Enviado especial a Tiradentes – MG
O filme paranaense “Lista de Desejos para Superagüi”, de Pedro Giongo, foi o vencedor de melhor longa-metragem da Mostra Aurora na 27ª Mostra de Cinema de Tiradentes. A cerimônia de encerramento, realizada na noite de 27/1 na cidade histórica mineira, revelou a escolha por um um mergulho no cotidiano e na intimidade de pescadores de uma região litorânea do Paraná quase sempre vista apenas como espaço turístico, mas que guarda um tipo de encanto humano que a câmera e a sensibilidade de Giongo buscam captar.
O prêmio foi concedido pelo Júri Oficial, formado por críticos, pesquisadores e profissionais do audiovisual. No texto de justificativa, o grupo afirma que “Lista de Desejos para Superagüi” combina refinamento de linguagem e trabalho destacado de trilha sonora, fotografia e montagem a uma relação direta com a realidade que retrata. “Sem ceder ao melodrama da comiseração, o filme mostra a ancestral violência brasileira contra os despossuídos”, diz o texto, lido na cerimônia.
Na premiação, Pedro Giongo agradeceu a generosidade de seus personagens em toparem participar do projeto e se deixarem filmar em suas vivências. “Obrigado ao júri e à plateia por terem olhado com carinho para o trabalho”, disse o cineasta, emocionado.
O Troféu Carlos Reichenbach, dado pelo Júri Jovem ao melhor longa da Mostra Olhos Livres, foi para “Aquele que Viu o Abismo” (SP), de Negro Léo e Gregorio Gananian. Na justificativa, o Júri Jovem, formado por estudantes, exaltou o fato de que o filme assume as texturas da fricção e da estranheza e “propulsiona sons e imagens de um mundo ainda não codificado”. “O trânsito do corpo, assim como os gestos de montagem, perturbam a continuidade dos espaços e tempos lineares”, disse o Júri Jovem.
O Prêmio Helena Ignez 2023, oferecido pelo Júri Oficial a um destaque feminino em qualquer função nos filmes das Mostras Aurora e Foco, foi dado a Kerexu Martim, diretora do filme “Aguyjevete Araxi’I” (SP), curta-metragem exibido na Foco, “pelo olhar implicado de uma juventude para o momento presente que pensa e constrói o futuro”.
O Júri Oficial decidiu ainda por dar uma menção honrosa ao longa “Maçãs no Escuro” (SP), de Tiago A. Neves, por se tratar “de um filme que, em seu universo, através de sua linguagem e personagens, expressa a recusa em adaptar-se a uma sociedade normatizada”.
Dentre os títulos da Mostra Foco, o Júri Oficial escolheu o curta-metragem “Eu Fui Assistente do Eduardo Coutinho” (RJ), de Allan Ribeiro. Para os jurados, o curta “traz em seu método criativo íntimo e pessoal um filme que escapa à formatação dominante no cinema contemporâneo”. O mesmo título recebeu ainda o Prêmio Canal Brasil de Curtas no valor de R$ 15 mil.
Pela primeira vez a Mostra de Tiradentes contou com um júri especial formado pela Abraccine (Associação Brasileira de Críticos de Cinema), que teve a missão de escolher o melhor título da Mostra Autorias. O vencedor foi “Estranho Caminho” (CE), de Guto Parente, “pela maturidade de uma direção que prima ao experimentar na intersecção de subgêneros e propostas estéticas, pela tradução de um repertório robusto, atento a cenas e corporalidades contemporâneas que evidenciam a busca pelo afeto e pela reconstrução dos laços familiares diante do terror social e da possibilidade iminente do desaparecimento”.
Pelo terceiro ano, o Conexão Brasil CineMundi contou com as sessões da categoria Work In Progress (WIP), a partir de projetos em finalização que concorrem a prêmios de parceiros do programa de coprodução Brasil CineMundi. “Ausente” (MG), de Ana Carolina Soares, venceu os prêmios CTAV e The End por “detectar o universal nos pormenores e conseguir uma unidade narrativa no desenvolvimento que forma um discurso sobre um estado de coisas”, segundo palavras do júri formado para a categoria.
Já o prêmio 02 Pós foi para “Novembro” (PE), de Milena Times, por, numa narrativa realista, “incorporar imagens poéticas com a finalidade de conectar emocionalmente os espectadores a personagem e suas angústias”.
Por fim, o prêmio Málaga WIP ficou com “Suçuarana” (MG), de Clarissa Campolina e Sérgio Borges, defendido ao “propor com talento um percurso que vai do individual ao coletivo, evidenciando a necessidade humana de viver em comunidade através de uma excelente apresentação cinematográfica”.
No Júri Popular, escolhido em votação pelos espectadores da Mostra, o longa vencedor foi “As Primeiras” (SP), de Adriana Yañez. Já o curta mais votado foi “Soneca e Jupa” (MG), de Rodrigo R. Meireles.
CONFIRA OS PREMIADOS DA 27ª MOSTRA DE CINEMA DE TIRADENTES
WIP – CORTE FINAL – PRÊMIOS CTAV, THE END
“Ausente” (MG), de Ana Carolina Soares
WIP – CORTE FINAL – PRÊMIO O2 PÓS
“Novembro” (PE), de Milena Times
WIP – CORTE FINAL – PRÊMIO MÁLAGA WIP
“Suçuarana” (MG), de Clarissa Campolina e Sérgio Borges
CURTA – PRÊMIO JÚRI POPULAR
“Soneca e Jupa” (MG), de Rodrigo R. Meireles
CURTA MOSTRA FOCO – PRÊMIO JÚRI OFICIAL
“Eu Fui Assistente do Eduardo Coutinho” (RJ), de Allan Ribeiro
CURTA MOSTRA FOCO – PRÊMIO CANAL BRASIL DE CURTAS
“Eu Fui Assistente do Eduardo Coutinho” (RJ), de Allan Ribeiro
LONGA MOSTRA AUTORIAS – PRÊMIO DO JÚRI DA CRÍTICA | ABRACCINE
“Estranho Caminho (CE), de Guto Parente
LONGA MOSTRA OLHOS LIVRES – PRÊMIO CARLOS REICHENBACH | JÚRI JOVEM
“Aquele que Viu o Abismo” (SP), de Negro Léo e Gregório Gananian
LONGA MOSTRA AURORA – PRÊMIO JÚRI OFICIAL
“Lista de Desejos para Superagüi” (PR), de Pedro Giongo
MENÇÃO HONROSA- MOSTRA AURORA – PRÊMIO JÚRI OFICIAL
“Maçãs no Escuro” (SP), de Tiago A. Neves
DESTAQUE FEMININO – PRÊMIO HELENA IGNEZ – JÚRI OFICIAL
Kerexu Martim, diretora do filme “Aguyjevete Araxi’I” (SP)
LONGA – PRÊMIO JÚRI POPULAR
“As Primeiras” (SP), de Adriana Yañez
SOBRE A MOSTRA DE CINEMA DE TIRADENTES
PLATAFORMA DE LANÇAMENTO DO CINEMA BRASILEIRO
Maior evento do cinema brasileiro contemporâneo em formação, reflexão, exibição e difusão realizado no país e chega a sua 27ª edição de 19 a 27 de janeiro de 2024, em formato online e presencial. Apresenta, exibe e debate, em edições anuais, o que há de mais inovador e promissor na produção audiovisual brasileira, em pré-estreias mundiais e nacionais – uma trajetória rica e abrangente que ocupa lugar de destaque no centro da história do audiovisual e no circuito de festivais realizados no Brasil.
O evento exibe 145 filmes brasileiros em pré-estreias nacionais e mostras temáticas, presta homenagem a personalidades do audiovisual, promove seminário, debates, a série Encontro com os filmes, oficinas, Mostrinha de Cinema e atrações artísticas. Toda a programação é gratuita. Maiores informações www.mostratiradentes.com.br
*O jornalista e crítico Miguel Arcanjo Prado viaja a convite da Mostra de Cinema de Tiradentes e da Universo Produção. Agradecimento: Raquel Hallak, Jozane Faleiro – Luz Comunicação e Atti Comunicação.