Renascer: tudo sobre a novela das 21h da Globo de 2024
Por CINTIA LOPES E CAROLINA GOMES
Da Comunicação Globo
É na vastidão das plantações de cacau, que um homem sem posses e sozinho no mundo finca seu destino aos pés de um jequitibá – o maior que já havia encontrado em toda a sua vida. E tendo a natureza exuberante da região como testemunha, entre lendas e mistérios – ele renasce – e estabelece um pacto que o acompanhará ao longo de toda a sua trajetória.
Assim começa Renascer’, a nova novela das 21h da TV Globo, que estreia dia 22 de janeiro: com a saga de José Inocêncio (Humberto Carrão/Marcos Palmeira), um homem obstinado e destemido, que carrega consigo a coragem e a vontade de se tornar alguém na vida. A obra de Benedito Ruy Barbosa, que fez história na dramaturgia brasileira, em 1993, segue atemporal com seus mistérios, dramas, amores, vingança e lendas. E agora, volta renovada através do olhar de Bruno Luperi – seu neto -, que assina a releitura com direção artística de Gustavo Fernández.
“Renascer’ pisa em um Brasil mais profundo de forma mais potente. É uma obra épica, atemporal e que está na memória afetiva do público e da televisão, e que agora temos a possibilidade de trazê-las para os dias de hoje. Porque o tempo escreve com a gente. E os valores foram muito ressignificados de 30 anos para cá. Isso determina a maneira como abordar e tratar as narrativas e de como se traduz aquela cena ou dramaturgia para os dias atuais. Ter essa chance de novo é mais um presente que o destino me reservou”, celebra Bruno Luperi.
Para Gustavo Fernández, que repete a parceria com Luperi na direção artística, a oportunidade de reviver um clássico é ainda mais desafiador. “É uma grande responsabilidade refazer a ‘novela da vida’ de tanta gente. No fundo é uma história que trata de relações familiares, conflitos, amores, perdas de pessoas queridas, entre outros assuntos. A obra do Benedito é uma dramaturgia atemporal”, reflete.
‘Renascer’ é uma novela reescrita por Bruno Luperi baseada na obra de Benedito Ruy Barbosa. A direção artística é de Gustavo Fernández, direção geral de Pedro Peregrino e direção de Alexandre Macedo, Walter Carvalho, Ricardo França e Mariana Betti. A produção é de Betina Paulon e Bruna Ferreira e a direção de gênero de José Luiz Villamarim.
A trama
Após o pacto com Jequitibá, José Inocêncio fica conhecido como uma figura mítica ao se tornar o fazendeiro mais bem-sucedido da região por seus êxitos como produtor de cacau. Ainda jovem, ele conquista o amor de Maria Santa (Duda Santos). A arrebatadora paixão entre os dois gera quatro filhos: José Augusto (Renan Monteiro), José Bento (Marcello Melo Jr), José Venâncio (Rodrigo Simas) e o caçula, João Pedro (Juan Paiva), o único que não teve a oportunidade de conviver com a mãe, que morre ao dar à luz ao caçula. A fatalidade provoca a revolta em José Inocêncio, que culpa João Pedro pela morte de seu grande amor.
A indiferença e a mágoa marcam a relação entre o patriarca e o caçula ao longo da vida. Como se não bastasse o passado, anos mais tarde, a chegada da misteriosa Mariana (Theresa Fonseca) colocará à prova todas essas emoções quando pai e filho se apaixonam pela mesma mulher. A situação faz renascer sentimentos que estavam adormecidos ou que até então eram desconhecidos para ambos.
Primeira fase
“Enquanto o meu facão estiver encravado aos seus pés, nem eu nem você haveremos de morrer… nem de morte matada… nem de morte morrida!”.
No encontro com o jequitibá-rei, José Inocêncio (Humberto Carrão) planta o seu próprio destino.
A história começa no início dos anos 1990 na região cacaueira de Ilhéus, no Sul da Bahia. O encantamento pela árvore conhecida como a ‘gigante da floresta’ é tão emblemático que o forasteiro não percebe a aproximação de jagunços. Sem pertences, ele traz apenas uma garrafa de vidro com um diabinho em seu interior. A figura, no entanto, não é notada pelos homens contratados pelo coronel Firmino (Enrique Diaz), que acusam de invasor daquelas terras. Como punição, Zé Inocêncio é pendurado de cabeça pra baixo em uma árvore e tenta, em vão, se defender e é despelado aos poucos, e abandonado para morrer.
Até que é surpreendido pela aparição de um anjo: o mascate Rachid (Gabriel Sater/Almir Sater) que salva o futuro ‘coronelzinho’ na primeira das muitas tocaias que ele irá enfrentar em sua jornada. O episódio não deixa apenas cicatrizes pelo corpo. AO sobreviver, ele ganha a fama de ‘homem que tem o corpo fechado para morte’.
A sorte não costuma desamparar José Inocêncio e ele ainda cruza com pessoas em seu caminho que farão toda a diferença. Cândida (Maria Fernanda Cândido) será uma delas. Viúva de um fazendeiro da região, é ela quem se depara com o jovem Inocêncio muito ferido em sua fazenda sem fazer ideia da identidade do rapaz. A conexão entre os dois acontece no momento em que Inácia vê o estado deplorável daquele que está entre a vida e a morte e o ajuda. Após recobrar a consciência, o jovem forasteiro faz uma proposta a Cândida e anuncia que está disposto a ficar com a fazenda para torná-la novamente produtiva. Ainda que incrédula sobre a ideia e a execução dos planos, a viúva decide seguir sua intuição. Entrega a fazenda para José Inocêncio e segue rumo a paradeiro desconhecido.
Quem fica ao lado do futuro coronel é Inácia (Edvana Carvalho), a cozinheira da fazenda, que acompanhará toda a trajetória dele, na alegria e na tristeza, ao longo de todos os anos seguintes. Pilar da família Inocêncio também vai ajudá-lo a se livrar dos perigos e das tocaias com suas premonições.
A capacidade de conquistar admiradores e o respeito por onde passa é mais um dos dons de José Inocêncio como Deocleciano (Adanilo/Jackson Antunes), seu fiel escudeiro e confidente. Braço-direito e um dos primeiros funcionários na fazenda Jequitibá-Rei, ele ajuda o ‘coronelzinho’ a construir seu império ainda na primeira fase da novela. Ao lado de sua mulher Morena (Uiliana Lima /Ana Cecilia Costa), Deocleciano será padrinho de João Pedro (Juan Paiva), o filho caçula e desprezado por José Inocêncio, que terá todo o acolhimento do casal desde o nascimento.
Se por um lado a legião de parceiros é grande, por outro, os inimigos de José Inocêncio não dão trégua. De olho nas terras que pertenciam a Cândida, Belarmino (Antonio Calloni) e Firmino (Enrique Diaz), coronéis que dominam a região pelo poder e violência, não estão dispostos a dividir o espaço e a venda do cacau com o ‘forasteiro’. Belarmino enriqueceu nos tempos áureos do cacau, mas com o avanço da vassoura-de-bruxa nas roças, vê seu patrimônio desmoronar. E quando ele tenta se livrar de seu maior desafeto armando uma tocaia, a vingança surge de forma inesperada.
O golpe de mestre de José Inocêncio, que arremata as terras de Belarmino, trará consequências no futuro quando a neta dele Mariana (Theresa Fonseca) aparecer para tentar retomar o que pertencia ao avô.
À medida que começa os primeiros passos para se estabelecer como produtor de cacau e já de posse das terras que pertenciam a Cândida, José Inocêncio também conquista o respeito e admiração dos moradores da região. E o amor à primeira vista surge quando ele e Maria Santa (Duda Santos) se veem pela primeira vez. Santinha, como também é conhecida, vive sob as rédeas do pai, Venâncio (Fabio Lago), capataz do Coronel Belarmino, e da submissão da mãe Quitéria (Belize Pombal).
É justamente no dia em que Maria Santa recebe autorização do pai para acompanhar o cortejo do Bumba meu Boi que ela se apaixona perdidamente por aquele que será seu único e primeiro amor: José Inocêncio (Humberto Carrão). A partir deste encontro, a vida de Santinha mudará completamente. Inocente e sem a experiência com relacionamentos anteriores, Maria Santa acreditará que engravidou depois de beijar o ‘coronelzinho’. O mal-entendido vai gerar uma reviravolta quando ela for abandonada pelos pais na porta da ‘casa das damas’, de propriedade de Jacutinga (Juliana Paes).
Além de se tornar uma segunda mãe para a jovem, protegendo e orientando Santinha, Jacutinga atuará ainda como cupido no romance de Maria Santa e José Inocêncio promovendo o casamento deles em sua própria casa e com as bençãos de Padre Santo (Chico Diaz). Mulher de grande sabedoria, ela terá papel fundamental na construção desta família e será a parteira dos quatro filhos do casal: José Augusto (Renan Monteiro), José Bento (Marcello Melo Jr), José Venâncio (Rodrigo Simas) e do caçula João Pedro (Juan Paiva).
A segunda fase da novela
Os anos passaram. A vida para alguns parou no tempo enquanto para outros levou a outros rumos. Após 35 anos, desde que o jovem José Inocêncio (Humberto Carrão) fincou seu facão aos pés do Jequitibá Rei e hoje, um fazendeiro bem-sucedido, José Inocêncio (Marcos Palmeira) prosperou nos negócios, mas estagnou na sua vida pessoal. Desde a morte de Maria Santa (Duda Santos) após dar à luz João Pedro (Juan Paiva), ele se fechou para a vida e há muito tempo desconhece a alegria de viver.
Na fazenda, Zé Inocêncio se ocupa com o trabalho nas roças e o investimento no sistema de agrofloresta através da cabruca* para a produção de um cultivo de cacau sustentável. Na lida, ele conta com o apoio de Deocleciano (Jackson Antunes), e em casa, com a lealdade de Inácia (Edvana Carvalho).
Dos quatro filhos: José Augusto (Renan Monteiro), José Bento (Marcello Melo Jr), José Venâncio (Rodrigo Simas) e João Pedro (Juan Paiva), o caçula é o único que nunca saiu da fazenda nem tem formação profissional. Os demais foram estudar na capital ainda jovens e repletos de oportunidades se formaram ‘doutores’ às custas do dinheiro do pai, que desde sempre arcou com todas as despesas. Zé Augusto é médico, Zé Bento, advogado, e Zé Venâncio, publicitário.
Se para João Pedro (Juan Paiva) foram negadas as chances de se tornar alguém na vida, o jovem não desperdiçou seu talento ao canalizar suas energias na produção do cacau. É um conhecedor daquelas terras e herdou o talento do pai com o manejo do fruto, algo que faz de forma muito competente – talvez a única conexão entre pai e filho. José Inocêncio (Marcos Palmeira) e João Pedro carregam mágoas e feridas que nunca cicatrizaram. O trauma causado pela morte de Maria Santa (Duda Santos) ainda é latente e intenso para o coronel assim como a ideia fixa de atribuir ao filho caçula a partida de seu grande amor.
A despeito disso, João Pedro sente enorme orgulho do pai. Vive para agradá-lo e ter ao menos qualquer chance de atenção. Seu único desejo é ter o amor paterno. Crescer com a sombra (e porque não com a dúvida) de ser o causador da maior tristeza que o pai teve na vida não foi fácil.
A situação começa a mudar quando João Pedro conhece Mariana (Theresa Fonseca), a jovem misteriosa recém-chegada a casa de Jacutinga (Juliana Paes). O encantamento é imediato. A beleza e o jeito faceiro da moça atingem o rapaz de jeito, que não demora para fazer uma proposta a Mariana: levá-la para morar na fazenda de seu pai. Era o que ela mais desejava. Mariana é neta de coronel Belarmino (Antonio Calloni) e de dona Nena (Quitéria Kelly), que a criou com base no ódio que acumulou ao longo dos anos por ter perdido as terras da família para José Inocêncio. A chegada de Mariana à fazenda Jequitibá Rei dará início a mais um conflito entre pai e filho, que se apaixonam pela mesma mulher. Astuta, ela seduz José Inocêncio, que decide oficializar a união com a jovem para surpresa de todos e grande tristeza de João Pedro.
A chegada de Mariana na família mexe profundamente com o cotidiano da fazenda Jequitibá Rei e impacta na vida de vários personagens. Mas as verdadeiras intenções da neta de Belarmino (Antonio Calloni) ninguém sabe ao certo. O que fica claro é que nada será como antes. Muito menos para José Inocêncio (Marcos Palmeira).
Preocupados com o futuro, os filhos mais velhos do fazendeiro decidem se aproximar do pai e voltar para Ilhéus. Zé Augusto (Renan Monteiro), recém separado, enfrenta problemas na área profissional com a ameaça de ter o registro médico caçado. Zé Bento (Marcello Melo Jr) vive com dívidas acumuladas e está longe de ser um advogado bem-sucedido. Além de ser sustentado pelo pai é dependente financeiramente da namorada, Kika (Juliane Araujo), também formada em Direito. Dos irmãos, Zé Venâncio (Rodrigo Simas), o terceiro na linha de sucessão, foi o que melhor soube aproveitar as oportunidades. Sócio de uma agência de publicidade, tem uma carreira estabelecida. Mas na vida pessoal, o casamento com Eliana (Sophie Charlotte) está em crise. As sucessivas discussões, as crises de ciúmes e as traições de José Venâncio indicam que o relacionamento dos dois não tem futuro principalmente quando o publicitário se apaixona por Buba (Gabriela Medeiros), uma mulher bem-sucedida profissionalmente e que sonha em formar uma família.
Se a presença de Mariana (Theresa Fonseca) é novidade na vida dos Inocêncio, a rivalidade com o coronel Egídio Coutinho (Vladimir Brichta) atravessa gerações. Egídio é o filho único de Firmino (Enrique Diaz) e herdou do pai além das roças de cacau, o dom para negociar as produções de outros fazendeiros da região como atravessador. O coronel vive com sua mulher Iolanda, mais conhecida por todos como Dona Patroa (Camila Morgado). Apesar de submissa e temente ao marido, ela não tem dúvidas em relação ao caráter dele, conhece bem o homem com quem se casou há muitos anos, sofrendo com suas grosserias e infidelidade.
Tião Galinha
Em busca de um pedaço de terra para chamar de seu – e da chance de viver dignamente e longe da miséria – um homem sonhador aparece na cidade: Tião Galinha (Irandhir Santos). É na zona cacaueira de Ilhéus, que ele e sua mulher Joana (Alice Carvalho) tentam um recomeço. Os caminhos do catador de caranguejo se cruzam com os de Padre Santo (Chico Diaz) e Pastor Lívio (Breno da Matta) na estrada. Os dois acolhem a família e conseguem ainda que o coronel Egídio Coutinho (Vladimir Brichta) empregue o casal, Tião e Joaninha, em sua fazenda.
A fama de José Inocêncio logo chega aos ouvidos de Tião, que fica deslumbrado ao saber que o coronel tem a proteção de um diabinho guardado dentro de uma garrafa, que além de lhe ‘fechar o corpo pra morte’, o ajudou a enriquecer com a produção dos cacaueiros da fazenda. A partir daí, Tião desenvolve uma ideia fixa: quer criar o seu próprio diabinho. E quem seria capaz de ensinar a receita do sucesso? O único que detém o ‘segredo’. Do encontro com José Inocêncio (Marcos Palmeira), conhecido por ser um dos maiores contadores de ‘causos’ do Sul da Bahia, Tião vira Tião Galinha quando resolve seguir à risca os conselhos de Zé Inocêncio para espanto geral. Mesmo virando chacota para todos, ele não desistirá de seus sonhos.
As locações de Ilhéus: belezas naturais e cultivo sustentável do cacau
A cidade de Ilhéus, no Sul da Bahia, região em que a história central da novela é retratada, foi o cenário escolhido para iniciar as gravações em outubro de 2023 em cenas que serão vistas nas duas fases da novela. Ao longo de três semanas, uma equipe formada por 200 profissionais – entre elenco, direção, produção e profissionais locais – auxiliou nos trabalhos para as gravações de sequências que se passam no centro histórico de Ilhéus como o tradicional restaurante Vesúvio e a Casa de Cultura Jorge Amado para a segunda fase da novela e que contaram com as participações de Marcos Palmeira e Theresa Fonseca.
Já as fazendas produtoras de cacau da região também serviram de cenário para a maioria das cenas gravadas na região. Por lá passaram Humberto Carrão, Duda Santos, Adanilo, Evaldo Macarrão, Antonio Calloni e Enrique Diaz, que interpretam personagens da primeira fase da trama, além de Edvana Carvalho, a Inácia, nas duas fases. A Lagoa Encantada com seu grande espelho d’água de 15 km² e as cachoeiras desta região como a ‘Véu da Noiva’ ajudaram a contar a história do jovem José Inocêncio (Humberto Carrão) e de seus companheiros Deocleciano (Adanilo) e Jupará (Evaldo Macarrão) com o carregamento das sacas de cacau, que é embarcado nos barcos dos anos 1990.
Em Uruçuca, município de Ilhéus, foram gravadas as cenas nas plantações de José Inocêncio (Marcos Palmeira) na segunda fase da novela, com os atores Juan Paiva, Theresa Fonseca, Jackson Antunes, Samantha Jones, Xamã, Marcello Melo Jr e Rodrigo Simas. As sequências foram feitas numa locação que adota a cabruca* e o sistema agroflorestal (SAF) para a produção de cacau, que consiste em diferentes espécies vegetais na mesma área e contribui para o meio ambiente. Desta forma, o cacaueiro fica à sombra de outras espécies, o que gera uma produção e colheita mais qualificada. Diferentemente da primeira versão, a novela trará outras maneiras de manejo do cacau, desta vez, mais focado no cuidado com a terra e o meio ambiente, além de novas formas para se obter produtos mais requintados a partir do cacau.
*Cabruca é o nome dado a técnica de manejo e plantio do cacau à sombra das árvores nativas da Mata Atlântica, rodeados por diferentes espécies e que preservam a fauna e a flora da região. O termo será muito falado entre os personagens deste universo na trama.
Os detalhes e desafios no figurino, na caracterização e nos efeitos visuais
As diferenças temporais, da primeira para a segunda versão, também estão presentes no figurino assinado por Marie Salles em ‘Renascer’. A figurinista conta que se inspirou nas principais referências no Brasil entre as décadas de 70 e 90, mas ressalta as diferenças da primeira para a segunda fase da novela. “Eu acho que a ruptura maior neste processo seria o José Inocêncio. Propus a direção que ele deveria usar camiseta e calça jeans ou cargo. Mesmo um cara como ele, dono da fazenda, mas que está ali trabalhando, com a mão na massa e acaba se vestindo assim. E foi uma ruptura grande. Colocar o protagonista com camisa e uma calça jeans acho que é o nosso maior desafio”, ressalta. Uma das características marcantes do núcleo da fazenda Jequitibá-Rei são as galochas brancas, típicas dos trabalhadores da região cacaueira de Ilhéus, marca registrada de José Inocêncio (Marcos Palmeira) e de seu filho, João Pedro (Juan Paiva).
O contraponto entre Ilhéus e Rio de Janeiro também está presente no figurino. Na Bahia, as peças possuem muitas cores, enquanto o núcleo do sudeste tem cores mais sóbrias, como preto e branco. Já na caracterização assinada por Auri Mota, o grande desafio é transmitir a naturalidade dos personagens que vivem e trabalham no interior da Bahia. Do brilho na pele dos trabalhadores das roças aos cabelos mais longos para as mulheres, a caracterização foi concebida após o estudo de referências nas últimas décadas. Para personagens como Jacutinga (Juliana Paes), Inácia (Edvana Carvalho), Norberto (Matheus Nachtergaele) e Padre Santo (Chico Diaz), interpretados pelos mesmos atores nas duas fases, um processo de amadurecimento também está previsto para marcar as passagens de tempo na história e o envelhecimento dos personagens.
Na primeira fase, Jacutinga esbanja cabelos armados e com ‘permanente’, característico dos anos 1990, batom vermelho e um estilo único, que se destaca nas noites animadas de seu bordel, ponto de encontro da região. Já para Mariana (Theresa Fonseca), na segunda fase, o corte repicado foi o escolhido para ressaltar seu jeito menina.
Além da caracterização dos personagens, outro trabalho em parceria com a área de efeitos especiais, é a maquiagem específica para cenas como a sequência que mostra o despelamento de José Inocêncio (Humberto Carrão). Referências médicas de secação de pele foram usadas como inspiração para o efeito desejado como explica Auri Mota.
Além disso, sete tons de vermelho foram usados para ter diferenciação dos de sangue cenográficos e chegar o mais próximo da realidade. Diogo Laranja, produtor de efeitos especiais, relembra os preparativos da sequência que mostra a primeira tocaia em que José Inocêncio é pendurado pelos pés numa árvore. “Além do teste com a caracterização, fizemos algumas reuniões com direção e produção para alinhar todas as expectativas. Foram três dias de montagem e testes do sistema de suspensão para garantir a entrega artística e a segurança do ator”, recorda.
Na produção de arte, assinada por Nininha Medicis, chama atenção a busca pela personalidade da novela nos detalhes. Os facões, uma marca registrada da trama, possuem características de cada época e personagem. O primeiro facão de José Inocêncio, que é fincado nos pés Jequitibá, também sofrerá com a ação do tempo e envelhecerá. Outro elemento marcante é o cramulhão, o diabinho na garrafa tão marcante na trama, foi criado pelo artista plástico Dante, que optou pelo uso de material sustentável.
Tecnologia em sintonia com a ficção
Renascer retorna às telas renovada também tecnologicamente. Assim como todas as tramas das 21h atualmente, o remake contará com imagem em 4k e som imersivo. Enquanto a novela exibida em 1993 foi gravada com câmeras analógicas com resolução máxima de 720×480 pixels, as câmeras atuais possuem 3840×2160 pixels de resolução, que geram imagens seis vezes mais nítidas.
O som digital em apenas dois canais e com exibição em mono deu lugar à tecnologia Dolby Atmos – que permite que o próprio device (TV ou soundbar) seja capaz de identificar e processar o áudio enviado para ter a melhor definição possível. A tecnologia de som surround abraça o espectador, colocando-o no centro da cena de ação.
Outro exemplo de como o avanço tecnológico contribui para uma imersão na trama é a animação em 3D do cramulhão. O personagem, que na versão atual é representado por um boneco dentro de uma garrafa, criado pelo artista plástico Dante, ganhará “vida” em alguns momentos graças ao uso de computação gráfica.
Atmosfera das fazendas cacaueiras reproduzida nos Estúdios Globo
Cores e clima de fazenda dão o tom à cenografia assinada por Fábio Rangel que traz uma estética renovada para a atual versão de ‘Renascer’. “Eu me concentrei em tentar uma história nova como se nunca tivesse sido feita. Com olhar focado no agora, busquei cores alternativas e espaços arquitetônicos diferentes”, conta Fábio.
Ao todo são três cidades cenográficas nos Estúdios Globo: a primeira representando a seda da Fazenda Jequitibá Rei com 3.000m2, a segunda representa um anexo da sede e local de trabalho com o cacau, incluindo as barcaças, que são estruturas de madeira para a secagem do cacau – local onde se promove a famosa pisada no cacau com 2.100m2 -, e a terceira reproduzindo um vilarejo de Ilhéus com 6.400 m2, onde ficam a venda de Norberto (Matheus Nachtergaele) e a famosa casa de Jacutinga, cenário de Juliana Paes, com características rústicas e um quintal em meio a ruínas, bem marcado com terra batida e árvores.
No total são 11.500 m2 de área cenográfica, além de cenários fixos que ocupam o estúdio no MG4 – o interior da casa de José Inocêncio e a casa de Egídio (Vladimir Brichta), na segunda fase.
Brasilidade e grandes encontros musicais marcam a trilha sonora de ‘Renascer’
Ao som do clássico ‘Lua Soberana’, a trama de ‘Renascer’ dá boas-vindas à brasilidade musical já com o seu tema de abertura. Sucesso também na primeira exibição da novela, de 1993, a música surge numa versão repaginada e com as interpretações potentes das baianas Luedji Luna e Xênia França, ganhadora do Grammy Latino melhor álbum pop contemporâneo em língua portuguesa em 2023.
“É uma grande honra interpretar essa canção que faz parte do imaginário das pessoas, assim como poder cantar com Luedji. É uma música que faz parte do imaginário de Salvador e por sermos cantoras baianas se torna algo muito simbólico”, conta Xênia. “Muito feliz em cantar a trilha de abertura dessa novela que é um clássico da TV brasileira. Mais feliz ainda por fazer isso junto a uma grande artista da minha terra: Xênia França! Vai ser histórico!”, complementa Luedji.
Compositores e intérpretes baianos encabeçam a seleção de canções originais e de regravações como Maria Bethânia em parceria com Almério na inédita ‘Quero Você’, ‘Trem das Cores’ na voz de Caetano Veloso, ‘Toda Menina Baiana’, com Gilberto Gil, entre outros.
O Nordeste ainda está representado por Fagner, Chico César, Elba Ramalho, Geraldo Azevedo, Xangai e Quinteto Paraíba na trilha. Nomes como Milton Nascimento e parcerias de Ney Matogrosso e Criolo como em ‘Algorítimo Íntimo’ também integram a trilha sonora.
Os intérpretes da nova geração da música popular brasileira trazem mais brasilidade para a novela com suas canções. Agnes Nunes e Neo Beats, Juliana Linhares, Maria Maud, Gilsons, Rachel Reis e Mulu, se juntam a nomes como IZA, Alice Caymmi, Monica Salmaso e Dori Caymmi numa grande mistura de ritmos e estilos do Brasil. A produção musical de ‘Renascer’ é assinada por Victor Pozas, Rafael Langoni e Rafael Luperi.
Entrevista com o autor Bruno Luperi
Bruno Luperi passou a infância acompanhando de perto o avô, Benedito Ruy Barbosa, escrever algumas das mais memoráveis novelas do Brasil. Abandonou a carreira publicitária no ano de 2014 para dedicar-se exclusivamente à dramaturgia. Fez a sua estreia na televisão dois anos mais tarde quando, ao lado de sua mãe, Edmara Barbosa, assinou a novela ‘Velho Chico’, indicada ao Emmy Internacional em 2017. Desta forma, se tornou, aos 28 anos, um dos mais jovens autores a escrever para o horário nobre. A releitura de ‘Pantanal’, obra de seu avô, escrita por Bruno e exibida na TV Globo em 2022, também foi indicada na categoria ‘Melhor Telenovela’ ao Emmy Internacional 2023. Agora em 2024, ele volta a escrever outro clássico da teledramaturgia brasileira: ‘Renascer’, baseada na obra original de Benedito Ruy Barbosa.
Como você define esta nova versão de ‘Renascer’?
Ela fala do Brasil profundo. O José Inocêncio é o cara que conversa com a terra e ela responde, e ele tem a sensibilidade de ouvir o que a terra diz, é um homem que fala a língua da terra, de fato, que planta. Eu parto da concepção original: no dia que ele finca o facão naquela região, ele está plantando uma semente da vida. Ele está criando uma relação honesta com aquela terra onde, mata e morre por ela e ela mata e morre por ele. Ela fala sobre a verdade, sobre a vida e sobre o nosso tempo.
O que te motivou a escrever essa releitura de ‘Renascer’, novela considerada um clássico da teledramaturgia?
Sou apaixonado pela obra do meu avô (Benedito Ruy Barbosa). Ele é a minha maior referência, nada se compara a ele, que desbravou a dramaturgia brasileira por esse viés do Brasil profundo, do rural, desse realismo fantástico, e sempre mesclando o imaginário com o tom realista. E ‘Renascer’ é uma novela que me toca muito em diferentes níveis. Eu considero que é a dramaturgia mais potente que ele atingiu enquanto autor. A novela que mais me toca e a primeira que eu tenho lembranças viva. Eu tinha 5 anos quando foi exibida a primeira versão. Então, tenho todas essas lembranças da memória afetiva, de uma novela sendo concebida por ele, e acontecendo na frente dos meus olhos através das reuniões com os atores e diretor. O tempo escreve com a gente, né? Ao longo desses 31 anos muitas coisas mudaram. O tempo determinou muito de como se aborda, de como se trata certas narrativas e de como se traduz aquela cena para o tempo de hoje.
Qual é a importância de trazer para o público esta versão de ‘Renascer’ e apresentá-la também a nova geração?
Essa novela fala de renascimento, de reencontros, mortes e ressurgimentos. O José Inocêncio é um personagem maravilhoso. Ele é desconstruído e se reconstrói, se transforma e se ressignifica. Isso é muito importante para os dias de hoje. Eu acho que essa novela será muito boa nesse momento de novas consciências, de despertar perguntas e questionamentos mesmo que a gente não tenha respostas. Apesar de ser uma novela escrita há mais de 30 anos, eu a considero muito moderna. A função da novela pra mim é apresentar o retrato da sociedade para que depois aquilo seja discutido pela própria sociedade e não por mim.
Como é adaptar uma obra como ‘Renascer’ 31 anos depois?
O exercício da nossa função aqui é se valer de um espelho: a gente tem a possibilidade de olhar para o Brasil de 31 anos atrás e trazer esse reflexo para hoje. Eu sou a pessoa a que foi designado adaptar um clássico. A minha proposta não é recriar. Acho que essas obras não precisam de um novo autor, mas sim de uma adaptação para os dias de hoje. Respeito profundamente o trabalho que me precede, o autor que me precede e que concebeu essa história. E respeito também as histórias que ele criou. Eu não estou aqui para reinventar a roda, muito pelo contrário. Eu sempre uso a metáfora que me foi oferecido a chave de um jardim que o meu avô planou trinta e um anos atrás. Então, ao entrar nesse jardim, eu consigo ver claramente ali o efeito do tempo sobre ele. Então, eu vejo as espécies que vingaram, que floresceram bem, e também as que não vingaram, que precisam ser ressignificadas.
Como é o José Inocêncio nesta nova versão?
O José Inocêncio precisa saber falar a língua da terra e precisa compreender aquela sinfonia, precisa ter mais o pé no chão, pisar o cacau dele, colher e manejar a roça. Ele é um cara mais vivo, muito mais um agricultor do que um coronel. E tem uma questão muito importante: José Inocêncio reinventando a imagem do homem do campo e ele é muito mais essa síntese do homem com a consciência do pequeno produtor, mas que ficou grande pelo trabalho, pelo sucesso dele.
Por trazer uma proposta de olhar renovado, algumas outras mudanças foram feitas na trama. Quais você destacaria?
Estamos recontando uma história depois de 30 anos. Nesse tempo, a realidade do país mudou muito e o Brasil está a cada dia mais consciente sobre diversas questões. A maneira que meu avô (Benedito Ruy Barbosa) trabalhou está diretamente ligada ao tempo dele, isso me obriga a olhar para o nosso tempo, para o retrato da nossa época e urdir a novela nesse novo tempo. Na primeira versão, a primeira fase acontece no período áureo do cacau onde ele era o ‘ouro amarelo’ que brotava da terra. Na transição para a segunda fase, a crise da ‘vassoura de bruxa’ começa a preocupar as pessoas sobre o futuro do cacau. Na nossa adaptação, já partimos 30 anos depois desse cenário em que a situação do cacau está muito mais crítica. A cultura dele está correndo risco e agora apontando para novos caminhos. Acho que esse é um novo contexto, uma nova leitura. Eu me baseio na mudança dos cenários, mas respeitando sempre o sagrado da obra.
E qual seria o ‘sagrado’ da obra?
Eu acho que é uma obra que fala de um amor incondicional de um marido por uma mulher. Trata do amor de um pai pelos seus filhos e faz a autocrítica dos erros que ele já cometeu na vida dele. Ela conta uma história, fala muito sobre uma cultura específica, um povo que tem as suas tradições. Teremos muitas coisas novas que irão surgir a partir disso, mas nunca perdendo a essência daquele homem de valor, que se relaciona de maneira ética com as pessoas ao seu redor, mas que precisou responder com firmeza. É preciso respeitar esses personagens também como autor dessa adaptação.
Entrevista com o diretor artístico Gustavo Fernández
Natural de Porto Alegre, Gustavo Fernández iniciou sua trajetória na Globo como assistente de direção, função na qual realizou seus dois primeiros trabalhos: a minissérie ‘Os Maias’ (2000) e a novela ‘Esperança’ (2002), ambas com direção de Luiz Fernando Carvalho. A partir de 2003, na minissérie ‘Um Só Coração’, passa a atuar como diretor, integrando a seguir as equipes de ‘Começar de Novo’ (2004), ‘Belíssima’ (2005), ‘Pé na Jaca’ (2006), ‘Duas Caras’ (2007), ‘A Favorita’ (2008), ‘Cama de Gato’ (2009), ‘A Cura’ (2010), ‘Cordel Encantado’ (2011), ‘Avenida Brasil’ (2012) e ‘Velho Chico’ (2016). No cargo de diretor geral, assinou a minissérie ‘O Brado Retumbante’ (2012), as novelas ‘Além do Horizonte’ (2013) e ‘Boogie Oogie’ (2014), além da série ‘Os Dias Eram Assim’ (2017). Em 2019, realizou a sua primeira direção artística com a novela ‘Órfãos da Terra’, que ganhou o Emmy Internacional na categoria Melhor Telenovela em 2020. Como cineasta, assinou a direção do filme ‘Predestinado – Arigó e o espírito do Dr. Fritz,’ em 2022. No mesmo ano, dividiu com Rogério Gomes a direção artística do remake da novela ‘Pantanal’. Em 2023, assinou a direção artística da série ‘Justiça 2’, original do Globoplay, prevista para 2024, ano em que Gustavo completa 20 anos como diretor de novelas com a estreia da nova versão de ‘Renascer’.
Renascer tem uma memória afetiva muito grande do público. Qual é o desafio de fazer uma releitura mantendo a história original, mas tendo um frescor de uma trama mais contemporânea?
Desde que eu fui convidado para fazer a novela eu recebi muitas mensagens de atores, equipes e outras pessoas que eu ainda não conhecia dizendo que essa era ‘a novela da vida delas’. Isso foi realmente impressionante pra mim. É um desafio refazer a ‘novela da vida’ de tanta gente, uma grande responsabilidade. Acredito que o texto do Benedito seja muito rico e consistente. No fundo é uma história que trata de relações entre familiares, conflitos, perdas de pessoas queridas, entre outros assuntos. A dramaturgia dele é bem atemporal. No caso da adaptação para os dias de hoje o Bruno está sendo muito feliz, o texto está muito bom. A gente se emociona na própria reunião da equipe para ler os blocos de capítulo que chegam, algumas pessoas chegam até a chorar. Estamos animados e certos de que estamos fazendo um belo trabalho.
O que você destaca sobre essa nova versão e o que muda essencialmente depois de 31 anos da exibição original?
A grande diferença da dessa nova versão de ‘Renascer’ tem a ver com as mudanças profundas que aconteceram na região cacaueira nessas três décadas. Na primeira versão em 1993, a região ainda era de grande produção de cacau e a produção caiu profundamente. E agora 31 anos depois, a região está começando a vislumbrar uma retomada econômica voltada, não só para a quantidade do cacau, mas para a qualidade e isso só pode ser feito com a preocupação ecológica. E essa é a grande mudança que influencia nos personagens. A discussão da agrofloresta está na própria essência de José Inocêncio que é um ser um pouco místico na relação dele com a natureza, então acho que a grande mudança é esse novo cenário da região cacaueira.
Que características diferenciam o José Inocêncio da primeira versão para o desta nova versão?
O personagem do José Inocêncio vai até a colheita do cacau e o filho, o João Pedro, dá um passo além. Ele vai se preocupar com a nova maneira de se beneficiar pra chegar nesse cacau de qualidade, o cacau fino, como é chamado. Então, a novela vai abordar todo esse novo processo do cacau e traz esse conflito de gerações, o José Inocêncio é do campo e o filho vai estudar e se especializar nesse processo pós-colheita, além das relações familiares presentes o tempo ao longo de toda a trama.
Como foi gravar de uma das principais sequências da trama, que é o encontro do protagonista José Inocêncio com o Jequitibá-rei?
A primeira versão, foi feita na Floresta da Tijuca, no Rio de Janeiro, e a gente foi atrás desde mesmo jequitibá, mas que por conta de uma tempestade anos atrás, acabou caindo. Mas depois encontramos um jequitibá sensacional no Parque Estadual dos Três Picos, em Cachoeira de Macacu, um parque ecológico, no Rio de Janeiro. Esse jequitibá tem aproximadamente mil anos de idade e 40 metros de altura. Ele está muito próximo do mais alto do Brasil. É uma potência da natureza, tem que pedir licença para encostar ali. Ele não está lá à toa. Cresceu e se desenvolveu ao lado de uma pedra e simplesmente a empurrou com toda a sua força. A pedra ficou suspensa. E embaixo dele há uma nascente de água natural. Eu até me arrepio quando lembro. Foi uma experiência muito emocionante em todos os sentidos.
Perfis dos personagens
José Inocêncio (Humberto Carrão/Marcos Palmeira) – De origem desconhecida, sem posses e sozinho no mundo, chega ao sul da Bahia aos 25 anos, munido somente de coragem, um facão e um diabinho dentro de uma garrafa, que o fecha o corpo e protege das tocaias. Depois de ficar entre a vida e a morte, acaba assumindo as terras de uma viúva do cacau e ali, começa uma revolução na maneira de se plantar aquele fruto precioso. Algum tempo depois, conhece seu grande amor, Maria Santa (Duda Santos), com quem tem quatro filhos: José Augusto (Renan Monteiro), José Bento (Marcello Melo Jr), José Venâncio (Rodrigo Simas) e João Pedro (Juan Paiva), o único que não teve a oportunidade de conviver com a mãe, que morre ao lhe dar à luz. A morte da esposa, arranca a alegria do peito de José Inocêncio, que encrua para a vida, guardando especial rancor de seu filho caçula. Na segunda fase, com 60 anos, torna-se a figura mais respeitada da região por seus êxitos como produtor de cacau. O que nem ele esperava, era ver seu coração voltar a bater depois de todos esses anos, com a chegada da misteriosa Mariana (Theresa Fonseca) em sua vida.
Primeira fase
Maria Santa (Duda Santos) – Filha de Venâncio (Fabio Lago) e Quitéria (Belize Pombal) e irmã mais nova de Marianinha, Santinha, como também é conhecida, vive sob as rédeas do pai e da moral conservadora do seu entorno. Quase sem sair de casa, ajuda a mãe nos trabalhos domésticos. No dia que tem autorização para acompanhar o Bumba meu boi, se apaixona perdidamente por José Inocêncio (Humberto Carrão), que se torna seu primeiro e único amor. Amor este, completamente desaprovado pelo pai. Acreditando estar grávida e vivendo em pecado, acaba sendo largada pelos pais na casa de Jacutinga (Juliana Paes), a cafetina da cidade. Lá é acolhida pela dona do bordel, que se torna sua segunda mãe e, mais tarde, parteira de seus quatro filhos: José Augusto (Renan Monteiro), José Bento (Marcello Melo Jr), José Venâncio (Rodrigo Simas) e de João Pedro (Juan Paiva). Maria Santa morre logo após dar à luz o filho caçula.
Venâncio (Fabio Lago) – Capataz do Coronel Belarmino (Antonio Calloni), é pai de Maria Santa (Duda Santos) e marido de Quitéria (Belize Pombal). Homem bruto, é conhecido na região por ser o ‘miolo’ do boi nas festas do Bumba, uma tradição local. No passado, Venâncio expulsou de casa a filha Marianinha grávida, história que se repete anos mais tarde ao largar a outra filha, Maria Santa, na ‘casa das quengas’, quando ela acredita ter engravidado por obra de um beijo de José Inocêncio (Humberto Carrão). O ‘pai boi’ some no mundo com Quitéria.
Quitéria (Belize Pombal) – Mulher de Venâncio (Fabio Lago) e mãe de Marianinha e Maria Santa (Duda Santos). Submissa e leal ao marido, Quitéria não questiona suas decisões, mas também não o perdoa por ter expulsado a primogênita de casa. Sente-se cúmplice daquela tragédia.
Cândida (Maria Fernanda Cândido) – Viúva de um fazendeiro da região que morre enforcado num pé de cacau. Mulher honesta e gentil, se vê às voltas com os negócios do falecido e com a ganância de Coronéis como Belarmino (Antonio Calloni) e Firmino (Enrique Diaz), que insistem em tomar posse das terras afirmando que o marido lhe devia dinheiro. É Cândida quem acolhe o jovem José Inocêncio (Humberto Carrão) entre a vida e a morte em sua fazenda com a ajuda de Inácia (Edvana Carvalho). Depois de entregar suas terras ao forasteiro misterioso, ela decide recomeçar a vida longe dali.
Inácia (Edvana Carvalho) nas duas fases – Guardiã e devota de José Inocêncio (Humberto Carrão/Marcos Palmeira) é uma cozinheira de mão cheia. Sensitiva, é dela as premonições que salvaram a vida das inúmeras tocaias sofridas. Mãe de Ritinha (Mell Muzzillo), a quem cria sempre nas rédeas curtas.
Deocleciano (Adanilo /Jackson Antunes) – Braço-direito e um dos primeiros funcionários de José Inocêncio (Humberto Carrão/Marcos Palmeira). Corajoso e de boa índole, é fiel ao patrão a quem tem muita admiração e respeito. Ao lado de Jupará (Evaldo Macarrão) ajudou o ‘coronelzinho’ a construir seu império. Casado com Morena (Uiliana Lima/ Ana Cecilia Costa), é padrinho de João Pedro (Juan Paiva) a quem considera como o filho que nunca teve. Ou, melhor, o filho que teve em seus braços por um segundo e o destino levou embora.
Morena (Uiliana Lima/ Ana Cecilia Costa) – Mulher de Deocleciano (Adanilo Reis/Jackson Antunes). Vive em harmonia com o marido e é como uma segunda mãe para João Pedro (Juan Paiva), de quem cuidou e o amamentou após a morte de Maria Santa (Duda Santos). Sempre atenta e de língua afiada, carrega consigo a dor de ter perdido seu único filho em um aborto espontâneo.
Jupará (Evaldo Macarrão) – Mateiro conhecedor das plantas e árvores, trabalha na fazenda do jovem José Inocêncio (Humberto Carrão). Ao lado de Deocleciano (Adanilo) ajudou também no manejo que tornou próspera as roças de cacau do patrão. É um homem trabalhador e tímido, que conquistou Flor (Julia Lemos), uma das moças da casa de Jacutinga (Juliana Paes), com quem teve Zinha (Samantha Jones).
Coronel Belarmino (Antonio Calloni) – Influente e poderoso fez fama e fortuna nos tempos áureos do cacau abusando da violência. Com o avanço da vassoura-de-bruxa nas roças de cacau, perde muito dinheiro. A chegada do jovem José Inocêncio (Humberto Carrão) desperta a inveja e ódio do Coronel, conhecido por armar tocaias para se livrar de seus desafetos. Casado com Nena (Quitéria Kelly) é avô de Mariana (Theresa Fonseca), que não chega a conviver com ele, mas é quem terá a missão de anos mais tarde se aproximar do antigo rival para vingar o avô.
Dona Nena (Quitéria Kelly) – Mulher de Belarmino (Antonio Calloni), Nena carrega as marcas de uma vida ao lado de um homem rude e implacável. Ao ficar viúva e sem rumo, ela aceita a oferta do jovem José Inocêncio (Humberto Carrão) por suas terras e vai embora com os filhos. A sede de vingança pela derrocada de sua família, fez com que Nena criasse a neta, Mariana (Theresa Fonseca), curtida no ódio que ela sentia dos Inocêncio. Fruto das meias-verdades que ela tinha à sua disposição, Mariana cresce em Salvador e volta para a região do cacau para cobrar de José Inocêncio (Marcos Palmeira) o que lhe é de direito nessa história.
Coronel Firmino (Enrique Diaz) – Fez fortuna atuando como intermediário da compra e venda do cacau na região e, mais tarde, como agiota. Ardiloso, não deixa transparecer suas reais pretensões. O filho, Egídio (Vladimir Brichta), assumirá os negócios depois que Firmino é morto num ajuste de contas que jamais foi esclarecido.
Padre Santo (Chico Diaz nas duas fases) – Sábio, bondoso e erudito, o Padre é mestre na arte da diplomacia. Testemunha da trajetória de José Inocêncio (Humberto Carrão/Marcos Palmeira) e dos moradores da região, estabelece uma grande amizade com o jovem Pastor Lívio (Breno da Matta), com quem caminhará lado a lado, ajudando toda a gente da região, e lutando por melhores condições para os trabalhadores e assentados.
Norberto (Matheus Nachtergaele nas duas fases) – Dono da única venda da vila, principal ponto de encontro da região e onde tudo acontece, acaba sendo o detentor de muitos causos e notícias, pra não dizer fofocas. Norberto é do tipo língua solta, e ainda assim, é a quem muitos recorrem quando precisam conversar, aliviar a cabeça ou ir atrás de informação. Dono de um grande coração e, na intimidade, carrega dores do amor e da saudade de dona Jacutinga (Juliana Paes), sua eterna amante, desde o dia em que ela foi embora.
Jacutinga (Juliana Paes nas duas fases) – Dona da ‘casa das damas’, é uma mulher de grande força e sabedoria. Acolhedora, torna-se uma segunda mãe para Maria Santa (Duda Santos) quando a jovem é abandona à sua porta pelos pais. É ela quem promove o casamento de Maria Santa e José Inocêncio (Humberto Carrão) e realiza o parto dos quatro filhos do casal. Jacutinga tem um carinho especial por Norberto (Matheus Nachtergaele) até o dia que vai embora para nunca mais voltar.
Juliete (Flavia Barros) – Ambiciosa, é uma das damas da casa de Jacutinga (Juliana Paes). Sempre tentando se colocar em vantagem em relação às demais.
Flor (Julia Lemos) – No bordel de Jacutinga (Juliana Paes), ela se dedica aos trabalhos da casa. Mais jovem que as colegas, Flor é sempre alvo das brincadeiras por conta de seu recato e inocência. Encontra um futuro fora dali nos braços de Jupará (Evaldo Macarrão), graças ao empurrão de Jacutinga. É a mãe de Zinha (Samantha Jones).
Rachid (Gabriel Sater / Almir Sater) – “Turco não, libanês!” Anjo da guarda do jovem José Inocêncio (Humberto Carrão), é ele quem costura sua pele de volta ao corpo e o salva da primeira e mais impressionante tocaia que ele sofre. Única testemunha do acontecido, Rachid tem o paradeiro desconhecido por muitos anos, mas retornará a região para cumprir uma missão do passado. E, quem sabe, encontrar um novo amor?
Segunda fase
José Augusto (Renan Monteiro) – Primogênito de Maria Santa (Duda Santos) e José Inocêncio (Humberto Carrão/Marcos Palmeira) e único dos quatro filhos que guarda memórias da mãe. Com os irmãos, José Bento (Marcello Melo Jr) e José Venâncio (Rodrigo Simas), foi estudar ainda menino na capital, Salvador. Perfeccionista, se formou em Medicina, na incessante busca pelo orgulho do pai. Sua vida, porém, sai dos trilhos quando passa a ser investigado no hospital, e é impedido de exercer sua profissão, ao mesmo tempo passou por uma separação traumática.
José Bento (Marcello Melo Jr) – Boa praça e fanfarrão, a exemplo dos outros Josés, Bento também viveu e estudou a maior parte da vida no internato em Salvador, longe das vistas do pai e, depois, foi para São Paulo. Malandro, o advogado é avesso ao trabalho e adepto a lei do mínimo esforço. Vive às custas do dinheiro do pai sem a menor crise, e dos trambiques em que se enfia. Também é financeira e afetivamente dependente de Kika (Juliane Araujo), sua eterna namorada a quem ele, por muitas vezes, acaba se escorando como se fosse a própria mãe.
José Venâncio (Rodrigo Simas) – Terceiro na linha de sucessão dos Inocêncio, é o único dos filhos que conquistou a independência financeira. Ainda assim, viveu na esperança de receber um afeto que o coronel nunca teve para lhe dar. Publicitário, ele é casado com Eliana (Sophie Charlotte), com quem tenta ter filhos há algum tempo, apesar do relacionamento conturbado. Se apaixona perdidamente por Buba (Gabriela Medeiros.
João Pedro (Juan Paiva) – Filho caçula de José Inocêncio (Humberto Carrão/Marcos Palmeira) e Maria Santa (Duda Santos) é um jovem honesto, simples e trabalhador, que sofre com a indiferença do pai e a sina de ter tirado a vida da mãe, que morreu no parto. Ao contrário dos irmãos, nunca saiu da fazenda, onde aprendeu todos segredos do pai na lida com o cacau. É um apaixonado por aquela vida e pelo universo do cacau. Afilhado de Morena (Uiliana Lina/Ana Cecilia Costa) e Deocleciano (Adanilo/Jackson Antunes) é também o grande amigo de Zinha (Samantha Jones). Além de carregar a culpa pela morte da mãe, João terá de lutar contra o amor que sente por Mariana (Theresa Fonseca), quando a jovem escolher ficar com seu pai, José Inocêncio (Marcos Palmeira). Também se envolverá com Sandra, filha do maior desafeto de seu pai.
Núcleo da Fazenda Jequitibá Rei
Mariana (Theresa Fonseca) – Com um ar inocente e jeito faceiro, a jovem arrebata o coração de João Pedro (Juan Paiva), mas seduz José Inocêncio (Marcos Palmeira), que também acaba se encantando por ela, depois de sofrer muitos anos em luto pela morte de Maria Santa (Duda Santos). Perdida e confusa entre os sentimentos que lhe despertam João e o coronel, ela acaba escolhendo o patriarca. Se por amor ou por vingança, só o tempo irá dizer. Neta de Belarmino (Antonio Calloni) e Dona Nena (Quitéria Kelly), Mariana chega ao sul da Bahia, com o ímpeto de querer vingar a morte do avô e recuperar as terras que ela acha que tem direito. Astuta e um tanto dissimulada, está disposta a tudo para conseguir seus objetivos.
Zinha (Samantha Jones) – Filha de Jupará (Evaldo Macarrão) e Flor (Julia Lemos), a jovem foi criada como uma irmã para João Pedro (Juan Paiva). Ao lado do melhor amigo, domina a lida do cacau, e tem em Morena (Uiliana Lina/Ana Cecilia Costa) e Deocleciano (Adanilo/Jackson Antunes), seus padrinhos, suas grandes referências depois da morte de seu pai. Vive a tristeza eterna deste luto e atribui a tragédia à falta de competência do médico José Augusto (Renan Monteiro). Zinha é afetivamente imatura e aprende a lidar tardiamente com assuntos do coração.
Damião (Xamã) – Valente e destemido, é um sujeito misterioso que carrega um rastro de mortes em suas costas. Contratado para dar fim em José Inocêncio (Marcos Palmeira), o matador desiste da ideia e acaba virando um de seus funcionários. Apaixona-se por Ritinha (Mell Muzzillo), mas perderá o rumo quando Eliana (Sophie Charlotte) chegar à fazenda.
Ritinha (Mell Muzzilo) – Filha única de Inácia (Edvana Carvalho), a jovem não quer saber de compromisso até conhecer Damião (Xamã). Funcionária da fazenda vive sob a criação rigorosa da mãe e a rédea curta do pai.
Chico (Mac Suara) –Pai de Ritinha e marido de Inácia, ele é funcionário da fazenda de José Inocêncio e rígido na criação da filha.
Professora Lu (Eli Ferreira) – Obstinada e devota à sua missão de educar, Lu é professora na escola da fazenda de José Inocêncio (Marcos Palmeira). Paciente e bondosa chegou na região e logo conquistou todos à sua volta, especialmente João Pedro (Juan Paiva) de quem se tornará grande amiga. Com um passado misterioso, Lu não revela suas origens.
Núcleo da fazenda Egídio
Egídio (Vladimir Brichta) – Filho único e herdeiro do pai, Coronel Firmino (Enrique Diaz), Egídio se fez um Coronel temido e influente na região. Casado com Dona Patroa (Camila Morgado) e pai de Sandra, herdou também do pai a rivalidade com José Inocêncio (Marcos Palmeira). Inimigo declarado do homem que o pai no passado mandou depelar vivo, o fazendeiro é uma espécie de atravessador que vive da compra e venda do cacau de produtores da região.
Iolanda, a Dona Patroa (Camila Morgado) – Mulher de Egídio (Vladimir Brichta) e mãe de Sandra, Iolanda é conhecida por todos como Dona Patroa. Conservadora e submissa é também uma mulher, que teme pelas atitudes e grosserias do marido. E busca nas orações e na fé converter Egídio e endireitar seus tortuosos caminhos.
Tião Galinha (Irandhir Santos) – Catador de caranguejo é um homem humilde, mas acima de tudo, sonhador. Almeja sair da miséria e oferecer uma vida de rainha para Joana (Alice Carvalho), sua esposa e o grande amor de sua vida. Com a ajuda de Padre Santo (Chico Diaz) e Pastor Lívio (Breno da Matta) é acolhido na fazenda do Coronel Egídio (Vladimir Brichta), de quem vira empregado e por quem é sumariamente explorado. Ali na fazenda ganha o apelido de Tião Galinha, por andar com uma galinha embaixo dos braços pra cima e pra baixo na intenção de proteger aquela que irá chocar o ovo que lhe dará um diabinho igual ao de José Inocêncio (Marcos Palmeira).
Joana (Alice Carvalho) – Mulher de Tião Galinha (Irandhir Santos), Joaninha é uma mulher bondosa e trabalhadora. Apesar de apaixonada por Tião, ela sofre com os devaneios do marido, que sonha em enriquecer para tirar a família daquela miséria de vida. Joana chama a atenção do Coronel Egídio (Vladimir Brichta), que a leva para trabalhar dentro de sua casa, sob as ordens de sua esposa, Dona Patroa (Camila Morgado).
Pastor Lívio (Breno da Matta) – Com uma vida dedicada à vocação religiosa, Pastor Lívio cresceu em um lar evangélico batista. Desde muito cedo percorre o caminho da fé dentro da Igreja, até que seus questionamentos falassem mais alto e o levassem para as estradas em busca de Deus. Foi nessa via-sacra que os seus caminhos e os de Padre Santo (Chico Diaz) se cruzaram.
Núcleo Rio de Janeiro
Eliana (Sophie Charlotte) – Mulher de José Venâncio (Rodrigo Simas) é sofisticada e sedutora. Modelo de sucesso e um tanto paranóica, abriu mão da carreira para viver ao lado do marido no Rio de Janeiro. Nunca teve vocação nem vontade para a maternidade, enquanto o sonho de Venâncio era dar um neto ao seu pai. Eliana não vai aceitar a separação amigavelmente nem perder o marido para Buba (Gabriela Medeiros).
Buba (Gabriela Medeiros) – Obstinada e competente, formou-se em Psicologia e está cotada para assumir um cargo de liderança numa multinacional. Se apaixona por José Venâncio (Rodrigo Simas) e sonha em formar uma família com ele e ser mãe. Mas o preconceito por ser uma mulher trans acaba sendo um grande obstáculo para o casal.
Eriberto (Pedro Neschling) – Melhor amigo e sócio de José Venâncio (Rodrigo Simas) na agência de publicidade no Rio de Janeiro, é um profissional talentoso, porém invejoso. Ao saber que Eliana (Sophie Charlotte) e o sócio não vivem uma boa fase, ele aproveita a situação para se aproximar da modelo.
Kika (Juliane Araujo) – Namorada de José Bento (Marcello Melo Jr) desde os tempos de faculdade, vive uma relação instável de idas e vindas. Advogada, é ela quem assume os casos e participa das audiências no lugar dele, que até hoje não tem licença para atuar na área. Depois de tanto tempo, ela ainda tenta fazer com que o namorado saia da inércia e faça o certo ao menos uma vez na vida.
Teca (Livia Silvia) – Jovem, que vive em situação de rua no Rio de Janeiro tem em Neno (Gabriel Lima da Silva) e Pitoco (Juan Queiroz) seus únicos amigos e em Du (José Duboc), o amor de juventude. Ao se descobrir grávida e sozinha, a jovem entra em desespero, até o destino colocar Buba (Gabriela Medeiros) em seu caminho.
Neno (Gabriel Lima da Silva) – Jovem que vive em situação de rua, aprendeu desde cedo a se virar para garantir a sobrevivência. Amigo de Teca (Livia Silva), Pitoco (Juan Queiroz) e Du (José Duboc) com quem forma uma aliança para sobreviver.
Pitoco (Juan Queiroz) – Apaixonado por Teca (Livia Silvia), vive em situação de rua ao lado de Neno (Gabriel Lima da Silva), seu companheiro inseparável. Tem Du (José Duboc) como maior referência e aceita embarcar nos planos do líder mais por necessidade do que outra coisa. É, apesar dos pesares, empático a Teca, única menina do bando, bem como condescendente a todos dilemas que a cercam.
Du (José Duboc) – Líder do grupo de jovens que em situação de rua, é o grande amor de Teca (Livia Silvia). Se desespera ao saber da gravidez. Ele não está preparado para assumir essa responsabilidade nem disposto a deixar que aquela criança sofra tudo que ele sofreu.
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Jornalista cultural influente, Miguel Arcanjo Prado dirige o Blog do Arcanjo desde 2012 e o Prêmio Arcanjo desde 2019. É Mestre em Artes pela UNESP, Pós-graduado em Mídia e Cultura pela ECA-USP, Bacharel em Comunicação pela UFMG e Crítico da APCA – Associação Paulista de Críticos de Artes, da qual foi vice-presidente. Eleito três vezes um dos melhores jornalistas culturais do Brasil pelo Prêmio Comunique-se. Passou por TV Globo, Grupo Record, Grupo Folha, Editora Abril, Huffpost Brasil, Grupo Bandeirantes, TV Gazeta, UOL, Rede TV!, Rede Brasil, TV UFMG e O Pasquim 21. Foi coordenador da SP Escola de Teatro. Integra o júri do Prêmio Arcanjo, Prêmio Jabuti, Prêmio Governador do Estado de SP, Sesc Melhores Filmes, Prêmio Bibi Ferreira, Destaque Imprensa Digital, Prêmio Guia da Folha e Prêmio Canal Brasil. Vencedor do Troféu Nelson Rodrigues, Prêmio Destaque em Comunicação ANCEC, Troféu Inspiração do Amanhã, Prêmio África Brasil, Prêmio Leda Maria Martins e Medalha Mário de Andrade Prêmio Governador do Estado, maior honraria na área de Letras de São Paulo.
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