Por MIGUEL ARCANJO PRADO
@miguel.arcanjo
Enviado especial a Ouro Preto*
Na noite gelada de quinta-feira, 22/6, em Ouro Preto, a cerimônia de abertura da 18ª CineOP aqueceu mentes e corações da plateia que lotou a Praça Tiradentes para acompanhar a abertura oficial do maior evento dedicado ao patrimônio audiovisual no Brasil. A Mostra de Cinema de Ouro Preto segue na cidade histórica até o dia 26 (segunda-feira).
Entre músicas de congado e referências ao soul, a abertura destacou a temática da Música Preta no Brasil – que conduz a curadoria histórica da mostra em 2023 – e celebrou a carreira de Tony Tornado. Aos 93 anos, o ator e cantor recebeu o Troféu Vila Rica das mãos de seu filho, Lincoln, e se emocionou com o carinho e reconhecimento.
“Só faltam sete anos para eu chegar a 100, né? Rumo aos 100!”, celebrou. Tornado lembrou que, apesar de ter feito preponderantemente televisão, teve uma significativa carreira no cinema. “Fiz filmes muitos, outros nem tanto… e alguns realmente horríveis”, disse, arrancando risos da plateia. “Alguns me orgulham demais, como ‘Quilombo dos Palmares’, do Cacá Diegues, e ‘Pixote’. Viva o cinema nacional! Que honra, que honra”, completou.
Num vídeo apresentado pouco antes da homenagem, produzido pelo Canal Brasil, Tony Tornado apareceu em depoimento gravado para a Universo Produção reforçando suas raízes negras e conclamando “muita paz e amor” entre os povos. “Quando duas mãos se encontram, a sombra refletida no chão é da mesma cor”, dizia no vídeo.
Também por vídeo, a ministra da Cultura, Margareth Menezes, fez uma aparição surpresa. Impossibilitada de vir ao CineOP por motivos de agenda, ela gravou um depoimento, exibido no telão. Em poucos minutos, exaltou a homenagem a Tony Tornado e disse que “há boas notícias para o cinema no Brasil”. A secretária do Audiovisual, Joelma Gonzaga, representou a ministra e está na cidade para conversar com a classe audiovisual.
Logo em seguida à cerimônia, foi exibido o documentário “Baile Soul”, dirigido por Cavi Borges. Ao longo de 80 minutos, o público ouviu histórias deliciosas sobre a ascensão da black music no Rio de Janeiro, a popularização do imaginário visual e social negro vindo dos EUA a partir do sucesso de James Brown e ainda a perseguição dos bailantes pela ditadura militar, municiada de racismo, opressão e preconceito.
A noite foi encerrada no Centro de Convenções de Ouro Preto com o poderoso e empolgante show da banda Diplomattas, que, junto ao multiartista Maurício Tizumba, tocou um repertório inteiramente dedicado e referenciado ]á black music.
Sobre a 18ª CineOP
Durante seis dias de evento, o público terá oportunidade de vivenciar um conteúdo inédito, descobrir novas tendências, assistir aos filmes, curtir atrações artísticas, trocar experiências com importantes nomes da cena cultural, do audiovisual, da preservação e da educação, participar do programa de formação e debates temáticos de forma gratuita.
Colaborou João Schelbauer
Veja a cobertura da CineOP no Blog do Arcanjo!
*O jornalista e crítico Miguel Arcanjo Prado viajou a convite da CineOP e Universo Produção.
Confira algumas fotos pelo Blog do Arcanjo.
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Jornalista cultural influente, Miguel Arcanjo Prado dirige o Blog do Arcanjo desde 2012 e o Prêmio Arcanjo desde 2019. É Mestre em Artes pela UNESP, Pós-graduado em Mídia e Cultura pela ECA-USP, Bacharel em Comunicação pela UFMG e Crítico da APCA – Associação Paulista de Críticos de Artes, da qual foi vice-presidente. Eleito três vezes um dos melhores jornalistas culturais do Brasil pelo Prêmio Comunique-se. Passou por TV Globo, Grupo Record, Grupo Folha, Editora Abril, Huffpost Brasil, Grupo Bandeirantes, TV Gazeta, UOL, Rede TV!, Rede Brasil, TV UFMG e O Pasquim 21. Foi coordenador da SP Escola de Teatro. Integra o júri do Prêmio Arcanjo, Prêmio Jabuti, Prêmio Governador do Estado de SP, Sesc Melhores Filmes, Prêmio Bibi Ferreira, Destaque Imprensa Digital, Prêmio Guia da Folha e Prêmio Canal Brasil. Vencedor do Troféu Nelson Rodrigues, Prêmio Destaque em Comunicação ANCEC, Troféu Inspiração do Amanhã, Prêmio África Brasil, Prêmio Leda Maria Martins e Medalha Mário de Andrade Prêmio Governador do Estado, maior honraria na área de Letras de São Paulo.
Foto: Edson Lopes Jr.
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