Cinefantasy faz carta de apoio ao cinema argentino: veja vencedores da 15ª edição do festival em São Paulo

Cinefantasy tem carta da Fantlatam e Abrafan em apoio ao cinema argentino: o ator brasileiro Alexandre Barillari, o ator argentino Juan Manuel Tellategui, a diretora argentina Tamae Garateguy (Auxilio), a diretora do Cinefantasy Monica Trigo, a produtora espanhola Eva Padró (El Santo), o realizador argentino Gabriel Grieco (Maria) e o curador argentino Javier Fernandez Cuarto © Divulgação Blog do Arcanjo 2023

Por MIGUEL ARCANJO PRADO
@miguel.arcanjo

O Cinefantasy, maior festival brasileiro dedicado ao cinema fantástico que neste ano exibiu 110 filmes de 20 países, terminou no último sábado (9), com a leitura de uma carta de apoio ao cinema argentino, em momento de incerteza na era Javier Milei, e anúncio dos vencedores de sua 15ª edição, realizada de 2 a 9 de dezembro em São Paulo.

A cerimônia foi no MIS – Museu da Imagem e do Som, na zona sul da capital paulista, à qual compareceram artistas, realizadores e imprensa. O Blog do Arcanjo esteve no evento.

Ao fim da cerimônia, Monica Trigo, diretora do Cinefantasy, da Fantlatam (Alianza Latinoamericana de Festivales de Cine Fantástico), composta por 32 festivais, e da Abrafan (Associação Brasileira de Festivais de Cinema Fantástico), leu um manifesto em defesa do cinema argentino, que vive período de incerteza com a chegada de Javier Milei à Presidência Argentina no mesmo fim de semana.

Em conversa exclusiva com o Blog do Arcanjo pouco antes de subir ao palco, Monica Trigo, à frente do Cinefantasy ao lado de Eduardo Santana e Filippo Pitanga, reforçou a necessidade de mantermos pontes mútuas de apoio ao audiovisual latino-americano. “É importantíssimo estabelecer esse vínculo de conteúdos criativos e também o fortalecimento de laços importantes na região, sobretudo na Argentina, que está em um momento político muito difícil”, pontuou.

Trigo reitera a importância da integração cultural que é missão do Cinefantasy, com atenção especial para a Argentina, um dos maiores produtores do continente, que vive momento delicado com a extrema direita no poder.

“Trazer o cinema argentino de horror, fantasia e ficção científica para o Brasil com os seus realizadores para um contato de difusão dessas narrativas é essencial. Muitas vezes não temos esse espaço de distribuição aqui no Brasil e um festival de cinema como o Cinefantasy garante esse espaço e essa discussão ampliada”, pontua.

Trigo ainda recordou que questões importantes são levantadas não só nos filmes como no próprio festival. “De que forma vamos construir um cinema latino-americano forte de uma forma coletiva e conseguimos distribuir esses filmes? De que forma podemos ampliar premiações para que o cinema independente na América Latina possa de forma acontecer? É essa reflexão que fazemos no Cinefantasy”.

Subiram ao palco no momento de defesa do cinema argentino o ator brasileiro Alexandre Barillari, o ator argentino Juan Manuel Tellategui, que vive em São Paulo, a diretora argentina Tamae Garateguy (Auxilio), a diretora do Cinefantasy Monica Trigo, a produtora espanhola Eva Padró (El Santo), o realizador argentino Gabriel Grieco (Maria) e o curador argentino Javier Fernandez Cuarto.

A Argentina teve cinco filmes exibidos pela primeira vez no Brasil no 15º CinefantasyQuando O Mal Espreita,de Demian Rugna; Auxílio, de Tamae Garateguy; O Santo, de Agustin Carbonere; Maria,de Gabriel Grieco e Nicanor Loreti; e Lavanderia Nancy Sport, de Agustín Gregori.

Eduardo Santana, Monica Trigo e Filippo Pitanga estão à frente do Cinefantasy – Festival Internacional de Cinema Fantástico © Divulgação Blog do Arcanjo 2023

Balanço do 15ª Cinefantasy: organizadores falam sobre o Festival Internacional de Cinema Fantástico de São Paulo e o momento para o gênero no audiovisual

O Blog do Arcanjo conversou com exclusividade com os organizadores do Cinefantasy, Filippo Pitanga, Eduardo Santana e Monica Trigo. Eles falaram sobre atual momento para o cinema fantástico e o audiovisual. Leia a entrevista.

Miguel Arcanjo Prado – Qual o balanço da 15ª edição do Cinefantasy?
Filippo Pitanga, Eduardo Santana e Monica Trigo –
O balanço deste ano traz um encontro ainda maior de perspectivas e encontros de Festivais e nomes da indústria, com parcerias inéditas e sem precedentes como o prêmio entregue em conjunto entre a federação europeia Miff (Méliès International Festival Federation) e Fantlatam (Alianza Latinoamericana de Festivales de Cine Fantastico). Bem como a aproximação de distribuidoras tanto comerciais quanto independentes com um Festival de gênero e do cinema fantástico, desde a Vitrine Filmes, representada no Júri de longas, a Imovision, no de curtas, e parceria exclusiva com a Diamond Films, em pré-estreia de lançamento inédito antes mesmo do circuito de A Maldição do Queen Mary, que foi nosso filme de encerramento. Sem falar nos encontros e intercâmbios cheio de convidados internacionais, filmes de representatividades plurais e como esses olhares mis estão dialogando uns com os outros e levando um pouco de cada um para fora de seus respectivos nichos.

Miguel Arcanjo Prado – O cinema fantástico ainda sofre preconceito ou isso já foi quebrado?
Filippo Pitanga, Eduardo Santana e Monica Trigo – O cinema fantástico anda sendo, na verdade, algumas das maiores bilheterias do cinema e também alguns dos filmes mais premiados, vide alguns dos mais recentes ganhadores do Oscar nos últimos anos. A questão é menos o gênero, que está sendo mais consumido do que nunca, e muito mais a categorização ou estigmatização como um nicho, quando deveria ser reconhecido como uma potência de criatividade usada ao longo da história com suas alegorias e metáforas contra qualquer tipo de censura ou sistema de opressão, e cuja linguagem e estética, na realidade, é que alimenta e renova os outros gêneros do cinema de formas híbridas e inovadoras.

Miguel Arcanjo Prado – Como vocês enxergam o atual momento para o audiovisual brasileiro?
Filippo Pitanga, Eduardo Santana e Monica Trigo – O audiovisual brasileiro possui um forte aquecimento pelo streaming e pela retomada da democracia e das políticas públicas voltadas para a cultura, que haviam sido negligenciadas nos últimos anos, e que está gerando até a alcunha de Nova Retomada do Cinema Brasileiro. Porém, sem regulação apropriada do streaming e a democratização das políticas públicas para fora dos eixos de sempre, não poderemos falar de um progresso de fato. E o Cinefantasy é testemunha e agente afetado diretamente por isso, como vimos alguns streaming ajudarem alguns filmes a chegarem ao Festival e outros atrapalharem ao mesmo tempo.

Miguel Arcanjo Prado – O que torna o Cinefantasy um festival tão especial?
Filippo Pitanga, Eduardo Santana e Monica Trigo – Por todas as respostas anteriores. Porém, como um exemplo que surgiu nesta própria edição: conversas entre cineastas concorrentes geram novas coproduções em conjunto; papos entre jurados geram teses e até às vezes propostas de novas empreitadas; geram livros; geram itinerância pela periferia ampliando o acesso aos filmes e a narrativas que possam desafiar com qual tipo de representação as pessoas podem se ver refletidas na tela para refabular lacunas históricas e suas próprias identidades coletivas atravésdo cinema.

Produção belga-congolesa, o longa Augúrio, do diretor congolês Baloji, venceu como melhor filme do 15º Cinefantasy © Divulgação Blog do Arcanjo 2023

Filmes premiados no 15º Cinefantasy

“Augúrio”, longa de estreia do jovem diretor congolês Baloji, foi o grande vencedor do 15º Cinefantasy e levou o Troféu José Mojica Marins de melhor filme.

Eleito pelo júri formado por Chris Oosterom, diretor do Imagine Fantastic Film Festival em Amsterdã, Jill Gillespie, pós-produtora na Vitrine FIlmes, e Rocio Moreno, produtora e programadora do Fancine – Festival de Cinema Fantástico de Málaga, o filme levou o prêmio de melhor direção em Sitges, o New Voice da mostra Un Certain Regard no Festival de Cannes 2023, e é pré candidato ao Oscar representando a Bélgica, país onde o diretor mora.

O prêmio de melhor direção foi para Agustín Carbonere, do longa “O Santo”; o de Melhor Roteiro foi para “Departamento Editorial De Exploração Espacial”, o prêmio de Melhor Atriz foi para Belén Rueda, do filme “A Capela”, e de Melhor Ator, para Roberto Suárez, do filme “O Santo”.

Fantlatam – Alianza Latinoamericana de Festivales de Cine Fantastico também anunciou os vencedores do principal prêmio do cinema fantástico latino, que reconhece as melhores obras do cinema de gênero da América Latina. O representante Fantlatam Cinefantasy longa-metragem foi para “A Casa da Árvore”, de Flávio Ermínio (Brasil), já o representante Fantlatam Cinefantasy curta-metragem foi para “Procuro Teu Auxílio para Enterrar um Homem”, de Anderson Bardot (Brasil).

O evento contou ainda com a primeira premiação da aliança entre as federações Méliès International Festivals Federation (MIFF) e a Fantlatam – Alianza Latinoamericana de Festivales de Cine Fantastico, intercâmbio inédito entre o cinema fantástico europeu e o latino-americano, firmado no painel Blood Window, do Ventana Sur 2022.

A entrega dos troféus para os melhores filmes de curta-metragem do universo fantástico foi feito pela Presidente da FantLatam, Monica Trigo, pelo Presidente da Méliès – Federação Internacional de Festivais de Cinema Fantástico, Chris Oosterom e por Javier Fernandez Cuarto, diretor do Programa Blood Window, no Ventana Sur. 

Visite o site cinefantasy.com.br

VENCEDORES DO 15º CINEFANTASY

LONGAS

Melhor Longa-Metragem – AUGÚRIO

Melhor Atriz – Belén Rueda – A CAPELA

Melhor Ator – Roberto Suárez – O SANTO

Melhor Roteiro – DEPARTAMENTO EDITORIAL DE EXPLORAÇÃO ESPACIAL

Melhor Diretor – Agustín Carbonere – O SANTO

CURTAS_METRAGENS

Mostra Amador

Melhor Filme: O Lobo – Dir: Giovani Beloto (Brasil)

Menção Honrosa: Emaranhamento & Dissolução – Dr: Rafael Clemente (Brasil)

Mostra Animação

Melhor Filme: Ashkasha – Dir. Laura Maltz (Espanha)

Menção Honrosa: O Cacto – Dir. Ricardo Kump (Brasil)

Mostra Brasil Fantástico

Melhor Filme: Ibirapitanga (Brasi)

Menção Honrosa: Colheita Maldita (Brasil)

Mostra Espanha Fantástica

Melhor Filme: Caraoscura

Menção Honrosa: Matador de Sereias

Mostra Estudante

Melhor Filme: Noites em Claro – Dir: Elvis Alves (Brasil)

Menção Honrosa: Seresta – Dir: Duba Rodrigues (Brasil)

Mostra Fantasia

Melhor Filme: Quando os Santos Voltam Marchando (Argentina)

Menção Honrosa: Paloquemao: O Mercado dos Vampiros (Colômbia)

Indicação Fantlatam: Paloquemao: O Mercado dos Vampiros (Colômbia)

Mostra Fantasteen

Melhor Filme: A Melodia Torrencial – Dir: José Luis Saturno (México)

Mostra Fantastic Black Power

Melhor Filme: Única Saída Dir: Sérgio Malheiros (Brasil)

Menção Honrosa: Paraguaçu – Dir:  Isabella de Oliveira Suplino (Brasil)

Mostra Fantástica Diversidade

Melhor Filme: Procuro Teu Auxílio para Enterrar um Homem – Dir – Anderson Bardot (Brasil)

Mostra Ficção Científica

Melhor Filme: Aurora 2068 (Brasil)

Menção Honrosa: 

Mostra Horror:

Melhor Filme: Apenas um Ensaio – Dir: Hugo Sanz (Espanha)

Menção Honrosa: Bar Encruzilhada – Dr: Johann Jean (Brasil)

Mostra Mulheres Fantásticas

Melhor Filme: Tricotar um Furar dois Dir: Alison Peirse (Reino Unido)

Menção Honrosa: Sabbat Dir: Alexandra Mignien (França)

Mostra Pequenos Fantásticos

Melhor Filme: Kwat e Jaí – Os Bebês Heróis do Xingu – Dir: Clarice Cardell (Brasil)

REPRESENTANTE FANTLATAM CINEFANTASY CURTA-METRAGEM 

Procuro Teu Auxílio para Enterrar um Homem – Dir – Anderson Bardot (Brasil)

REPRESENTANTE FANTLATAM CINEFANTASY LONGA-METRAGEM

A Casa da Árvore (Brasil) – Direção: Flávio Ermínio 

Blog do Arcanjo mostra quem passou pelo 15º Cinefantasy

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Jornalista cultural influente, Miguel Arcanjo Prado dirige o Blog do Arcanjo desde 2012 e o Prêmio Arcanjo desde 2019. É Mestre em Artes pela UNESP, Pós-graduado em Mídia e Cultura pela ECA-USP, Bacharel em Comunicação pela UFMG e Crítico da APCA – Associação Paulista de Críticos de Artes, da qual foi vice-presidente. Eleito três vezes um dos melhores jornalistas culturais do Brasil pelo Prêmio Comunique-se. Passou por TV Globo, Grupo Record, Grupo Folha, Editora Abril, Huffpost Brasil, Grupo Bandeirantes, TV Gazeta, UOL, Rede TV!, Rede Brasil, TV UFMG e O Pasquim 21. Foi coordenador da SP Escola de Teatro. Integra o júri do Prêmio Arcanjo, Prêmio Jabuti, Prêmio Governador do Estado de SP, Sesc Melhores Filmes, Prêmio Bibi Ferreira, Destaque Imprensa Digital, Prêmio Guia da Folha e Prêmio Canal Brasil. Vencedor do Troféu Nelson Rodrigues, Prêmio Destaque em Comunicação ANCEC, Troféu Inspiração do Amanhã, Prêmio África Brasil, Prêmio Leda Maria Martins e Medalha Mário de Andrade Prêmio Governador do Estado, maior honraria na área de Letras de São Paulo.
Foto: Edson Lopes Jr.
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