13ª Bienal Sesc de Dança reúne cerca de 20 mil pessoas em Campinas
Por MIGUEL ARCANJO PRADO
@miguel.arcanjo
Enviado especial a Campinas – SP*
Com foco especial na performance e na diversidade de corpos, a 13ª Bienal Sesc de Dança foi realizada entre 14 e 24 de setembro em Campinas pelo Sesc São Paulo em parceria com Prefeitura de Campinas e Unicamp. Como sede principal no Sesc Campinas, o evento contou com 60 diferentes atividades celebrando a volta ao presencial. Cerca de 20 mil pessoas participaram da programação, segundo a organização. Quatorze unidades da federação foram representadas, além da presença internacional de oito países: África do Sul, Chile, Coreia do Sul, França, Moçambique, Ruanda, Síria e Suíça. “Foi muito bonito presenciar o encontro e o reencontro de artistas, públicos e diferentes profissionais da dança. Ver as pessoas participando das aulas abertas, se deixando afetar pelas performances e espetáculos. Chegamos ao final dessa Bienal com a alegria de realizar muitos de nossos objetivos iniciais, que foram muito discutidos por essa equipe de curadoria durante todo processo de trabalho. Construímos coletivamente esse terreno para que as pessoas pudessem participar do festival à sua maneira”, afirma Talita Rebizzi, integrante da equipe curatorial, em nome do conjunto. A seguir, leia entrevista exclusiva do Blog do Arcanjo com a curadora.
Miguel Arcanjo Prado – Como foi essa volta da Bienal Sesc de Dança presencial? Qual balanço você faz desta edição do evento?
Talita Rebizzi – Havia uma grande expectativa de como seria retomar esse contato da Bienal com a cidade, com o público. Mas, logo no começo percebemos que as pessoas estavam muito entusiasmadas com a possibilidade de se reencontrar. Está sendo prazeroso ver as salas de espetáculos cheias, com fila de espera. As performances nas ruas e as aulas abertas foram muito especiais, onde ficou palpável a potência que a arte tem de afetar as pessoas e seus cotidianos. Tem sido muito bonito presenciar o encontro e o reencontro de artistas, públicos e diferentes profissionais da dança. Ver as pessoas participando das aulas abertas, se deixando afetar pelas performances e espetáculos. Chegamos ao final dessa Bienal com a alegria de realizar muitos de nossos objetivos iniciais, que foram muito discutidos por essa equipe de curadoria durante todo processo de trabalho. Construímos coletivamente esse terreno para que as pessoas pudessem participar do festival à sua maneira. E temos recebido um retorno muito caloroso das pessoas do quão importante foi esse ponto de conexão aqui em Campinas.
Miguel Arcanjo Prado – Qual a importância deste evento para a cena cultural de Campinas? A Bienal Sesc de Dança estimula a cidade? Em que sentido?
Talita Rebizzi – A Bienal é um dos principais eventos de dança do país, que consegue se manter com regularidade. É uma oportunidade do público conhecer as pesquisas artísticas de pessoas de diferentes lugares do país e do mundo. É um espaço importante também para que os artistas da cidade ampliem seus repertórios de pesquisa e possam mostrar seu trabalho para um público que vem de fora para acompanhar o festival. As residências e oficinas são momentos propícios para trocas intensas entre diferentes artistas. O Sesc Campinas e todas as Unidades do Sesc SP mantêm uma programação regular em dança, estimulando constantemente a circulação de trabalhos e a formação de público. Além disso, a Bienal é um evento que traz muitas pessoas de fora da cidade e contrata inúmeros serviços e profissionais para sua plena realização.
Miguel Arcanjo Prado – A Bienal passou por diversas transformações e mais recentemente ficou mais inclusiva em relação a tipos diferentes de corpos que dançam. Refletir no palco a população real é importante? Por quê?
Talita Rebizzi – Trabalhamos com o conceito de que todo corpo dança. Nesse sentido, a programação busca apresentar as discussões que estão permeando as pesquisas dos artistas, se mantendo conectada com as questões que estão pulsando em nossa sociedade. É importante que a gente possa se reconhecer nas narrativas, nas cenas, na produção artística em geral. A arte abre diálogos, imagina mundos, é fundamental que a gente possa imaginar um presente e um futuro onde as pessoas possam estar como são. Soraya Portela nos lembrava constantemente durante o processo curatorial que a gente só poderia construir se a gente pudesse imaginar.
*O jornalista e crítico Miguel Arcanjo Prado viajou a convite do Sesc SP e Bienal Sesc de Dança.
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Jornalista cultural influente, Miguel Arcanjo Prado dirige o Blog do Arcanjo desde 2012 e o Prêmio Arcanjo desde 2019. É Mestre em Artes pela UNESP, Pós-graduado em Mídia e Cultura pela ECA-USP, Bacharel em Comunicação pela UFMG e Crítico da APCA – Associação Paulista de Críticos de Artes, da qual foi vice-presidente. Eleito três vezes um dos melhores jornalistas culturais do Brasil pelo Prêmio Comunique-se. Passou por TV Globo, Grupo Record, Grupo Folha, Editora Abril, Huffpost Brasil, Grupo Bandeirantes, TV Gazeta, UOL, Rede TV!, Rede Brasil, TV UFMG e O Pasquim 21. Foi coordenador da SP Escola de Teatro. Integra o júri do Prêmio Arcanjo, Prêmio Jabuti, Prêmio Governador do Estado de SP, Sesc Melhores Filmes, Prêmio Bibi Ferreira, Destaque Imprensa Digital, Prêmio Guia da Folha e Prêmio Canal Brasil. Vencedor do Troféu Nelson Rodrigues, Prêmio Destaque em Comunicação ANCEC, Troféu Inspiração do Amanhã, Prêmio África Brasil, Prêmio Leda Maria Martins e Medalha Mário de Andrade Prêmio Governador do Estado, maior honraria na área de Letras de São Paulo.
Foto: Edson Lopes Jr.
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