Parada do Orgulho LGBTQIA+ SP exige direitos plenos com Pabllo Vittar, Daniela Mercury, Pocah e Majur; veja programação!
Por MIGUEL ARCANJO PRADO
@miguel.arcanjo
A Parada do Orgulho LGBT+ SP é uma manifestação social que reivindica direitos, promove a visibilidade e celebra a diversidade, com ações políticas e afirmativas. O evento tem organização da Associação da Parada do Orgulho LGBT de São Paulo (APOLGBT-SP) e realiza 27ª edição neste domingo, 11 de junho de 2023, a partir das 10h na Avenida Paulista e Rua da Consolação. Nos 19 trios estão previstas participações de estrelas como Pabllo Vittar, Daniela Mercury e Majur.
A primeira edição da Parada SP ocorreu em 1997 com cerca de 2 mil participantes e, desde então, o evento já conquistou um público de 4 milhões de pessoas e entrou para o Guinness Book como o maior do mundo.
Parada SP 2023 tem 19 trios: confira a programação!
27ª Parada LGBT+ 2023 de São Paulo
Trio 1 –Abertura – Organizações de Paradas do Orgulho LGBT+ do Brasil – Juan Guiã, Paulo Pringles
Trio 2 – Famílias LGBT+
Trio 3 – Prefeitura I – Artistas: Aristela
Trio 4 – Prefeitura II – Artista: Megam Scott
Trio 5 – Prefeitura III – Artista: Márcia Pantera
Trio 6 – HIV/AIDS – Artistas: Xênia Star, Luh Marinatti, Lorran Ciriaco
Trio 7 – Pessoas Aliadas – Artista:Filipe Catto
Trio 8 – Rede de Orgulho – Artista: Kauan Russell
Trio 9 – Patrocinadores: Burger King, Philip Morris, 3M, Kellogg, Accor, Microsoft – Artistas: Brunelli, Juan Nym, Dj Zuba
Trio 10 – Lésbicas – Artistas: Ana Dutra e Laura Finochiaro
Trio 11 – Patrocinador Amstel – Artistas: Pabllo Vittar, Salete Campari, Dj Transalien
Trio 12 – Gays – Artistas: Fiakra, Tiago Cardoso, Gustavo Vianna e Douglas Penido
Trio 13 – Patrocinador VIVO – Artistas: Daniela Mercury, Agrada Gregos e Paulete Pink
Trio 14 – Bi+ – Artistas: PC, MC Soffia e Litta
Trio 15 – Patrocinador Mercado Livre e L’Oreal Groupe – Artistas: Majur, Thiago Pantaleão e Cris Negrini.
Trio 16 – Travesti/Trans – Artistas: Boombeat, Lorenzo Zimon e Nick Cruz
Trio 17 – Patrocinador: TERRA – Artistas: Urias, Grag Queen, Minhoqueens e Mama Darling
Trio 18 – Patrocinador: Sminorff – Artistas: Pocah, WD, DJ Heey Cat e Batekoo
Trio 19 – Encerramento Diretoria APOLGBT-SP- Artista: Bixarte, Luana Hansen e Tico Malagueta
Manifesto: ‘Queremos políticas sociais para LGBT+ por inteiro e não pela metade’
A Parada SP 2023 escolheu sua temática de reinvindicação: “Queremos por inteiro, não pela metade”. O Blog do Arcanjo apresenta a seguir o manifesto:
“A proteção social básica, direito de todas as pessoas, não abarca todas as famílias LGBT+ e as vítimas da LGBTfobia. A invisibilidade da população LGBT+, ou parte considerável desta, é fato concreto dentro das políticas públicas e assistência social do país. Muito falamos do SUS, o Sistema Único de Saúde, que é exemplo para o mundo, apesar de algumas falhas. Mas pouco, ou quase nada, é falado do Sistema Único de Assistência Social (SUAS). Presente em todo o Brasil, o SUAS deveria garantir a proteção social aos cidadãos, prestando apoio a indivíduos, famílias e à comunidade no enfrentamento de suas dificuldades por meio de serviços, benefícios, programas e projetos. No entanto, mostra-se fragilizado quando se trata do público LGBT+.
A maior parte dos seus planos, programas, projetos, serviços e benefícios são disfarçadamente direcionados às famílias e indivíduos cisgêneros e heterossexuais. Essas distorções ficam evidenciadas quando procuramos fazer parte desses programas, que possuem requisitos quase sempre inalcançáveis pelas genealogias LGBT+. Não existe um olhar específico para essa comunidade, que sobrevive em um país que viola suas vidas.
No programa federal de moradia popular Minha Casa, Minha Vida, por exemplo, não há qualquer diretriz que garanta, nos residenciais com construção em andamento no Brasil, uma cota específica de moradias para pessoas LGBT+ de baixa renda, conforme ressalta a prefeitura de Belém, no Pará, que promoveu, neste ano, um mutirão para cadastrar essa população no programa.
Segundo dados da Pesquisa do Orgulho, conduzida pelo Datafolha, em parceria com Havaianas e a organização internacional All Out, pelo menos 37% da população LGBT+ tem dificuldade de acesso à educação, enquanto quase 40% enfrentam diariamente o preconceito em serviços de saúde.
Passamos os últimos quatro anos em uma gestão desastrosa do desgoverno de extrema direita de Jair Bolsonaro. Assistimos atônitos aos ataques à democracia, tentativas de golpe, volta da fome, Amazônia devastada e abandono do povo brasileiro. Entre tantas intemperanças ao estado de direito, vimos também a retirada da população LGBT+ das Políticas de Direitos Humanos.
O novo governo federal do presidente Luiz Inácio Lula da Silva tem forte preocupação social e traz a oportunidade de debater a assistência social para a comunidade LGBT+. O momento é agora! Políticas públicas serão debatidas, definidas e executadas.
Chegou a hora de a Parada ser um instrumento para evidenciar os diversos dilemas vividos pela população LGBT+ que se encontra em situação de rua, com a falta de moradia e empregos, pobreza e exclusão social. É necessário discutir temas evidenciados na política de assistência social que possam gerar respostas e soluções para os problemas que estamos enfrentando.
Queremos reivindicar um modelo de gestão participativa, onde o SUAS articule esforços e recursos dos municípios, estados e união para a execução e o financiamento de políticas nacionais de assistência social LGBT+. As Paradas de Orgulho têm enorme poder de jogar luz sobre temas esquecidos ou ignorados pelo poder público.
Por esse motivo, o tema da 27ª Parada do Orgulho LGBT+ de São Paulo é: “Queremos políticas sociais para LGBT+ por inteiro e não pela metade”. Nosso objetivo é tornar o SUAS mais conhecido dentro da comunidade e do ativismo LGBT+. Precisamos legitimar nossa luta e fazer com que o nosso país atenda e entenda as especificidades dessa parcela da população brasileira. É urgente enfrentar a discriminação e a exclusão, que agrava a situação dessas pessoas, além de fomentar o vício em drogas, o que as leva à viver nas ruas e passar fome.
É raro ou inexistente o foco das marchas pelo Brasil em pessoas LGBT+ de baixa renda, em insegurança alimentar ou situação de rua. A Associação da Parada do Orgulho LGBT de São Paulo (APOLGBT-SP) quer gerar um marco histórico ao fazer com que o movimento, governos de diferentes níveis, empresas e sociedade em geral passem a dar atenção à população LGBT+ em grave situação social.”
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Jornalista cultural influente, Miguel Arcanjo Prado dirige o Blog do Arcanjo desde 2012 e o Prêmio Arcanjo desde 2019. É Mestre em Artes pela UNESP, Pós-graduado em Mídia e Cultura pela ECA-USP, Bacharel em Comunicação pela UFMG e Crítico da APCA – Associação Paulista de Críticos de Artes, da qual foi vice-presidente. Eleito três vezes um dos melhores jornalistas culturais do Brasil pelo Prêmio Comunique-se. Passou por TV Globo, Grupo Record, Grupo Folha, Editora Abril, Huffpost Brasil, Grupo Bandeirantes, TV Gazeta, UOL, Rede TV!, Rede Brasil, TV UFMG e O Pasquim 21. Foi coordenador da SP Escola de Teatro. Integra o júri do Prêmio Arcanjo, Prêmio Jabuti, Prêmio Governador do Estado de SP, Sesc Melhores Filmes, Prêmio Bibi Ferreira, Destaque Imprensa Digital, Prêmio Guia da Folha e Prêmio Canal Brasil. Vencedor do Troféu Nelson Rodrigues, Prêmio Destaque em Comunicação ANCEC, Troféu Inspiração do Amanhã, Prêmio África Brasil, Prêmio Leda Maria Martins e Medalha Mário de Andrade Prêmio Governador do Estado, maior honraria na área de Letras de São Paulo.
Foto: Edson Lopes Jr.
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