500 mil espectadores no Guritiba
Risorama com público de 17 mil pessoas
Gastronomix com público de 7 mil pessoas
Fringe com mais de 50 mil espectadores
7 Estreias nacionais – O Tempo e a Sala, Adoráveis Transgressões, Ovos Não Têm Janela, Sonho de Uma Noite de Verão, Square, Sobrevivente, Arqueologias do Futuro.
1 estreia internacional – Square / Praça
*O jornalista e crítico Miguel Arcanjo Prado viajou a convite do Festival de Curitiba.
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Jornalista cultural influente, Miguel Arcanjo Prado dirige o Blog do Arcanjo desde 2012 e o Prêmio Arcanjo desde 2019. É Mestre em Artes pela UNESP, Pós-graduado em Mídia e Cultura pela ECA-USP, Bacharel em Comunicação pela UFMG e Crítico da APCA – Associação Paulista de Críticos de Artes, da qual foi vice-presidente. Eleito três vezes um dos melhores jornalistas culturais do Brasil pelo Prêmio Comunique-se. Passou por TV Globo, Grupo Record, Grupo Folha, Editora Abril, Huffpost Brasil, Grupo Bandeirantes, TV Gazeta, UOL, Rede TV!, Rede Brasil, TV UFMG e O Pasquim 21. Foi coordenador da SP Escola de Teatro. Integra o júri do Prêmio Arcanjo, Prêmio Jabuti, Prêmio Governador do Estado de SP, Sesc Melhores Filmes, Prêmio Bibi Ferreira, Destaque Imprensa Digital, Prêmio Guia da Folha e Prêmio Canal Brasil. Vencedor do Troféu Nelson Rodrigues, Prêmio Destaque em Comunicação ANCEC, Troféu Inspiração do Amanhã, Prêmio África Brasil, Prêmio Leda Maria Martins e Medalha Mário de Andrade Prêmio Governador do Estado, maior honraria na área de Letras de São Paulo.
Foto: Edson Lopes Jr.
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