Matheus Nachtergaele revê trajetória na Mostra de Cinema de Tiradentes: ‘Prefiro a cena à vida’
Por MIGUEL ARCANJO PRADO
@miguel.arcanjo
Enviado especial a Tiradentes – MG*
Admirado e querido tanto pelo público quanto pela classe artística e a imprensa, o ator Matheus Nachtergaele é um dos destaques da 27ª Mostra de Cinema de Tiradentes, cidade histórica mineira na qual possui casa há 20 anos, onde gosta de cuidar da horta e de seus cães em uma vida pacata. Sobre sua relação com a atuação, define: “Prefiro a cena à vida”.
O premiado ator com formação pela Escola de Arte Dramática da USP e pelo Centro de Pesquisa Teatral do Sesc comandado por Antunes Filho está de volta à tela da Globo na novela das 21h Renascer, que estreou nesta segunda, 22, na qual vive o personagem Norberto, o bondoso e falante dono da venda da vila, vivido em 1993 por Nelson Xavier, homem apaixonado pela prostituta Jacutinga, papel de Juliana Paes, que substitui a Fernanda Montenegro do folhetim original.
No último sábado, 20, ele foi o tema da concorrida roda de conversa Matheus Nachtergaele: Todas as Faces de Um Ator Múltiplo, na qual foi entrevistado pelo curador Pedro Guimarães diante de um lotado Cine-Lounge na cidade barroca, em uma qualificada plateia com muitos estudantes, jornalistas, críticos e profissionais do audiovisual.
Aos 56 anos, o ator nascido em São Paulo em 3 de janeiro de 1968, relembrou sua trajetória, que inclui trabalhos marcantes no Teatro da Vertigem, como O Livro de Jó, e a personagem Cintura Fina na lendária série Hilda Furacão, de autoria de Gloria Perez e baseada no romance de Roberto Drummond, gravada em Tiradentes e em Belo Horizonte em 1998, na qual contracenou com nomes como a protagonista Ana Paula Arósio. A série lhe propiciou estreitar os laços mineiros.
No cinema, é amado pelo grande público por seu João Grilo no filme O Auto da Compadecida, obra baseada no clássico de Ariano Suassuna, no qual fez par com Selton Mello, o Chicó, sob direção de Guel Arraes e que ganha continuação O Auto da Compadecida 2 neste ano, 24 anos após o sucesso do primeiro longa. “João Grilo e Chicó 25 anos depois. Juntos mais uma vez”, celebra o retorno dos personagens ao cinema, bastante aguardado pelos fiéis fãs da saga.
O admirado ator revelou ter uma relação de necessidade vital com a atuação. E uma melancolia costumeira com a vida.
“Não me interessaria ser ator se a verdade cênica fosse a verdade da vida. Eu não gosto tanto da vida quanto eu gosto da cena, é um defeito meu”, confidenciou Matheus Nachtergaele.
Eu prefiro a cena do que a vida, a vida eu acho um pouco chata e um pouco triste e, mesmo na alegria dela, eu acho comovente e patética, é um defeito meu. Eu acho mais bonita a cena, onde eu tenho algum controle sobre o que está acontecendo. Onde eu posso ter um olhar crítico sobre o que está acontecendo. Onde eu posso, de uma certa maneira também, ser o que eu gostaria de ser.
Matheus Nachtergaele
ator convidado da 27ª Mostra de Cinema de Tiradentes
Sobre a volta ao horário nobre da Globo, o artista revelou que acha “lindo esse bordão para nossa novela”, citando “é tempo de Renascer”.
“Que seja um tempo de estar todo o dia com vocês, em um trabalho belo, com meu personagem suave e amistoso. Que seja uma viagem de reencontro com emoções bonitas em cena muito bem escritas para grandes atores, veteranos e estreantes”, desejou.
Renascer é um novelão elegante, espetáculo diário, nobre, para um Brasil com S maiúsculo! Já estamos mais felizes, mais leves… Que seja uma linda caminhada. Bora bora Caxangá.”
Matheus Nachtergaele
ator convidado da 27ª Mostra de Cinema de Tiradentes
*O jornalista e crítico Miguel Arcanjo Prado viaja a convite da Mostra de Cinema de Tiradentes e da Universo Produção. Agradecimento: Jozane Faleiro – Luz Comunicação.
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Jornalista cultural influente, Miguel Arcanjo Prado dirige o Blog do Arcanjo desde 2012 e o Prêmio Arcanjo desde 2019. É Mestre em Artes pela UNESP, Pós-graduado em Mídia e Cultura pela ECA-USP, Bacharel em Comunicação pela UFMG e Crítico da APCA – Associação Paulista de Críticos de Artes, da qual foi vice-presidente. Eleito três vezes um dos melhores jornalistas culturais do Brasil pelo Prêmio Comunique-se. Passou por TV Globo, Grupo Record, Grupo Folha, Editora Abril, Huffpost Brasil, Grupo Bandeirantes, TV Gazeta, UOL, Rede TV!, Rede Brasil, TV UFMG e O Pasquim 21. Foi coordenador da SP Escola de Teatro. Integra o júri do Prêmio Arcanjo, Prêmio Jabuti, Prêmio Governador do Estado de SP, Sesc Melhores Filmes, Prêmio Bibi Ferreira, Destaque Imprensa Digital, Prêmio Guia da Folha e Prêmio Canal Brasil. Vencedor do Troféu Nelson Rodrigues, Prêmio Destaque em Comunicação ANCEC, Troféu Inspiração do Amanhã, Prêmio África Brasil, Prêmio Leda Maria Martins e Medalha Mário de Andrade Prêmio Governador do Estado, maior honraria na área de Letras de São Paulo.
Foto: Edson Lopes Jr.
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