Christiane Torloni lembra sua Helena de Mulheres Apaixonadas, que volta à Globo: ‘Tive cenas antológicas’ | Entrevista do Arcanjo

Por MIGUEL ARCANJO PRADO
@miguel.arcanjo

Embora assuma diferentes facetas a cada novela, Helena é uma clássica personagem das obras de Manoel Carlos, autor que completou 90 anos de vida e é um dos grandes nomes da TV no Brasil. Em Mulheres Apaixonadas, de volta ao Vale a Pena Ver de Novo nesta segunda, 29 de maio, na Globo, Christiane Torloni dá vida à protagonista. “Interpretar a Helena é como ganhar o Oscar, porque é o grande papel da teledramaturgia brasileira”, destaca a atriz nesta Entrevista do Arcanjo, feita em parceria com a Comunicação Globo.
 
Recordemos a trama do folhetim de 2003: Irmã de Hilda (Maria Padilha) e Heloísa (Giulia Gam), Helena é professora de História e diretora de uma escola de Ensino Médio, a ERA, que pertence à cunhada Lorena (Susana Vieira). Casada há mais de 15 anos com Téo (Tony Ramos), adotou Lucas (Victor Cugula). Mesmo sendo uma mulher confiante e segura, Helena passa por uma fase de incertezas e dúvidas quanto à sua felicidade, já que vive um amor sem grandes emoções. Seus questionamentos sobre a vida conjugal ganham força quando ela reencontra César (José Mayer), ex-namorado que ela abandonou para se casar com Téo.
 
“O que é muito interessante nessa Helena, em particular, é que ela é uma anti-heroína. Desde o primeiro capítulo, se revela para o público de uma maneira absolutamente franca e, através dessa honestidade, já captura a cumplicidade desse público, que sabe dos desejos mais íntimos dela, porque ela os confessa para as irmãs. Essa jogada dramatúrgica é genial”, observa Torloni sobre a personagem.
 
A seguir, a atriz conta mais detalhes do trabalho que completa 20 anos de sua exibição original.

Leia com todfa a calma do mundo.

Miguel Arcanjo Prado – Christiane Como foi interpretar a famosa Helena na obra de Manoel Carlos?  
Christiane Torloni – Interpretar a Helena é como ganhar o Oscar, porque é o grande papel da teledramaturgia brasileira. Ela virou um ícone de qualidade e de grande humanidade. Através da Helena, o Manoel Carlos talvez atinja um nível de dramaticidade mais profundo que em outros personagens. 
 
Miguel Arcanjo Prado – O que a personagem tinha de diferente das demais Helenas já criadas pelo autor?
Christiane Torloni – O que é muito interessante nessa Helena, em particular, é que ela é uma anti-heroína. Desde o primeiro capítulo, se revela para o público de uma maneira absolutamente franca e, através dessa honestidade, já captura a cumplicidade desse público que sabe dos desejos mais íntimos dela, porque ela os confessa para as irmãs. Essa jogada dramatúrgica é genial. O Maneco mostra que ela vai ser uma Helena que vai representar a realidade da vida e das pessoas. É uma mulher completamente antenada com a sua possibilidade de ser feliz, com a independência, com a liberdade e com o quanto isso pode custar para ela. Eu acredito que essa, em especial, seja uma Helena que tenha tantas contradições e que, com isso, consiga atingir todo esse leque de emoções que nós, mulheres, temos. Somos todas, graças a Deus, muito Helenas e muito contraditórias.
 
Miguel Arcanjo Prado – Quais eram as paixões de Helena?
Christiane Torloni – A grande paixão da Helena é pelo César. Ela viveu um grande amor com o Téo, mas a grande paixão dela, pela qual ela vai lutar e resgatar durante a trama, é o César.
 
Miguel Arcanjo Prado – Como foi contracenar com o elenco da trama?
Christiane Torloni – O elenco da novela é um elenco de ouro, são grandes atores! Alguns infelizmente já faleceram e outros, por conta da passagem do tempo, já se recolheram também. É uma novela que brindou o público brasileiro e também fez um grande sucesso fora do Brasil, principalmente em Portugal e nos países de língua portuguesa. O elenco é brilhante.
 
Miguel Arcanjo Prado – Alguma cena ou sequência foi mais marcante ao longo das gravações?  
Christiane Torloni – Eu estaria sendo injusta se elegesse só uma cena. É uma novela com cenas inesquecíveis. Eu tive momentos muito bonitos com as irmãs da Helena, com o José Mayer e, com o Tony Ramos, tive cenas antológicas. Inclusive porque o Maneco não economiza; se ele tiver de escrever cenas de cinco ou seis páginas, ele vai escrever. No final da novela, tem uma cena com o Tony que é espetacular, em que a gente faz quase uma retrospectiva do que foi aquela trama.   
 
Miguel Arcanjo Prado – Na sua visão, a novela permanece atual, mesmo após 20 anos de sua exibição original?
Christiane Torloni – Com certeza a novela continua atual. Eu recebi muitas mensagens sobre a obra, que também está disponível no Globoplay, e as pessoas estavam revendo e falando exatamente da atualidade. Eu acho que, de alguma maneira, o Brasil até piorou nesses últimos 20 anos; no que diz respeito à questão ecológica não há a menor dúvida; e em relação ao Rio de Janeiro, também. O Manoel Carlos já antevia isso. Tem uma cena muito impressionante na novela em que a Helena conta para a personagem da Susana Veira que teve um pesadelo de um homem dando aula na escola dela, falando que as armas eram mais importantes do que os livros – não há nada mais atual do que isso.

De volta a partir do dia 29 de maio, no Vale a Pena Ver de Novo na Globo, Mulheres Apaixonadas tem autoria de Manoel Carlos, com colaboração de Fausto Galvão, Vinícius Vianna e Maria Carolina. A novela tem direção de núcleo e geral de Ricardo Waddington e direção geral de José Luiz Vilamarim e Rogério Gomes, com direção de Ary Coslov e Marcelo Travesso.

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Jornalista cultural influente, Miguel Arcanjo Prado dirige o Blog do Arcanjo desde 2012 e o Prêmio Arcanjo desde 2019. É Mestre em Artes pela UNESP, Pós-graduado em Mídia e Cultura pela ECA-USP, Bacharel em Comunicação pela UFMG e Crítico da APCA – Associação Paulista de Críticos de Artes, da qual foi vice-presidente. Eleito três vezes um dos melhores jornalistas culturais do Brasil pelo Prêmio Comunique-se. Passou por TV Globo, Grupo Record, Grupo Folha, Editora Abril, Huffpost Brasil, Grupo Bandeirantes, TV Gazeta, UOL, Rede TV!, Rede Brasil, TV UFMG e O Pasquim 21. Foi coordenador da SP Escola de Teatro. Integra o júri do Prêmio Arcanjo, Prêmio Jabuti, Prêmio Governador do Estado de SP, Sesc Melhores Filmes, Prêmio Bibi Ferreira, Destaque Imprensa Digital, Prêmio Guia da Folha e Prêmio Canal Brasil. Vencedor do Troféu Nelson Rodrigues, Prêmio Destaque em Comunicação ANCEC, Troféu Inspiração do Amanhã, Prêmio África Brasil, Prêmio Leda Maria Martins e Medalha Mário de Andrade Prêmio Governador do Estado, maior honraria na área de Letras de São Paulo.
Foto: Edson Lopes Jr.
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