Cris Wersom celebra um 2023 de sucesso em Ainda Lives com Marianna Armellini: ‘Ano intenso’ – Entrevista do Arcanjo
Por MIGUEL ARCANJO PRADO
@miguel.arcanjo
A atriz e roteirista Cris Wersom, uma das fundadoras do grupo de comédia de sucesso As Olívias, construiu um 2023 intenso em trabalhos repletos de reconhecimento. Na TV aberta, ela foi a Sabrina de Vai na Fé, novela que sacudiu o horário das 19h na Globo e que foi indicada ao Prêmio Arcanjo de Cultura. No cinema, conquistou recentemente o prêmio de Melhor Atriz no Chelsea Film Festival de Nova York, nos Estados Unidos, graças ao seu trabalho no filme A Casa da Árvore. Como roteirista, esteve no time de escrita do filme Uma Advogada Brilhante, de Ale McHaddo, prestes a estrear na Netflix, no qual também atuou ao lado de Leandro Hassum. Na TV paga, escreveu a sitcom Tem Que Suar, para o Multishow. Para celebrar esta boa safra, resolveu encerrar o ano com chave de ouro, retornando aos palcos ao lado da amiga Marianna Armellini no espetáculo de improviso Ainda Lives – Elas Insistem, que faz sessão única no Clube Barbixas, em São Paulo, nesta quarta, 22 de novembro, às 21h (compre seu ingresso). Na entrevista exclusiva a seguir, Cris falou ao Blog do Arcanjo sobre os projetos que marcam seu 2023 e adianta quais são as novidades do ano vindouro. Leia com toda a calma do mundo.
Miguel Arcanjo Prado – Como é retomar a parceria com a Marianna em Ainda Lives?
Cris Wersom – É sempre maravilhoso estar em cena com a Mari. Pra além da nossa amizade, temos uma conexão artística muito forte e pensamos o humor de forma muito similar. Agora, já mais velhas, pensamos em subir no palco novamente, num momento de revisão sobre nossas vidas e de como a comédia nos influencia nos dias atuais. Muito improviso e muita conversa boa, do jeito que a gente gosta.
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Miguel Arcanjo Prado – Qual o maior desafio em fazer um espetáculo de improviso?
Cris Wersom – Acho que, quando um espetáculo é todo improvisado, como é o nosso caso, existe sempre a possibilidade de não ser tão espetacular! Às vezes a plateia não dá bons estímulos, às vezes não estamos tão inspiradas, é andar no fio da navalha o tempo inteiro. É uma loucura, se a gente parar pra pensar, mas é exatamente essa loucura e essa necessidade de estar presente e atenta o tempo inteiro que nos interessa tanto.
Miguel Arcanjo Prado – Como é a direção de Dani Nascimento em um espetáculo tão imprevisível?
Cris Wersom – O Dani Nascimento está sendo fundamental nesse processo. Porque, mesmo sendo improvisado, a peça tem uma narrativa, um olhar, um recorte do que iremos improvisar. E o Dani, até por nos conhecer há tanto tempo, sabe onde queremos chegar e nos dá as ferramentas pra improvisar de maneira a chegar nesse lugar.
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Miguel Arcanjo Prado – Você e Marianna são amigas desde a USP. Como o sisudo ambiente universitário reagia ao bom humor de vocês?
Cris Wersom – A gente se formou na EAD, que é um ambiente bem peculiar e diferente de toda a USP. Mesmo estando dentro de um ambiente acadêmico, o teatro era o foco o tempo inteiro, então a corporalidade e a exploração de novas formas de se estar em cena era sempre estimulada. Fizemos muita comédia lá dentro (cada uma na sua turma) e esse estudo nos ajudou muito a entender os rumos que nosso grupo, As Olívias, poderia tomar.
Miguel Arcanjo Prado – Nos últimos anos as questões identitárias ganharam voz no humor com revelação de novos talentos. Como você enxerga esse momento da comédia?
Cris Wersom – Eu acho que estamos vivendo um momento muito importante, não só pra comédia, como para as narrativas de uma maneira geral. Refletir sobre as questões sociais é a função do artista e colocar essas questões em sua arte é fundamental. Todas as pautas que estão surgindo são bem antigas e só agora estão ganhando voz e, colocar isso em cena e fazer a sociedade repensar suas estruturas, é o que dá sentido ao nosso trabalho.
Miguel Arcanjo Prado – Como foi vencer um Prêmio nos EUA como melhor atriz por A Casa Na Árvore?
Cris Wersom – Nossa… Ainda estou digerindo essa informação. A Casa da Árvore foi um filme feito entre amigos, nessa gana de poder produzir algo fora do mainstreaming. E, de repente, esse filme ganhou o mundo, conquistando prêmios em vários festivais. Eu ganhei melhor atriz no Chelsea Film Festival, em Nova York, e isso me deu a sensação de que talvez… Talvez, eu esteja certa na minha vontade de produzir filmes, séries e peças com pessoas que eu tenha grande identificação artística.
Miguel Arcanjo Prado – Você também esteve na novela Vai na Fé, muito elogiada pela crítica e que concorreu ao Prêmio Arcanjo 2023. Como foi integrar esse trabalho que recuperou o fôlego do folhetim?
Cris Wersom – Fiquei muito feliz e lisonjeada. Trabalhar com amigos numa obra tão atual e amada pelo público foi uma experiência única. Espero poder ter o privilégio de fazer mais novelas assim.
Miguel Arcanjo Prado – Você é uma roteirista muito requisitada e vai estrear na Netflix com Uma Advogada Brilhante. O que pode adiantar desse trabalho? Curte muito seu lado escritora?
Cris Wersom – Uma Advogada Brilhante é uma comédia deliciosa protagonizada pelo Leandro Hassum e dirigida pela Ale McHaddo, que assina a ideia original. Eu fui roteirista e também participei como atriz. Acho que estar nas duas pontas de uma produção audiovisual é muito interessante, porque você vê a ideia surgindo e depois entende como ela vai ser executada. Eu amo ser as duas coisas e me retroalimento dessa bivalência. Ser atriz melhora minha escrita e vice e versa.
Miguel Arcanjo Prado – Você repete a dupla com a Marianna em Tem que Suar. O que dá pra falar sobre esse projeto?
Cris Wersom – Tem que Suar é uma sitcom do Multishow que eu criei (ao lado de Erick Andrade e Thaís Falcão) e que também faço a redação final (ao lado de Julia Lordello). A Mari, como excelente comediante que é, foi uma das primeiras atrizes a ser pensada pro projeto. Escrever pra alguém que você conhece tanto, além de muito divertido, é muito potente, porque você já sabe de antemão o que vai funcionar. A Mari sempre brincava comigo dizendo: “Escreve uns personagens pra mim aí, Cristiane!”. E, tirando no teatro, isso nunca tinha efetivamente acontecido. Mas agora, com Tem que Suar, o jogo virou! [risos]
Miguel Arcanjo Prado – Qual avaliação você faz deste ano de 2023? E o que prepara para 2024?
Cris Wersom – 2023 acho que foi um dos anos mais intensos da minha vida, profissionalmente falando. Fiz uma novela, escrevi Tem que Suar, filmei Uma Advogada Brilhante, fiz Segunda Okê (um espetáculo que também escrevi – e no qual atuou com Pedro Bosnich) e agora fecho o ano com AINDA LIVES, esse espetáculo maravilhoso com a Mari. Pro ano que vem, vou retomar a peça O Amor e Seus Fins (texto meu também), tenho um filme engatilhado pra escrever e atuar e alguns outros projetos que ainda não posso contar. E claro, eu e a Mari queremos continuar com nosso espetáculo, AINDA LIVES!
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Jornalista cultural influente, Miguel Arcanjo Prado dirige o Blog do Arcanjo desde 2012 e o Prêmio Arcanjo desde 2019. É Mestre em Artes pela UNESP, Pós-graduado em Mídia e Cultura pela ECA-USP, Bacharel em Comunicação pela UFMG e Crítico da APCA – Associação Paulista de Críticos de Artes, da qual foi vice-presidente. Eleito três vezes um dos melhores jornalistas culturais do Brasil pelo Prêmio Comunique-se. Passou por TV Globo, Grupo Record, Grupo Folha, Editora Abril, Huffpost Brasil, Grupo Bandeirantes, TV Gazeta, UOL, Rede TV!, Rede Brasil, TV UFMG e O Pasquim 21. Foi coordenador da SP Escola de Teatro. Integra o júri do Prêmio Arcanjo, Prêmio Jabuti, Prêmio Governador do Estado de SP, Sesc Melhores Filmes, Prêmio Bibi Ferreira, Destaque Imprensa Digital, Prêmio Guia da Folha e Prêmio Canal Brasil. Vencedor do Troféu Nelson Rodrigues, Prêmio Destaque em Comunicação ANCEC, Troféu Inspiração do Amanhã, Prêmio África Brasil, Prêmio Leda Maria Martins e Medalha Mário de Andrade Prêmio Governador do Estado, maior honraria na área de Letras de São Paulo.
Foto: Edson Lopes Jr.
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